Henrique Penha Coutinho - Coimbra / 24.03.1979
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Carta escrita a Manuel de Portugal
em 11 de Abril de 1976
em 11 de Abril de 1976
" Em verdade, em verdade vos digo:
não cantará o galo sem tu Me haveres
negado por três vezes."
Jo 13,18
== Evangelho segundo São Lucas ==
" e, no mesmo instante, estando ele ainda a falar, cantou um galo.
Voltando-Se, o Senhor fitou os olhos em Pedro e Pedro recordou-
se das palavras do Senhor."
Ouvi cantar um galo na madrugada de ontem, Manuel!
Lá longe... Muito longe da cama onde, estiraçado e mandando
às urtigas o cansaço de mais um dia de trabalho devorava o teu livro.
O livro de todos nós, Portugueses e Portuguesas deste nosso Portugal.
O livro que há-de ser, dos Portugueses das gerações vindouras, o símbolo
da resistência a estes anos de angústia.
Há muito tempo esperava a saída do teu livro, que esta coisa de ter gavetas cheias de recortes de jornais é incómoda e dá uma trabalheira dos diabos.
Calhou comprá-lo no dia 9 de Abril.
Casualmente coincidiu com La Lys. E à noite, já no quente,
iniciei o ritual da leitura, iniciei a batalha.
As notas explicativas entusiasmaram-me. E deliciaram-me também.
Julgava eu que ia recordar apenas aqueles pedaços de boa prosa com que nos tens brindado desde os fins de Julho, semanalmente, com pontualidade e que nos arrebatam, nos enternecem e nos animam em horas
de desespero, quando dei conta dessas "novas crónicas" que colocaste antes de cada uma das "crónicas já passadas".
Ao princípio marcharam umas e outras, lidas sofregamente na ânsia de recordar, aqui e acolá, alguns escritos que ficarão certamente na História das Letras Portuguesas, mas a partir de certa altura --
era já tarde e conhecida a prosa -- passei a dedicar maior atenção às notas prévias que, à maneira de introdução, em boa hora colocaste junto de cada crónica.
Foi então que ouvi cantar o galo aí para as bandas da Praça de Londres.
Passava já das duas da matina e tinha acabado de ler as quatro primeiras linhas da nota prévia de "Os párias".
Ouviste o galo, Manuel?
Ouviste-o cantar?...
Três vezes negaste, Manuel de Portugal! Tal como Pedro... E o galo --português do vinte e seis de Abril e progressista certamente-- acabou por cantar... Com vinte e tal dias de atraso, é certo, mas acabou por cantar... Na madrugada de 10 de Abril.
" ... fitando-o, disse: “Este também
estava com Ele”, mas Pedro negou-o,
dizendo: “ Não O conheço..."
Lc 22,56-57
Tinha terminado, há muito tempo já, o consulado gonçalvista quando o negaste pela primeira vez.
O estilo das crónicas e o da tua conversa falada achava-os eu semelhantes em demasia e, certa vez, disparei-te à queima-roupa se não serias tu o Cronista Mor destes anos alucinantes.
"Upa!... Upa!..." me respondeste, "Que não!" me disseste,
"O Manuel de Portugal tem muito mais categoria..." E desandaste.
A convicção das tuas palavras venceu-me e a frase que deixaste em aberto levou-me a outras paragens na procura de um autor.
Lembras-te, Manuel? Foi ali na 5 de Outubro, lá no alto de um 11ºandar, naquela noite em que topámos o Ramiro dos dentes a preparar, certamente, uma qualquer moscambilha com o camarada Emílio das
investigações científicas...
Marcava 20 de Novembro, o calendário.
Entre Ponte de Lima e Chaves, tinhas dado um salto à capital...
" Tu também és dos tais".
Mas Pedro disse: "Homem, não sou."
Lc 22,58
negado por três vezes."
Jo 13,18
== Evangelho segundo São Lucas ==
" e, no mesmo instante, estando ele ainda a falar, cantou um galo.
