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30 setembro 2019

Humor antigo...

in. "Anedota Ilustrada"
1962.
- É uma coisa engraçada! Desde que vi o chalé e o automóvel dele, o velhote... parece-me muito mais novo!

29 setembro 2019

Merece ser destacado...

… no Diário de 
Vasco Pulido Valente
no "Público" de ontem, 28 Setembro 2019.

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Vasco Pulido Valente
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No dia 23 de Setembro, VPV escreveu no seu Diário:
" Era bem feito que o planeta explodisse e atirasse com a menina Greta para Saturno a ver se ela aprendia a não faltar à aulas."
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No dia 24 de Setembro, VPV escreveu no seu Diário:
"António Costa disse na televisão que as coisas que mais o irritavam eram a estupidez e a mentira. Concordo inteiramente com ele. O meu avô costumava avisar: "O pior na vida não são os maus, são os estúpidos."
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No dia 26 de Setembro à noite, VPV escreveu no seu Diário:
"Como é que o primeiro-ministro não sabia de nada, pergunta o jornalismo sobressaltado. Muito simples: ninguém vai confessar ao patrão que é um idiota, sobretudo quando se arrisca a ser pública e vergonhosamente despedido."
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No dia 27 de Setembro, VPV escreveu no seu Diário:
"Para minha surpresa, a esquerda correu em socorro da menina Greta, que passou a ser vítima dos "negacionistas". Concordo, entendo por "negacionistas" os que se negam usar uma adolescente para os seus propósitos."

28 setembro 2019

O almoço dos alunos de 1968/69...

Mais uma Reunião de Curso
dos Alunos Finalistas do 7ºAno
do Liceu Nacional de Setúbal - 1969/70 
ocorreu no último sábado, 
dia 29 de Setembro.
num Restaurante em Fernão Ferro.
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Atenção!... Este título diz respeito ao Almoço do Ano Passado, mas...
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...já está a decorrer neste momento, o Almoço de 2019!...
Tal como no ano anterior (faz amanhã um ano) estes antigos alunos não prescindem da sua presença, nesta "Romagem de Saudade".
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Por razões que só mim dizem respeito, este ano não estive presente... Por razões que só a duas pessoas dizem respeito. Por vezes, a mágoa que sentimos por recusar um convite destes costuma ser só nossa, só a nós diz respeito...Desta vez não foi bem assim.
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Deixo aqui, hoje em repetição, algumas fotografias do almoço de 29 de Setembro de 2018 que publiquei em 3 de Outubro de 2018. Oxalá não lhes aconteça o mesmo que já tem acontecido com outras... "Receio" que possam vir a ser utilizadas sem o devido "protocolo"! 
" À bom entendeur  demi mot..."
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O José Filipe  Peres Claro com o José Flórido
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O Óscar do Vale, com a Manuela Gamito Beija e o Carlos Setra

Margarida Cordas, Emília Vaz Pereira e Júlio Carlos Silva
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A Júlia Alves da Silva com o José Flórido
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O Francisco Cunha com o Constantino Teles
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A Conceição Brito com a Emília Vaz Pereira
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Maria da Graça Sobral, Maria Isabel Ruivo Gomes da Silva 
e o primo Jorge Manuel Ruivo.
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O Daniel Pires e o António Piedade

Uma das mesas fotografadas pelo Flórido
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Paulo Bordeira e Maria da Graça Sobral
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O José Flórido com a Aida
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Júlio Carlos Silva e Daniel Pires
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 A Camila de Seixas Matos Cardoso Ferreira
e a Manuela Gamito Beija
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O Jucá mais Flórido
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...e, no fim disto um bom 
e divertido almoço!...

jjmatos

Eles foram professores do Liceu...

Alda de Paiva Gomes
Era natural de Pijeiros (concelho da Feira) onde nasceu em 22 de Dezembro de 1928..

Dr.ª Alda de Paiva Gomes
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Foi professora eventual do 7ºGrupo (Físico-Químicas) tendo entrado no Liceu de Setúbal no ano lectivo de 1958/59, com posse tomada em 1 de Outubro de 1958, após publicação da portaria em 21 de Outubro de 1957, publicada no Diário do Governo nº 297, II Série, de 21 de Dezembro de 1957.
Manteve-se no nosso Liceu até ao fim do ano lectivo de 1961/62. Desempenhou o cargo de Directora das Instalações de Química durante os anos que esteve no Liceu. Do mesmo modo e por igual espaço de tempo, Alda Gomes exerceu o cargo de Directora do Centro nº1 da Mocidade Portuguesa Feminina.

