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31 dezembro 2013

...e as horas pararam todas.

Num poema que o autor
Pedro Homem de Mello
intitulou "Amor".
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Pedro Homem de Mello
retratado por Júlio Resende
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Amor
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História breve: 
                          Oito dias
Dormiram no mesmo leito
Mãos nas mãos, de oiro vazias,
Mãos nas mãos e peito a peito,
Peito a peito, face a face,
(Sonho tão leve e tão doce!
A morte, quem pensa nela?)
E as horas pararam todas
 Sem que um deles se lembrasse
De ir entreabrir a janela,
Só para que o sol entrasse
Dando fim àquelas boda…

Não tem resposta a promessa
Se já nada nos ensina

Nem sempre a vida começa…
Mas a morte não termina.
.
Pedro Homem de Mello
In. “Eu desci aos infernos"  - 1972                                                                                          

30 dezembro 2013

Descobrir rosas e rios…

... num poema de 
Eugénio de Andrade
intitulado "Urgentemente"
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Eugénio de Andrade

Urgentemente
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É urgente o amor.
E urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
Permanecer.
.
Eugénio de Andrade
In. “Até amanhã” - 1956


29 dezembro 2013

As "garotas" de Bosch Penalva...

A revista Can Can, nº43
publicou na sua capa
em 16 de Março de 1961
esta "amiga do passarinho"...
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desenho de Bosch Penalva
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A seu lado, o "papalvo" do costume,
desta vez com um filho mais ajuizado do que ele.
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A primeira página fica completa
com a anedota aqui ao lado.
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- Pronto, menina! Nunca mais mexerei onde não sou chamado!...

28 dezembro 2013

Entrar nos eixos...

é o título do Editorial do jornal "i"
no dia 24 de Dezembro.
É assinado pelo director
Eduardo Oliveira e Silva
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                                   Eduardo de Oliveira e Silva

Aos poucos as redes sociais começam a ser sujeitas a um conjunto de regras das quais os seus utilizadores se poderiam achar excluídos, o que era evidentemente uma ingenuidade.
Ainda ontem era dada à estampa pelo JN a notícia de que pela primeira vez um tribunal português aceitou o despedimento de um funcionário que disse mal da empresa no Facebook.
Genericamente, o tribunal rejeitou a ideia de que o meio de publicação era um grupo privado, desde logo porque tinha 140 membros, os quais poderiam depois replicar a prosa.
Nos últimos meses têm-se sucedido episódios do género em todo o mundo, tendo havido inclusivamente condenações de quem tenha posto um "like" num artigo a dizer mal de alguém.
Entre as duas decisões vai um fosso enorme, porque uma coisa é difamar, ofender ou injuriar directamente uma empresa ou uma pessoa e outra bem diferente é meramente assinalar um "like", um "recomendo", um "curto" (usado no Brasil) ou um "gosto", que são manifestações tão genéricas que tanto podem ser referentes ao conteúdo como ao estilo ou à argumentação.
Seja como for, uma coisa é certa: as redes sociais e tudo o que está na internet estão lentamente a ter de se sujeitar a regras das quais os seus utilizadores se julgavam isentos.
Também é verdade que os milhares de factores positivos que a net permitiu introduzir na relação humana foram acompanhados de todo um conjunto de possibilidades de desenvolver e tornar mais sofisticado um vasto naipe de crimes, começando no branqueamento de capitais e correspondente à fuga a impostos, e indo até à pedofilia, o mais repugnante dos crimes, passando pelo roubo de conteúdos sem mencionar a sua autoria, ou seja, defraudar um criador de um direito inalienável.
Deve portanto saudar-se genericamente tudo aquilo que contribua para introduzir regras e códigos na inesgotável panóplia de utilizações que a internet permite e que não cessam de aumentar, de forma exponencial.
Uma das coisas simultaneamente boas e más da net e da blogosfera em geral tem a ver naturalmente com o anonimato.
A parte mais simples prende-se com os comentários não assinados a insultar tudo e todos, evoluindo em complicação até coisas como criar perfis falsos de certas pessoas (como por exemplo sucedeu a Miguel Sousa Tavares) ou pura e simplesmente produzir cadeias de informações caluniosas a respeito de certos cidadãos, normalmente figuras públicas ou políticos.
O lado positivo tem a ver, necessariamente, com a enorme força de uma divulgação em massa de certos elementos, como se viu primeiro com o Wikileaks e depois com Snowden, que começaram a actuar através do anonimato.