Voltando-Se, o Senhor fitou os olhos em Pedro e Pedro recordou-
se das palavras do Senhor."
Ouvi cantar um galo na madrugada de ontem, Manuel!
Lá longe... Muito longe da cama onde, estiraçado e mandando
às urtigas o cansaço de mais um dia de trabalho devorava o teu livro.
O livro de todos nós, Portugueses e Portuguesas deste nosso Portugal.
O livro que há-de ser, dos Portugueses das gerações vindouras, o símbolo
da resistência a estes anos de angústia.
Há muito tempo esperava a saída do teu livro, que esta coisa de ter gavetas cheias de recortes de jornais é incómoda e dá uma trabalheira dos diabos.
Calhou comprá-lo no dia 9 de Abril.
Casualmente coincidiu com La Lys. E à noite, já no quente,
iniciei o ritual da leitura, iniciei a batalha.
As notas explicativas entusiasmaram-me. E deliciaram-me também.
Julgava eu que ia recordar apenas aqueles pedaços de boa prosa com que nos tens brindado desde os fins de Julho, semanalmente, com pontualidade e que nos arrebatam, nos enternecem e nos animam em horas
de desespero, quando dei conta dessas "novas crónicas" que colocaste antes de cada uma das "crónicas já passadas".
Ao princípio marcharam umas e outras, lidas sofregamente na ânsia de recordar, aqui e acolá, alguns escritos que ficarão certamente na História das Letras Portuguesas, mas a partir de certa altura --
era já tarde e conhecida a prosa -- passei a dedicar maior atenção às notas prévias que, à maneira de introdução, em boa hora colocaste junto de cada crónica.
Foi então que ouvi cantar o galo aí para as bandas da Praça de Londres.
Passava já das duas da matina e tinha acabado de ler as quatro primeiras linhas da nota prévia de "Os párias".
Ouviste o galo, Manuel?
Ouviste-o cantar?...
Três vezes negaste, Manuel de Portugal! Tal como Pedro... E o galo --português do vinte e seis de Abril e progressista certamente-- acabou por cantar... Com vinte e tal dias de atraso, é certo, mas acabou por cantar... Na madrugada de 10 de Abril.
" ... fitando-o, disse: “Este também
estava com Ele”, mas Pedro negou-o,
dizendo: “ Não O conheço..."
Lc 22,56-57
Tinha terminado, há muito tempo já, o consulado gonçalvista quando o negaste pela primeira vez.
O estilo das crónicas e o da tua conversa falada achava-os eu semelhantes em demasia e, certa vez, disparei-te à queima-roupa se não serias tu o Cronista Mor destes anos alucinantes.
"Upa!... Upa!..." me respondeste, "Que não!" me disseste,
"O Manuel de Portugal tem muito mais categoria..." E desandaste.
A convicção das tuas palavras venceu-me e a frase que deixaste em aberto levou-me a outras paragens na procura de um autor.
Lembras-te, Manuel? Foi ali na 5 de Outubro, lá no alto de um 11ºandar, naquela noite em que topámos o Ramiro dos dentes a preparar, certamente, uma qualquer moscambilha com o camarada Emílio das
investigações científicas...
Marcava 20 de Novembro, o calendário.
Entre Ponte de Lima e Chaves, tinhas dado um salto à capital...
" Tu também és dos tais".
Mas Pedro disse: "Homem, não sou."
Lc 22,58
Meses mais tarde, depois daquela boca do Expresso, recebemos-te no Cenáculo, onde chegaste atrasado, com a amizade de algumas graças.
"Boa noite, Manuel de Portugal!"
"Não se brinca com coisas sérias! Essa notícia já foi desmentida no jornal."
Disparaste seco e foste ao trabalho. Sem mais conversa.
Breve sorriso embora tivesse perpassado no teu rosto...
Tímido e envergonhado, Manuel! Humilde em tanta grandeza não acreditavas ainda?!...