27 setembro 2019

São canções da nossa terra...

Canções da Beira Baixa
      Idanha a Nova

Senhora do Almurtão

Senhora do Almurtão
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Senhora do Almurtão
Onde tendes a morada  
Na campina da Idanha  
Numa casa da calçada
  
Senhora do Almurtão
Minha tão linda arraiana
Virai costas a Castela
Não queirais ser castelhana

Coro:
Olha a laranjinha
Que caiu, caiu...
Num regato d'água
Nunca mais se viu!


Nunca mais se viu
Nem se torna a ver...
Cravos à janela
Rosas a nascer    

Senhora do Almurtão   
A Vossa capela cheira!
Cheira a cravos, cheira a rosas
Cheira a flor de laranjeira...

Senhora do Almurtão
Bem podias perdoar!...
Vim à Vossa romaria
Só p'ra cantar e bailar...

Senhora do Almurtão
Que dais ao Vosso menino  
Todos os meninos choram
Só o Vosso se está rindo

Senhora do Almurtão
Dai-me agora o desengano   
Se inda cá hei-de voltar
Solteirinha para o ano

Senhora do Almurtão
Oh! Que senhora tão linda...
Chega a Vossa nomeada
À cidade de Coimbra.

Senhora do Almurtão
Dai-me o Vosso filho dai
Dai-mo, casarei com ele
Será genro do meu pai...

Senhora do Almurtão
Ficou à porta a chorar
Senhora não chores não
Que inda cá hei-de voltar

Senhora do Almurtão
Quem Vos varreu a capela
Foram as moças de Idanha
Com raminhos de macela.

25 setembro 2019

Mais um Amigo nos deixou...

Soube ontem, que faleceu o Amigo de longa data, José Moura Nunes da Cruz. Uma amizade que remonta a 1941, altura em ambos frequentámos o Jardim Escola João de Deus, em Castelo Branco e, mais tarde, o Liceu de Nun'Álvares, onde ambos terminámos o Curso Liceal, em Junho de 1953. Também ele terminou nesse ano lectivo, o Curso de Ciências, da alínea f), com boas notas... mas resolveu mudar de ideias e, no ano seguinte, matriculou-se, de novo, nas quatro disciplinas que lhe faltavam para entrar na Faculdade de Direito, em Lisboa. E esteve em Castelo Branco mais um ano, no Liceu...
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Juiz Conselheiro José Moura Nunes da Cruz
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O antigo presidente do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) morreu aos 83 anos
José Moura Nunes da Cruz nasceu em 1936 em Vila Velha de Ródão, tendo-se licenciado em 1959 na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Ao longo da carreira, passou, entre outras, pelas comarcas de Castelo Branco, Castelo de Vide, Santo Tirso, Setúbal e Covilhã.
Entre 1986 e 1994 foi juiz desembargador no Tribunal da Relação de Coimbra. Depois passou para o Supremo Tribunal de Justiça, no qual foi eleito vice-presidente em 1998 e reeleito em 2001 e 2004, chegando à presidência do Supremo em 2005.
Em 2005 e 2006 foi presidente, por inerência, do Conselho Superior da Magistratura e do Conselho de Gestão do Centro de Estudos Judiciários.

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Deixo um abraço muito sentido 
à Isabelinha e a toda a Família.
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Que descanse em Paz.
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Permito-me deixar aqui alguns dos muitos momentos comuns que em que a nossa Amizade esteve presente.
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Em Outubro de 1941, os alunos do Jardim  Escola João de Deus.
Na primeira fila, o Zeca Cruz é o terceiro a contar da direita
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Em Agosto de 1952, em férias na Figueira da Foz, com o Zeca Cruz à direita. Ali vemos também, o Carlos Pardal, o JJ Delgado Domingos, o jjmatos, o José de Paiva Morão, a Teresa Rosa, a Lili Rodilles Fraústo e a Benilde.
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Em Fevereiro de 1953, numa "equipa de futebol"
no campo de jogos do Liceu de Nun'Álvares.
O Zeca Cruz tem ao lado o Júlio Casaleiro e o Luís Marçal Grilo;
lá atrás o Victor "Saludes", o António Vinagre, NN e jjmatos
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Em 28 de Maio de 2005, num almoço em casa do 
advogado José Manuel Sérvulo Correia.
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Em Vila Velha de Rodão, a 3 de Junho de 2006, na inauguração de uma rua com o seu nome. Aqui  acompanhado pelo Coronel José Fernando Proença de Almeida e pelo Eng. Olímpio Matos.
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No final da cerimónia, o Juiz Conselheiro Nunes de Cruz
proferiu algumas palavras de agradecimento.
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Em 8 de Agosto de 2008, nos 100 Anos da D.Maria Amália Fevereiro, a nossa primeira Professora, no Jardim Escola João de Deus. Cerimónia na Sé Catedral com o padre Victor Feytor Pinto.
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Nunes da Cruz com a Isabelinha e o casal Carlos Robalo
numa reunião em casa do Rui Versos, em 10.Julho.2004
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Para recordar...