Escrito no vento...

"Eu bebo para ficar ruim. Se quisesse ficar bom… eu tomava remédio."
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autor desconhecido

Deixaste passar o tempo...

Um poema que António Salvado.
publicou em 2011.
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António Salvado
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Deixaste passar...

Deixaste passar o tempo
(o fruto foi recolhido)
e as semeadas sementes
já não criaram raízes.

Alguns rebentos havidos
não foram mais que rebentos
impossíveis novos dias
e revividos momentos.

E é tarde p'ra outra vida
em terra fértil plantada
e com esp'rança de nascer:

uvas que nela surgidas
teriam um sabor ácido
e seriam sempre verdes.
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in. "Auras do Egeu" - Out/2011
Ed. FólioExemplar

27 dezembro 2013

Escrito na pedra...

in "Público"
de 5 Dez 2013
.
"Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida."
.
Sócrates
470 a.C. - 399 a.C.
Filósofo da Grécia antiga.

26 dezembro 2013

Parabéns!... 26 de Dezembro

A Zé faz anos hoje!...
Envio um grande abraço e muitos beijinhos
pela "grande luta" que acabas de vencer...
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Drª Maria José Folgado Pereira

25 dezembro 2013

Boas Festas...

Feliz Natal.

O Menino já nasceu...

24 dezembro 2013

A prenda mais linda...

... que eu tive no sapatinho.
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Um cartão de Boas Festas do meu bisneto Gonçalinho...
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...que fica agora aqui, numa pose mais cuidada:  
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Eu sou o Gonçalo Veloso II
Desejo Boas Festas para todos!!...
... e um Bom Ano também.
Adeus!... Passem bem que eu agora vou dormir.
Boa noite...

Boas Festas...

...e um Bom Natal.
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Para todos...

Esquecem-se de ser felizes...

... uma história simples contada por uma antiga aluna do 
Liceu Nacional de Setúbal.

Josefina Mendonça
Antiga aluna do Liceu Nacional de Setúbal 

Conta-se que no século passado, um turista americano foi à cidade do Cairo, com o oblectivo de visitar um famoso sábio.
O turista ficou surpreso ao ver que o sábio morava num quartinho muito simples, cheio de livros.
As únicas peças de mobília eram a cama, uma mesa e um banco.
-- Onde estão os móveis? perguntou o turista.
-- E sábio, bem depressa, olhou em redor e perguntou:
-- E onde estão os seus...?
--Os meus?! Surpreendeu-se o turista. -- mas estou aqui só de passagem!
-- Eu também... -- concluiu o sábio. 

"A vida na Terra é somente uma passagem...
No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente,
e esquecem-se de ser felizes."...

23 dezembro 2013

O almoço de Natal...

... foi um acontecimento.
Manteve-se a tradição de muitos anos
no Liceu Nacional de Setúbal
(actual Escola Secundária de Bocage)
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 Uma fotografia para a "posteridade"...
e para "memória futura"...
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Também foi mantida a tradição com uma
"foto nas escadinhas do Liceu".
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Professores actuais, professores "mais antigos" e funcionários da Escola posaram no final deste encontro de Natal realizado no último dia do 1º Período.
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Boas Festas.
Um Bom Natal...
... e umas férias bem merecidas.

Estamos quase no Natal...

Boas Festas
Feliz Natal de 2013.
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Natal de 1986
Ed. Gravarte - Autor: Vago

22 dezembro 2013

Humor antigo...

in. "O Mundo ri", nº 124
de Dezembro/ 1964
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- Garanto-te que o despertador não tocou...

21 dezembro 2013

Fim de semana sem...