Embatuquei, pois não há dúvida que cada vez mais me convencia que eras, de facto, o Cronista. Escreves como falas -- "ao correr da pena, como sei, duma assentada" -- e ao falares sinto no mais pequeno pormenor, alguns pedaços de crónica.
Com que saudade me lembro da ternura que puseste no hino à boa gente do Norte de Portugal. Tinha vivido o Norte há pouco tempo e senti deveras cada linha que escreveste. Com que avidez a procurei, em vão, neste livro que tenho à minha beira.
Certamente não foi o Senhor Manuel de Portugal o seu autor!
...Confusão minha.
"Boa noite, Manuel de Portugal!"
"Não se brinca com coisas sérias! Essa notícia já foi desmentida no jornal."
Disparaste seco e foste ao trabalho. Sem mais conversa.
Breve sorriso embora tivesse perpassado no teu rosto...
Tímido e envergonhado, Manuel! Humilde em tanta grandeza não acreditavas ainda?!...
Embatuquei, pois não há dúvida que cada vez mais me convencia que eras, de facto, o Cronista. Escreves como falas -- "ao correr da pena, como sei, duma assentada" -- e ao falares sinto no mais pequeno pormenor, alguns pedaços de crónica.
Com que saudade me lembro da ternura que puseste no hino à boa gente do Norte de Portugal. Tinha vivido o Norte há pouco tempo e senti deveras cada linha que escreveste. Com que avidez a procurei, em vão, neste livro que tenho à minha beira.
Certamente não foi o Senhor Manuel de Portugal o seu autor!
...Confusão minha.
Em 19 de Fevereiro saíste com "Os Párias" para a rua.
Lembro-me de ter chorado. Sozinho à beira-rio onde procuro refúgio senti como ninguém o que, comovidamente, narravas a um Homem íntegro e honesto como poucos, sobre os Párias que de novo encontraste, não em Goa, "mas aqui, neste Portugal, onde em Janeiro de 35 nasceste".
Também eu nasci em 35 e em Janeiro. E na mesma Terra que nos tornou amigos.
Lembro-me de ter chorado. Sozinho à beira-rio onde procuro refúgio senti como ninguém o que, comovidamente, narravas a um Homem íntegro e honesto como poucos, sobre os Párias que de novo encontraste, não em Goa, "mas aqui, neste Portugal, onde em Janeiro de 35 nasceste".
Também eu nasci em 35 e em Janeiro. E na mesma Terra que nos tornou amigos.
Por isso gosto do Ramalho -- era assim que o tratávamos, Manuel. Sabias?! -- não por aquilo que ele é agora. Mas por aquilo que ele nunca deixou de ser.
O texto em que lhe falavas dos Párias impressionou-me por várias razões. Pelos Párias, pela tua sensibilidade de autor, pela categoria com que está escrito. Mas impressionou-me principalmente porque me levava a pôr-te definitivamente de parte como identidade de Manuel de Portugal.
É certo que costumas vestir muitas indumentárias ( honny soit...) nos teus escritos, o que fazes aliás com muito à vontade. Mas desta vez, não sei porquê, descri da minha convicção.
Pensei fazer uma última tentativa, dando-te a conhecer um ou outro pormenor curioso sobre a vida desse comum Amigo saído General do 25 de Novembro.
Em 27 de Fevereiro, não fora a tensão em que caiu o Cenáculo após a intervenção do fogoso Diniz de verde pinho, parecidíssimo, aliás com o Eanes e ter-te-ia fornecido os elementos que colhi. De qualquer modo ficaste conhecedor deles dez dias mais tarde.
Leste e viste, com uma atenção aparentemente desprendida, os elementos que mostrei.
O texto em que lhe falavas dos Párias impressionou-me por várias razões. Pelos Párias, pela tua sensibilidade de autor, pela categoria com que está escrito. Mas impressionou-me principalmente porque me levava a pôr-te definitivamente de parte como identidade de Manuel de Portugal.
