Páginas

28 junho 2020

Recuei muitos anos...

... ao ler "este Pacheco Pereira"
saído ontem, dia 27 de Junho,
no "Público"...
... num "Elogio e louvor da noite de S. João no Porto"
.
José Pacheco Pereira
.
Pacheco Pereira fez-me recuar 63 anos, no tempo...
Em 1956/58, passei dois anos no Porto e vivi dois dias de S.João.
Não havia ainda os "martelinhos" e toda a gente comprava os pés de "alho porro", cuja cotação variava durante o dia, conforme o tempo oscilava entre o sol radioso e a hipótese de chuviscos...
Lembro-me de ter subido a rua de Santo António (actual rua 31 de Janeiro) desde a Estação de São Bento até à rua de Santa Catarina...sem pôr os pés no chão!  Desculpem o exagero... mas era indiscritível a "massa humana" que se divertia batendo com a umbela do alho porro na cabeça dos parceiros da folia... muitos dos quais, num acto de simpatia, baixavam as cabeças para levar uma "porrada" na cabeça... 
.
O José Pacheco Pereira escreveu sobre o S.João no Porto, no "Público", ontem, no dia 27 de Junho. "Domar a noite de S.João, como aconteceu há dias, é obra . E domá-la pela responsabilidade é ainda maior obra.
.
"O dia mais democrático de Portugal é uma noite, a noite de S.João, no Porto. Nessa noite acontece uma coisa única na Europa, uma cidade inteira sai à rua. Há sítios preferenciais como as Fontaínhas, como nos bairros populares no Santo António, em Lisboa, mas o que torna a noite diferente é um fluxo humano de dezenas de milhares de pessoas que se desloca como um rio pelas várias ruas do centro. O que fazem? Nada a não ser  meterem-se uns com os outros, antes com alhos-porros, ou com ramos aromáticos, antes de aparecer essa coisa sinistra que são os martelinhos. Ninguém escapava e ninguém protestava.
Só houve uma noite de S.João, fora da noite de S.João, o dia em que a cidade saíu à rua para esperar Humberto Delgado (*1), naquilo que não foi uma manifestação, mas uma sublevação. Aliás, a noite de S. João era, antes do 25 de Abril, um momento ideal para distribuir panfletos clandestinos, muitas vezes no formato das quadras populares. Dito isto, domar a noite de S.João, como aconteceu há dias, é obra. E domá-la pela responsabilidade é ainda maior obra.
Seria uma coisa sem pés nem cabeça estar agora a fazer uma geografia da responsabilidade, dizendo que o Norte se porta bem nas restrições da pandemia e o sul pelo contrário. Essas fracturas são de outra natureza, etárias, sociais, habitacionais, todas adensando-se em Lisboa, mas a verdade é que também existem no Porto. Seja como for, parabéns aos "tripeiros", numa cidade tão pouco conhecida em Lisboa.

.
(*1) - Também ali estive, na companhia do saudoso Mário Brandão, também ele do LAR da JUC, na rua da Cedofeita. Depois do jantar aí vamos direitos até junto do Passeio das Cardosas, ali mesmo junto da Estação de S.Bento, onde uma "massa imensa de gente" aguardava a chegada do comboio onde viajava Humberto Delgado... Mas a "coisa" deu para o torto quando começámos a ouvir alguns disparos de metrelhadoras!... Houve correrias "loucas" com muita gente fugindo pela rua dos Clérigos acima e pela Avenida dos Aliados. Eu e o Mário Brandão só terminámos a "corrida" quando chegámos junto à Igreja dos Clérigos...

27 junho 2020

Inda é tempo...

... foge dela!...
.
É o que diz 
Almeida Garrett 
neste tão belo poema a que deu o nome
"Pescador da barca bela".
.

Almeida Garrett
(por Barata Feyo)
.

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela
    Que é tão bela,
    Ò pescador!

Deita o lanço com cautela,

Que a sereia canta bela.
      Mas cautela,
     Ò pescador!  

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
   Só de vê-la,
   Ò pescador.

Pescador da barca bela,

Inda é tempo, foge de ela
   Foge de ela,
   Ò pescador!

.
Almeida Garrett

26 junho 2020

São quadras, meu bem... são quadras!...

.
Já na minha alma se apagam
As alegrias que eu tive;

Só quem ama tem tristezas,
Mas quem não ama não vive
.
António Botto,
in 'Canções'

25 junho 2020

"Coisas" antigas de Castelo Branco...