...Vasco Pulido Valente
não é fim de semana, nem é nada!...
.
Desta vez, escreveu o seu artigo de "Opinião"
a que deu o título "Sem barulho"
do qual deixamos aqui alguns excertos.
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                                      Vasco Pulido Valente
.
O dr. Manuel Carvalho da Silva, depois de ter garantido na Rádio Renascença que não tencionava fundar um novo movimento político, assinou um papel em que se comprometia a fundar um "amplo" movimento político que apoiase uma candidatura ao Parlamento Europeu.
O Dr.Carvalho da Silva não é evidentemente obrigado a pensar hoje o que pensou ontem; e de toda a evidência nada lhe garantia ser o nº1 de uma lista eventual do "Partido Livre". Apareceu, assim, um manifesto, o "manifesto 3D", que oferece uma espécie de paraíso aos portugueses...
Os 3 D do Partido Socialista em 1974 eram "descolonizar, democratizar e desenvolver". Os 3 D de hoje são "a dignidade, a democracia e o desenvolvimento". Aparentemente, 40 anos não chegaram para o trivial, apesar dos fundos da "Europa" e muita parlapatice. Como os promotores do "movimento" dizem, e dizem bem, "é tempo" de tratar seriamente do caso. Infelizmente, a grande maioria desses promotores já tentou e já falhou na missão urgente de salvar a Pátria. Vieram do PC, do Bloco, do PS, do vaporoso "Partido Livre", mesmo do lúgubre PRD do general Eanes. Ou seja, arrastam atrás de si umas carreira de tristeza e fracasso, de inutilidade e arrependimento. Muitos estão, de resto, reformados e não se deviam meter em aventuras liceais, deviam ficar em casa a beber chá e a ler os livros que não leram.
(...)
O "programa" do "manifesto" mostra esta ignorância essencial. Parece que os "promotores" imaginam que a vontade só por si, reunida, por exemplo, num hotel ou no Teatro Trindade, basta para mudar o mundo e o país. Não basta, como é óbvio. Bastará talvez para eleger Manuel Carvalho da Silva (ou um anónimo solitário) deputado ao Parlamento Europeu, onde o mandarão calar como ele merece
A esquerda "sem filiação" deveria arranjar outra maneira de se entreter. Sem barulho.
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in "Público"
de 20.12.2013

Um artigo de "Opinião"...

a que o autor,
Viriato Soromenho Marques
deu como título:
"A questão essencial".
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Viriato Soromenho-Marques
Professor universitário
.
O ataque ao Tribunal Constitucional (TC) português tornou-se um "desporto" nacional e europeu. Todos o praticam. Do primeiro-ministro ao presidente da Comissão Europeia, passando pelos funcionários da troika. Mas esses ataques são sobretudo um símbolo da tragédia nacional. Uma análise quantitativa revela que mais de 80% das medidas de austeridade propostas por este Governo passaram pelo crivo do TC. Por isso, o que está em causa nesses ataques, ao contrário do que referem os seus autores, não é a suposta eficácia material dos acórdãos para inviabilizar a austeridade, mas sim o facto de as decisões do TC serem um dos derradeiros lugares onde ainda sobrevive um clarão da soberania nacional. Na sua diatribe, este Governo esconde que os argumentos usados pelo TC têm sido princípios universais do direito, daqueles que separam a ordem da mera arbitrariedade. Sei que ainda temos em Portugal uma direita conservadora e democrática, sensível à tradição e aos valores cristãos, com a responsabilidade correspondente. Mas hoje quem manda é uma direita trauliteira e niilista, mirando-se no espelho invertido do jacobinismo e que não hesita, como o fez um antigo ministro de Cavaco Silva, em ridicularizar as leis e as instituições nacionais, publicamente, no Texas. Hoje, quem manda é uma direita venal, que sempre se ofereceu para colaborar com os poderes estabelecidos, mesmo quando usurpados pelo exterior. O acórdão do Tribunal Constitucional não vai afastar o abismo do nosso rumo, mas serve, pelo menos, para mostrar que a Lei Fundamental, elaborada pelos representantes do povo português, ainda resiste aos ditames ilegítimos que nos foram impostos, tanto pelo memorando da troika como pelo Tratado Orçamental, que hoje é a suprema "lei" europeia.
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in. Diário de Notícias
em 20.12.2013

Está a chegar o Natal...

Boas Festas...
Feliz Natal de 2013
.
Natal de 1986
Ed. Gravarte - Autor: Vago

São quadras, meu bem... são quadras!...