24 setembro 2019

O Amor e a Saudade...

Um poema de
Eugénio de Castro
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Eugénio de Castro
(1869-1944)

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O Amor e a Saudade 

O Amor teve uma filha à qual chamou Saudade. 

Vendo-a crescida
Vendo-a na idade
De entrar na vida,
Disse-lhe assim um dia:

  "Envelheci; no meu jardim cai neve...
   Já sinto a alma fria,
   E no corpo entrará também o frio em breve...

   De noite vejo só negrumes de ataúdes;
   Tudo é inverno p'ra mim; abril, acho-o grisalho...
   Velho e doente, é justo, filha, que me ajudes
   No meu trabalho.

   Auxilia-me pois! Quando os amantes,
   O seio contra o seio,
   Enleados estão em tão suave enleio,
   Que as longas noites tomam por instantes,
   Ao pé deles me querem sempre, e assim, 
   Se p'ra deixá-los, já cansado estou,
   Começam a chamar por mim,
   A perguntar-me para onde vou...
   Nunca me deixam, nunca estou tranquilo!

   Como o trabalho é rude, de hoje em diante.
   Devemos reparti-lo,
   Que eu já me sinto fraco e vacilante...
   De hoje em diante, irei deitar os namorados,
   Mas tu, Saudade, junto deles ficarás,
   E ao chamarem por mim, em gritos sufocados,
   Fingindo a minha voz, tu lhes responderás...

   Fazem-me louco as noites mal dormidas,
   E assim já poderei dormir um pouco,
   E recobrar até as minhas cores perdidas...
   Vamos! O velho sol já se extinguiu
   E a lua branca rompendo vai..."

E a Saudade partiu
Atrás do Pai... 

Desde essa noite azul, ébrios de pasmo e dor,
Os que se beijam com ansiedade
Adormecem ao pé do Amor
E acordam junto da Saudade...                            
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Eugénio de Castro

22 setembro 2019

Reuniões&Passeios... 003

11 de Junho de 1994
Romagem de Saudade
dos
Antigos Alunos
do
Liceu de Castelo Branco

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Visita a Idanha-a-Nova (aqui no bar da piscina)
Reconhecemos o Luís Marçal Grilo, o Armando da Conceição, 
o Armindo Marques Taborda, a Maria Amélia Rascão e a Rosalina Taborda)

21 setembro 2019

Merece ser destacado...

… no Diário de 
Vasco Pulido Valente
no "Público" de hoje, 21 Setembro 2019.