É certo que costumas vestir muitas indumentárias ( honny soit...) nos teus escritos, o que fazes aliás com muito à vontade. Mas desta vez, não sei porquê, descri da minha convicção.
Pensei fazer uma última tentativa, dando-te a conhecer um ou outro pormenor curioso sobre a vida desse comum Amigo saído General do 25 de Novembro.
Em 27 de Fevereiro, não fora a tensão em que caiu o Cenáculo após a intervenção do fogoso Diniz de verde pinho, parecidíssimo, aliás com o Eanes e ter-te-ia fornecido os elementos que colhi. De qualquer modo ficaste conhecedor deles dez dias mais tarde.
Leste e viste, com uma atenção aparentemente desprendida, os elementos que mostrei.
E tê-los-ias achado curiosos e emitido a tua opinião mais abertamente se não estivesses e pé atrás, medroso de um deslize, jogando à defesa.
Tive, contudo, um cuidado. Só três pessoas tiveram acesso à informação que te prestei. E duas delas não são cronistas, pela certa.
Tive, contudo, um cuidado. Só três pessoas tiveram acesso à informação que te prestei. E duas delas não são cronistas, pela certa.
" Com certeza este também estava com Ele, pois até é galileu".
Pedro responde: "Homem, não sei o que dizes".
Lc 22,59-60
Reunia o Cenáculo em casa alheia e havia convidados.
De novo chegaste atrasado. Maldito trânsito o desta cidade mais a sua onda vermelha que, por circunstância ou mau funcionamento, não há meio de passar a verde pleno.
De novo os cumprimentos amigos. E de novo a recusa em vestir o fato "alheio"...
Foi então que alguém arriscou:
"Como explicar então a semelhança de estilos entre o Andante, do Quarteto, e a Crónica dedicada à boa gente do Norte de Portugal?"
"Bom, bom! Vamos trabalhar que já são horas..."
E antes que terminasses esta frase, Manuel, devia ter cantado o galo!...
Começava então a noite de 17 de Março, mas o galo -- progressista, certamente -- só cantou no dia 10... Com vinte e tantos dias de atraso é certo, mas cantou!
Como soubeste, Manuel de Portugal?
Como pudeste adivinhar Amáticas frustrações no Lusitano Eanes?!
Renasceu em mim a esperança de saber quem és.
Julgo ter bastante desenvolvido o espírito de observação e de pesquisa.
Pedro responde: "Homem, não sei o que dizes".
Lc 22,59-60
Reunia o Cenáculo em casa alheia e havia convidados.
De novo chegaste atrasado. Maldito trânsito o desta cidade mais a sua onda vermelha que, por circunstância ou mau funcionamento, não há meio de passar a verde pleno.
De novo os cumprimentos amigos. E de novo a recusa em vestir o fato "alheio"...
Foi então que alguém arriscou:
"Como explicar então a semelhança de estilos entre o Andante, do Quarteto, e a Crónica dedicada à boa gente do Norte de Portugal?"
"Bom, bom! Vamos trabalhar que já são horas..."
E antes que terminasses esta frase, Manuel, devia ter cantado o galo!...
Começava então a noite de 17 de Março, mas o galo -- progressista, certamente -- só cantou no dia 10... Com vinte e tantos dias de atraso é certo, mas cantou!
Como soubeste, Manuel de Portugal?
Como pudeste adivinhar Amáticas frustrações no Lusitano Eanes?!
Renasceu em mim a esperança de saber quem és.
Julgo ter bastante desenvolvido o espírito de observação e de pesquisa.
Coisas da profissão e dos estudos que a ela conduziram.
Para mais, vi-me obrigado em tempos idos, entre duas frequências de Antropologia, a dedicar um pouco da minha atenção e do meu estudo à aquisição de breves noções sobre grafologia.
A leitura das palavras derradeiras que escreveste varreu-me qualquer dúvida que restasse finalmente no meu espírito.