.
Não me dêem mais desgostos
porque sei raciocinar...
Só os burros estão dispostos 
a sofrer sem protestar!
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António Aleixo

20 dezembro 2013

Parabéns!... 20 de Dezembro

A Célia faz anos hoje...
Um dia bem passado e com muitas prendas... Bjs.
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Célia Carvalho de Matos

19 dezembro 2013

Está a chegar o Natal...

Boas Festas
Feliz Natal de 2013
.
Natal de 1985
Ed. Gravarte - Autor: Vago

As capas do "Mundo Ri"...

O "Mundo ri", nº 129
de Dezembro de 1963
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- Não!... Nunca me casarei contigo. És muito velho e já te falta um parafuso.

18 dezembro 2013

Boas Festas...

Boas Festas, Nelinha... Lembras-te "disto"?!...
Achei esta "maravilha"... há já uns meses.
Estamos agora na época do Natal... É altura de agradecer...
.
"Com muitos beijinhos da Nélinha para os tios.
Maria Manuela"
(o postal não tem data...) 

17 dezembro 2013

Está a chegar o Natal...

Boas Festas
Feliz Natal de 2013
.
 Natal de 1984
Ed. Gravarte - Autor: Vago 

16 dezembro 2013

São quadras, meu bem... são quadras!...

.
Sou um dos membros malditos
dessa falsa sociedade
que, baseada nos mitos,
pode roubar à vontade.
.
António Aleixo

15 dezembro 2013

O "Álibi natalício"...

...é  tíulo da "crónica" que a Inês Teotónio Pereira escreveu hoje, no "i".
É a última das "Opiniões" que hoje aqui transcrevo...
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Inês Teotónio Pereira
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O momento para o qual se passaram semanas a trabalhar dura entre 5 e 15 segundos, conforme a relevância do papel

As festas de Natal são uma espécie de caça ao tesouro em que, no fim, não há tesouro nenhum. São uma partida que os professores e os educadores encontraram para se vingarem de nós, os pais das criancinhas que eles aturam um ano lectivo inteiro. Os professores, como toda a gente sabe, acham que os pais são, na generalidade, uns incapazes (os médicos e os enfermeiros também acham o mesmo) e, como não têm forma de nos atingir, encontraram este álibi natalício, esta desculpa disfarçada de boa acção para nos infernizarem a vida: a festa de Natal.
As festas de Natal das escolas e afins são sempre teatros. Não há gincanas, jogo do mata, palestras, concertos, marionetas, fado, rodinha bota fora, nada. O programa das festas está limitado ao teatro. Os meninos representam peças de teatro que podem ser de todo o género e podem mesmo não ter absolutamente nada a ver com o Natal. Já vi de tudo.
No dia da festa, o primeiro desafio a ultrapassar é conseguir ver o palco, o segundo é conseguir ver o filho, o terceiro é conseguir ouvir o filho e o quarto é tirar uma fotografia ao filho e não a outra ovelhinha qualquer que está vestida exactamente da mesma maneira. E o pior é quando eles entram no palco e, quando os descobrimos,estão a sair... O momento para o qual se passaram semanas a trabalhar dura entre 5 e 15 segundos, conforme a relevância do papel. Há casos em que os nossos filhos são apenas coisas que ali estão no palco, como árvores ou estrelas, que não falam, nem andam, nem representam. São os casos mais ingratos.
Mas para tudo isto é preciso vestir os petizes. E é aqui que entram os pais. Quando os primeiros papelinhos com a lista de adereços começam a chegar da escola, entro automaticamente em estado de nervos. O que será desta vez? E a verdade é que as escolas, os professores e educadores, não param de me surpreender. Eles estão sempre um passo à frente. Já vesti os meus filhos de patos, de renas, de árvores, de mesas, de comboios, de ursos, de velhotes da Idade Média, de homem das cavernas, de porquinho, de caixote do lixo, de rainha, de televisão, de frade, de lobos, de duendes, de anjos, de minotauros e até de faunos.
Raramente me calhou o papel preferido dos pais: "O seu filho vai de filho, por isso só precisamos que traga roupa normal." Iupiiii! Mas nunca me calhou este recado. Os meus filhos não têm jeito para o papel de filhos e, invariavelmente, são coisas esquisitas.
Este ano, os meus filhos vão representar os papéis de lavadeira, pastor, soldado romano, general romano, leproso e malabarista. Para tudo isto é preciso arranjar saia comprida branca e camisa branca, capas encarnadas, paus, túnica branca, roupa rasgada, cobertor escuro, calças às riscas ou pretas, t-shirt branca e preta, sandálias, botas castanhas, chapéu de malabarista e cabo de uma vassoura (depois devolvem). Já consegui tudo. Foi um processo exaustivo, principalmente a lavadeira e o raio das capas. Mas já está. Este ano, não foi assim muito difícil. Sei de casos em que pediram colãs pretos e roupa preta para um bebé de seis meses. Sei de outro caso em que pediram calças prateadas. Nada de estranho, no meu caso. Apenas ligeiramente difícil.
O teatro é hoje. E é este ano que eu vou mais cedo. Vou sentar-me à frente e, mais uma vez, vou chegar à conclusão de que o trabalho que tive na recolha dos trapos valeu a pena, que os professores são uns heróis da paciência e que os meus filhos são os melhores actores/figurantes do mundo.
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NB - Gosto do humor da Inês Teotónio Pereira... mas ela corre o risco de haver alguns professores e/ou educadores que não "aceitem" o que ela aqui nos deixa como sendo uma "peça" humoristica...