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Vasco Pulido Valente

No dia 14 de Setembro, VPV escreveu no seu Diário:
"O reitor da Universidade de Coimbra resolveu proibir o bife com batatas fritas. Julga ele que isto é ser moderno. Não é. É ser, como de costume, uma universidade submissa aos poderes do dia e servil perante a ideologia dominante.
A universidade do Dr.salazar e do almirante Tomás também teria preferido uma feijoada, para não "vir nos jornais".
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Em 18 de Setembro, Vasco Pulido Valente escreveu no seu Diário:
"Jorge Sampaio fez 80 anos. Houve grandes comemorações. Mas, para mim, tudo foi um grande equívoco. O Jorge Sampaio que eu comemoro não é o Presidente da República, nem o secretário-geral do PS: é o secretário-geral da RIA e o homem do MAR, que foi a esperança de uma geração, a minha, e que nunca será esquecido por ela". (1)
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Em 20 de Setembro, Vasco Pulido Valente escreveu no seu Diário:
"Já estava a espera que aparecesse um qualquer caso judicial para entreter a populaça nos últimos dias da campanha. Agora, foi um secretário de Estado arguido no caso das "golas antifumo". Mas bastou isso para o noticiário político reverter durante 48 horas para um noticiário policial. O jornalismo português é uma desgraça".
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(1) - Em 1955/56, uns anos antes do Presidente Jorge Sampaio entrar na Faculdade de Direito, fiz parte da RIA (Reuniões Inter Associações), juntamente com o então Presidente da AEFCL (Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa)  Fernando Alves Martins. Lembro que essas reuniões eram alternadamente realizadas em dois ou três estabelecimentos do Ensino Superior, nomeadamente na nossa AE, na Faculdade de Ciências, à Politécnica e no ISTécnico. Em 1956,estava no início a organização a AE da Faculdade de Medicina, cujo impulsionador e presidente dava pelo nome de Pedro Monjardino que, poucos anos mais tarde, foi viver para Londres; e, se bem me lembro, também ali se realizou nessa altura uma reunião da RIA para se dar força à criação de mais uma Associação de Estudantes. Se a memória me não falha, já existiam então as Associações de Estudantes do IST, da Faculdade de Ciências, de Direito, de Veterinária, de Agronomia, Belas Artes e de Medicina, todas elas assíduas nestas reuniões mas, não me lembro de haver representação da AE da Faculdade de Letras.
Da rua da Escola Politécnica à Alameda... era um salto! A viagem era feita numa moto, uma Java 250cc, que o  Alves Martins conduzia como se estivesse numa "pista" e o trânsito, nessa época, não assustava muito. Mas eu fazia essa viagem como pendura e, por vezes, até fechava os olhos, com medo de algum dissabor... Recordo, entre outras coisas, a nossa chegada ao portão do Técnico, após um estacionamento ali por perto. Todo aquele espaço entre esse portão de entrada, junto à rua e o portão do edifício era percorrido por nós por entre duas "fiadas" de indivíduos da "polícia política", (três ou quatro de cada lado) que por ali se mantinham observando quem entrava no IST àquela hora... Sabiam de antemão que, nesses dias, as Associações de Estudantes iam reunir-se e decidir o que fazer nos próximos tempos... Por isso ali estavam presentes, controlando quem entrava nessas Reuniões Inter Associações. Nessa época, era o Postes da Fonseca quem presidia à AEIST.

20 setembro 2019

São quadras, meu bem... são quadras!...

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Muitas das coisas que dizes
Afinal não são verdade.
Mas, se nos fazem felizes,
Não podem ser por maldade... 

19 setembro 2019

Eles foram professores do Liceu...

Fernanda Conceição Tomaz Rodrigues
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Era natural de Alhandra onde nasceu em 2 de Novembro de 1932.
Licenciada em Filologia Românica pela Faculdade de Letras de Lisboa.
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Fernanda da Conceição Tomaz Rodrigues (Calado)
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No primeiro ano que regeu no Liceu de Setúbal, foi nomeada professora eventual do 2ºgrupo (Francês), por portaria de 2 de Outubro de 1957, visada pelo Tribunal de Contas em 2 de Dezembro e publicada no Diário do Governo nº 283, II Série, em 5 de Dezembro de 1957. Tomou posse e entrou em exercício em 8 de Outubro de 1957 e terminou em 31 de Julho de 1958.
Nos dois primeiros anos foram-lhe distribuídos horários com 20 horas semanais e no ano seguinte um outro de 24 horas. 
No ano seguinte entrou no Estágio pedagógico e regressou ao Liceu, no ano lectivo de 1960/61, tomando posse já como professora agregada.
Mostrou ser uma excelente professora no nosso Liceu.
Foi casada com o colega do 8ºGrupo, Joaquim Calado.
Reformou-se em Janeiro de 1997, como professora efectiva depois de uma brilhante carreira de 40 anos.            

18 setembro 2019

Deixa-nos oiro nas mãos...

...num poema que
Pedro Homem de Melo
escreveu em 1934, e publicou na
"Caravela do mar

e a que deu o nome de
Bendito
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Pedro Homem de Melo
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Bendito

O Sol liquefaz-se, é rio;
A sua luz, água ao vento;
Sobre o mar turvo, cinzento,
Tem qualquer coisa de frio.
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Chamam-lhe Deus os pagãos.
Depois, o Sol, quando passa,
Solta os cabelos, com graça,
Deixa-nos oiro nas mãos…
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In. “Caravela ao Mar”
1934

17 setembro 2019

Humor antigo...