Três palavras imensas... que escreveste com teu punho, Manuel de Portugal!
Para mais, vi-me obrigado em tempos idos, entre duas frequências de Antropologia, a dedicar um pouco da minha atenção e do meu estudo à aquisição de breves noções sobre grafologia.
A leitura das palavras derradeiras que escreveste varreu-me qualquer dúvida que restasse finalmente no meu espírito.
Três palavras imensas... que escreveste com teu punho, Manuel de Portugal!
Lembras-te, não é verdade?
E lembras-te, certamente também, de um documento (por ti assinado em 30 de Junho de 1975, bem antes de nasceres Manuel de Portugal) defendendo causa comum que com muita simpatia forneceste a um punhado de amigos?
E lembras-te, certamente também, de um documento (por ti assinado em 30 de Junho de 1975, bem antes de nasceres Manuel de Portugal) defendendo causa comum que com muita simpatia forneceste a um punhado de amigos?
Lembras-te, Manuel de Portugal?
Tenho esse documento arquivado.
A identidade dos caracteres é de tal ordem que nem seria necessário qualquer conhecimento científico para concluir-se o que era já tão evidente.
Meu caro e Amigo Manuel de Portugal
Creio ter descoberto quem és e satisfeito fico por que não sejas nenhuma das figuras por quem tens sido tomado.
De qualquer modo, como Manuel de Portugal, ninguém te arreda já da Galeria de Honra da Literatura Portuguesa. Ganhaste a Torre e Espada das Letras Lusitanas em pleno campo de batalha, a mesma batalha que os bravos de Novembro levaram de vencida.
Daqui te saúdo, desta terra de ar lavado e de granito onde talhados foram Homens Grandes que tanto tens exaltado.
Deus te guarde, Manuel de Portugal!
João de Castelo Branco
C.Branco - 11 de Abril de 1976
Tenho esse documento arquivado.
A identidade dos caracteres é de tal ordem que nem seria necessário qualquer conhecimento científico para concluir-se o que era já tão evidente.
Meu caro e Amigo Manuel de Portugal
Creio ter descoberto quem és e satisfeito fico por que não sejas nenhuma das figuras por quem tens sido tomado.
De qualquer modo, como Manuel de Portugal, ninguém te arreda já da Galeria de Honra da Literatura Portuguesa. Ganhaste a Torre e Espada das Letras Lusitanas em pleno campo de batalha, a mesma batalha que os bravos de Novembro levaram de vencida.
Daqui te saúdo, desta terra de ar lavado e de granito onde talhados foram Homens Grandes que tanto tens exaltado.
Deus te guarde, Manuel de Portugal!
João de Castelo Branco
C.Branco - 11 de Abril de 1976
2 comentários:
sou a sobrinha do Manuel de Portugal, do lado da esposa, e gostaria de poder contactar com o senhor, amigo dele.
Caso possa e tenha Facebook, se me puder contactar através do mesmo, agradeço.
Senão, aqui fica o meu email:
rodrigues2ster@gmail.com
Grata pela atenção dispensada.
Boa noite e bom Ano Novo de 2014.
Isabel Reis Rodrigues
Leio por estes dias Manuel de Portugal, com o interesse de avivar a memória e o prazer de encontrar vozes antigas que nos lembram dos desvarios dos tempos novos e dos tempos idos. Guardo em mim ecos do cronista pelos idos revolucionários e vários do Portugal da segunda metade de 70, e nele encontro o mesmo desassombro que me fez mergulhar de cabeça, sem avaliar o fundo do leito, no rio turbulento do pós-PREC, que, por idade minha ainda imberbe, e uma descolonização que me fez retornado pelo meio, não permitiu combater. Hoje, que os tempos andam de feição a processos revolucionários em curso, travestidos em activismos sem conta, encontro na leitura das crónicas de Manuel de Portugal novo fôlego para alçar o pau-de-marmeleiro da palavra combatente para combater ditaduras e seus acólitos modernos.
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