Hoje, no "i"...

...algumas "Opiniões" a ter em conta.
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A segunda é de Carla Hilário Quevedo que escolheu o título
"O funeral de Mandela"
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Carla Hilário Quevedo

Barack Obama não é o maior detective do mundo, nem uma personagem. É um político e, como tal, a sua principal função é a de não criar conflitos com ninguém
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Num episódio recente de Elementary, Sherlock Holmes diz à detective Joan Watson que não há um lado dele que seja mais agradável e simpático. O esclarecimento é necessário porque Joan acusa Holmes de dificultar a sua vida e o seu próprio trabalho com aquela brusquidão de modos. O maior detective do mundo é-o precisamente porque não cede às regras de convivência em sociedade. A antipatia é essencial à tarefa de descobrir a verdade. Neste sentido, Sherlock Holmes está nos antípodas de qualquer político. O convívio com outros é o seu maior pesadelo, porque Sherlock não tem nada de agradável para dizer a ninguém, não consola, não elogia e não cumprimenta.
Barack Obama não é o maior detective do mundo, nem uma personagem. É, antes de mais, um político e, como tal, a sua principal função é a de não criar conflitos com ninguém. Pelo menos, nenhum que possa evitar. Não chegaria ao ponto de equiparar políticos a relações públicas, mas há parecenças nas duas actividades. A reacção desmedida ao aperto de mão de Barack Obama a Raul Castro demonstra que há quem espere que o líder do mundo livre passe por um governante num funeral sem o cumprimentar. Ou revela que há quem acredite que há eleitores que ainda podem ser enganados com a sua falsa indignação com um problema que não existe. Na verdade, ninguém espera de Barack Obama que não cumprimente seja quem for que lhe apareça à frente. E o mesmo podemos dizer de qualquer político, sim, sério. Só haveria notícia se Obama se tivesse recusado a apertar a mão de Raul Castro ou fosse de quem fosse. Seria um péssimo sinal, porque colocaria o Presidente dos Estados Unidos numa posição subalterna que não se adequa ao cargo que ocupa.
No funeral mais animado do século, houve mais episódios controversos e que se tornaram virais. O facto de se terem tornado virais deve despertar a nossa desconfiança. É provável que tenham pouco de verdade. Um exemplo é o episódio do selfie feito pelo trio Obama, Cameron e a primeira ministra da Dinamarca, Helle Thorning-Schmidt. As fotografias sugerem que Obama se diverte com a viking e que a mulher está aborrecida com a galhofa
Mas outras imagens mostram que Michelle também participou na brincadeira. Penso que fica claro que Obama acha graça a mulheres que calçam acima do 40, mas mais nada. Não sabemos o que se passou, mas concluímos depressa que houve ali uma descontracção pouco vista em funerais. A ocasião, porém, era festiva. O funeral de Nelson Mandela foi uma mega-festa ao ar livre, com gente a dançar à chuva e a celebrar a vida extraordinária de um homem superior. Houve de tudo, desde o chocho cúmplice de Winnie Mandela e Graça Machel até ao intérprete fraudulento de linguagem gestual, que agora diz ter gesticulado à parva porque viu anjos no estádio. O episódio é tão insólito como o do restauro da D. Cecilia Giménez. Houve flirts de funeral, com um Bush filho todo virado para trás a falar com uma sorridente Rainha da Jordânia, mas também surpresas, como por exemplo, Bill Clinton, muito sentadinho ao lado da mulher.
Foi um funeral de arromba. Como diria o saudoso João César Monteiro, adorei, adorei, adorei.