...de um autor desconhecido
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- Escusa de estar para aí a "pintar"... Ele está e torna a estar! O que você receia é que o seu patrão - que gosta de magras! - me veja e me contrate!...

15 setembro 2019

Parabéns!... 15 de Setembro.

O Manuel Maria faz anos hoje...
Um grande abraço e um belo dia de aniversário.


Manuel Maria Barbosa du Bocage
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Já Bocage não sou!...

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa!... Tivera algum merecimento,
Se um raio da razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

Outro Aretino fui... A santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade! 

Bocage

14 setembro 2019

Nas "Cartas ao Director"...

...no Público desta manhã.
Helena Cabral
escreve sobre "MEC e a Grã-Bretanha"
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Helena Cabral
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"O Miguel Esteves Cardoso escreveu anteontem no Público que devemos todos ver, na íntegra, esse hino à democracia que foi a última sessão do Parlamento britânico. Ou enlouqueceu ou a sua costela inglesa cega-o. Eu vi grandes pedaços e fiquei elucidada: um circo lamentável com Boris Johnson, como palhaço-mor. Ao que chegou a Grã-Bretanha!"

Hoje, no Público...

Numa reportagem publicada 
por 
Camilo Soldado
na coluna Política

João Paulo Catarino
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O que ouve o Governo no interior?
Muitas portagens e pouco serviços.
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O percurso de carro entre a casa onde vive com a família, numa aldeia de Proença-a-Nova, e o palacete do século XVIII que lhe serve de gabinete, no centro de Castelo Branco, faz-se em cerca de 40 minutos. É este o trajecto que o secretário de Estado da Valorização do Interior, João Paulo Catarino, faz desde que se mudou para a Beira Baixa, por contraste com o caminho entre Linda-a-Velha, onde residia, e o Bairro Alto, em Lisboa, onde está instalado o Ministério da Economia. Apesar de a distância que tinha que percorrer na capital ser menor, por vezes, levava-lhe mais tempo, recorda.

João Paulo Catarino é o único secretário de Estado que trabalha fora de Lisboa. Instalou-se no início do ano no Palácio dos Viscondes de Portalegre, onde funcionava o Governo Civil. O objectivo desta mudança foi, “no fundo, mostrar que, se um membro pode governar a partir de Castelo Branco, qualquer instituição ou organismo o pode fazer também fora de Lisboa”, explica.


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Audiências e audiências
“Portagens”, responde, mesmo sem que a pergunta tenha chegado ao fim. A questão era sobre as reivindicações que mais ouve nas audiências que lhe pedem. “É um custo de contexto que as pessoas do interior ainda sentem como muito significativo, apesar das reduções sucessivas que o Governo tem vindo a fazer”, afirma.
Outra das questões que mais ouve é sobre o encerramento de serviços públicos. “Julgo que é isso que este Governo conseguiu estancar e reforçar substancialmente”, apesar das situações dos CTT e da Caixa Geral de Depósitos, que criaram “a percepção em algumas pessoas de que alguns serviços públicos continuavam a fechar, o que não é verdade”. Os CTT começaram a reverter a política e a CGD mantém um balcão em todos os concelhos, sublinha.
Quem lhe pede audições é recebido em Castelo Branco mas, para as reuniões com outros membros do Executivo de António Costa, tem que se deslocar mais com frequência a Lisboa. Isto, apesar de terem também lugar no seu gabinete do interior. “Em termos funcionais, cria-nos sempre algumas questões. Exige mais disponibilidade porque passamos muito tempo na A23 e na A1”, diz.
No seu gabinete, trabalha gente de vários pontos: Castelo Branco, Lisboa e Proença-a-Nova, município ao qual presidiu entre 2005 e 2016.
Principalmente nos primeiros tempos em que abriu as portas do gabinete na Praça do Município, teve audiências com presidentes de juntas de freguesia da zona, exemplifica, “que, à partida, teriam mais dificuldade se fosse em Lisboa”, explica. Ainda assim, salvaguarda que esta é “uma secretaria de Estado para o país e não para a região”.
João Paulo Catarino, que antes liderou a Unidade de Missão para a Valorização do Interior (UMVI), sabe que a perda de pessoas do território é um dos problemas mais complicados de resolver. Tanto que vive em Casal de Ordem, uma aldeia de 11 pessoas, cinco delas em sua casa (mulher e três filhos). Depois de décadas de tendência, é possível estancar o despovoamento? “Temos efectivamente regiões no país em que não vale a pena estarmos a iludir-nos”, menciona. E se o país “tem um problema demográfico, o interior tem um problema sério em termos de demografia e de índice de envelhecimento”. Dito isto, o secretário de Estado não tem problemas “em admitir que há muitas aldeias que terão muita dificuldade em, daqui a 30 ou 40 anos, terem alguém”. Por outro lado, apesar de este princípio não poder ser aplicado a todas, “há um conjunto significativo de aldeias que têm um potencial turístico enorme e podem ser por essa via valorizadas”. Essa é outra das conquistas que atribui a este Governo: “O facto de ter conseguido abrir o mapa turístico do país para além de Lisboa, Porto ou Algarve”.
A sala onde tem lugar a conversa com o PÚBLICO tem as janelas encostadas, o que ajuda a regular a temperatura no interior do edifício. Nesse dia, a temperatura passaria um pouco os 30 graus — nada de excepcional para o sufoco que o Verão albicastrense costuma impor. Entreabrindo uma das portadas, sobressai logo à direita o edifício da Câmara Municipal de Castelo Branco. Uma vizinhança que acaba por ser aproveitada, como explicaria mais tarde, por telefone, o presidente do município, Luís Correia. “Falo com ele permanentemente, seja em reuniões, seja em encontros formais”, refere o autarca. Para uma região que sofre das dores da interioridade, “ter uma pessoa que é o elo de ligação com o Governo” acaba por ser “muito importante”, sublinha.
O governante defende a proximidade da administração do território. Entende que o actual processo de descentralização acaba por ser um passo em direcção à regionalização. “Se conseguirmos provar que este modelo funciona, julgo que, depois, por via de um referendo, a regionalização se tornará mais ou menos inevitável”, considera.

A experiência de Santana
A ida do gabinete de Catarino para Castelo Branco encontra um precedente num governo de coligação PDS/CDS. Ao suceder a Durão Barroso, em 2004, o primeiro-ministro Pedro Santana Lopes anunciou, logo em Julho, que iria descentralizar seis secretarias de Estado para diferentes pontos do país: a da Juventude (Braga), da Administração Local (Coimbra), da Educação (Aveiro), da Agricultura (Golegã), dos Bens Culturais (Évora) e do Turismo (Faro).
“Não tinha força para fazer o que gostaria de ter feito”, explica ao PÚBLICO Santana Lopes, que é candidato a deputado pelo partido Aliança nestas eleições legislativas. A ideia inicial, diz, era transferir ministérios e os respectivos serviços para ter, de facto, impacto local.
Com a dissolução do Parlamento por Jorge Sampaio e convocação de novas eleições, a experiência acabou por ser breve. “[A legislatura] terminou de forma tão tumultuosa que não deu tempo de fazer um balanço”, recorda. “Simbolicamente foi importante, mas o tempo foi curto e não permitiu criar raízes na maneira de pensar das pessoas”, avalia.

“Sinal político”
Se um efeito concreto com a instalação do gabinete do secretário de Estado do Interior em Castelo Branco é difícil de medir, João Paulo Catarino concede que, “acima de tudo, é um sinal político”. E acrescenta: “Achámos na altura que, sendo uma Secretaria de Estado para a Valorização do Interior, faria sentido contribuir com a localização para essa valorização”. Mesmo na orgânica governamental, refere, não houve grandes alterações na prática.
João Paulo Catarino destaca antes o “início de um caminho de diferenciação para o interior que nunca existiu verdadeiramente” em executivos anteriores. Desde a criação da UMVI ao desenho de um Plano Nacional de Coesão Territorial, o Governo começou a trabalhar em assimetrias que não serão “corrigidas numa legislatura nem em duas” e que ganharam novo destaque com as mortes e devastação causadas pelos incêndios de 2017. Há medidas iniciadas que, se se mantiverem, farão a diferença a prazo, defende. Da abertura de serviços públicos em regiões de baixa densidade, à transferência de vagas do ensino superior para o interior, a criação de novas empresas e de postos de trabalho. Também se começou a fazer caminho na cooperação luso-espanhola relativamente aos territórios da raia. “Acho que fiz aquilo que era possível fazer”. 
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in "Publico"
14 09 2019