Hoje, no "i"...

... algumas "Opiniões" a ter em conta.
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A primeira é de Isabel Stilwell que aparece com o título
"Viciados em telemóveis inteligentes".
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Isabel Sitlwell
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Não precisamos de ser estúpidos para nos viciarmos em telemóveis inteligentes. O Downside quer reabilitar-nos. A tempo do Natal.
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Case Study - Dou por mim a acordar e a estender a mão para o telemóvel. Dou por mim, num gesto automático, a clicar no Facebook para ver se há algum comentário novo. Entro no comboio e, em lugar de observar os outros passageiros, e de ir ouvindo e entrando nas suas conversas - uma fonte constante de inspiração e divertimento -, vou verificar se alguém me mandou um novo mail. E há dias em que a viagem acaba sem que saiba se chove ou faz sol - dúvida que, diga-se de passagem, já vi gente mais doente do que eu a resolver abrindo uma aplicação de meteorologia, em vez de olhar lá para fora. Quando sou obrigada a separar-me do objecto, sinto um nervoso miudinho do estilo, "E se alguém me mandou um sms a dizer que o mundo acabou e eu não vi?"
.
(...)
Diagnóstico - Zach Mainen, que dirige o programa de Neurociência da Fundação Champalimaud, em entrevista ao "Expresso" chamou a atenção para como o nosso cérebro se vicia rapidamente em recompensas. E uma mensagem de alguém de quem gostamos ou um comentário positivo no Facebook é uma recompensa. Funcionam como pequenas doses de droga, explicou. Mas o mais curioso é que, se o prémio lá estivesse sempre, cansávamo- -nos rapidamente do jogo, porque o que nos torna dependentes é o facto de só às vezes conseguirmos ganhar. Mainen diz: "A forma de fazer alguém repetir um comportamento é torná-lo aleatório.
Se acontece de vez em quando, isso parece tornar o cérebro mais ávido." Não é, no entanto, uma inevitabilidade, acrescenta, já que podemos fazer escolhas.
 
(...)
Nota final - Se está em reabilitação, tenha cuidado com o tédio. Recomenda-se que evite, por exemplo, comentadores a darem palpites sobre o Tribunal Constitucional!

Está a chegar o Natal...

Boas Festas
Feliz Natal de 2013
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                                      Natal de 1983
Ed.Gravarte - Autor: Vago

14 dezembro 2013

Saúde pública...


Em 13 de Dezembro de 2013

A crise pode ter consequências negativas e positivas na saúde dos portugueses, mas só dentro de alguns anos será possível perceber a verdadeira extensão dos danos e dos benefícios provocados, concluíram vários especialistas reunidos num debate no Porto. O que alguns preferiram destacar, porém, é que este período que poderia constituir “uma oportunidade” para mudar e corrigir “vícios” está a ser "desaproveitado" e as perspectivas futuras não são animadoras. “A despesa em saúde está a crescer de uma forma exponencial. Ou temos a coragem de perceber que precisamos de reformar o sistema de saúde ou então ele implode. Se não conseguirmos a sustentabilidade do sistema, voltamos aos primórdios e aí cada um safa-se”, avisou o presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de S. João, António Ferreira, no debate que decorreu na Faculdade de Medicina do Porto. “Os portugueses são os que mais gastam em medicamentos, mais do que os suecos, em termos absolutos”, são um povo envelhecido e com grande carga de doença na velhice e com uma baixíssima taxa de natalidade, elencou. Se a isto juntarmos “a taxa de alcoolismo, o sedentarismo, as distorções alimentares”, o futuro afigura-se complicado: "Vamos ter que mudar, não temos alternativa." (Público)