O Cine Teatro Vaz Preto
Ainda conheci esta casa... Durante dois anos mantive ali o meu lugar marcado na primeira cadeira da coxia central, na fila nº2... Não faltei a nenhum dos filmes ali exibidos em quatro dias por semana... durante aqueles  dois anos. 
Grandes filmes ali vi quando tinha 13/15 anos. Ainda não havia filmes para maiores (ou para "menores"...), ainda não havia classificação etária que surgiu uns anos depois, creio que em 1953.
Grandes sessões de "desenhos animados"...E as matinés de Carnaval no piso do 1ºandar?!... Quase valia tudo...
Era gerido pelo Sr. Tomás Mendes que continuou à frente do Cine Teatro Avenida quando este foi inaugurado em 23 de Setembro de 1953

Não sei qual o autor desta foto.
Penso ter sido o Sr. Ceia pois o nosso particular Amigo
José Pedro Barata tinha apenas 9 anos nesta altura...

23 junho 2020

Parabéns!... 23 de Junho

O meu irmão Olímpio faz anos hoje.
Aqui lhe deixo um abraço cheio de amizade
e o desejo de um bom dia de aniversário

.
Eng. Olímpio Mendes de Matos

22 junho 2020

...um ministro com prestígio.

...que António Barreto
mencionou ontem no seu espaço 
Grande Angular 
no Público
.
António Barreto
.
"A hipotética ida de Centeno para o Banco de Portugal afasta razões pessoais e deixa intactas as políticas. Como elimina possíveis razões técnicas: na verdade, a liderança do Banco é tão exigente quanto a de um ministério. As reacções de certos sectores políticos eram de prever. Uns consideram incompatível a saída directa do ministério para o banco. Outros chegaram mesmo a elaborar uma proposta de lei para tal proibir. O que é estranho.  Aprovar uma lei à lufa-lufa, dirigida a uma pessoa, é gesto condenável. Talvez mesmo inconstitucional. O que alguns deputados tentaram fazer contra Mário Centeno foi isso mesmo: um gesto de despeito político e de ignorância jurídica. O que impressiona é que haja tanta gente disponível para subscrever o disparate."
.
... e mais adiante:
"Na monarquia, na República, na ditadura, no Estado Novo e na democracia, só três não foram membros do Governo. Parece ser a regra, com poucas excepções. O actual governador, Carlos Costa, é mesmo um dos raros que não foram antes ministros de coisa nenhuma. A regra é a de ter sido ou vir a ser ministro. Ou as duas coisas, antes e depois."

Uma oferta de valor...


... que o António Salvado me fez.
.
Lembra-se com frequência da amizade que criámos desde os oito ou dez anos durante o tempo de nossa Juventude que... já há muitos anos deixou de ser jovem... Oferece-me alguns livros de sua autoria, com uma frequência incomum. E, todos eles,sempre com uma dedicatória que com regularidade vai parar quase sempre aos "anos quarenta" e ao Jardim do Paço onde eu e ele, e tantos outros, íamos parar aos sábados de tarde com as respectivas namoradas... O Reitor de então, de má (mas também de boa...) memória, não "permitia" namoricos... naquele nosso Liceu...
,
 Capa do Livro "Leituras XI"... 
.
...e a dedicatória referida
António Salvado dedicou esta sua obra ao seu filho, também poeta, Gonçalo Salvado.

"Ao poeta Gonçalo Salvado que na castália do 
"Cântico dos Cânticos" 
tem bebido muita da sua inspiração."
.
De uma breve "Introdução" que o António Salvado nos apresenta, pudemos retirar alguns excertos que considero de valor.
"Exemplo da mais lídima poesia para uns, texto essencialmente de teor religioso para outros, o Cântico dos Cânticos, (título que é suporte de um superlativo hebraico a significar que esse "Cântico é o mais excelente de todos os Cânticos"), constitui a materialização e a revelação em versículos bíblicos de um amor profundo e apaixonado entre uma pastora e um pastor e de ressonâncias líricas tão efusiva que os próprios místicos hebreus e cristãos nele colheram a linguagem simbólica para exprimirem as suas relações de amor com Deus".
(...)
... o Cântico dos Cânticos tem sido considerado também uma obra-lírico dramática e cénica, a aglutinação de um ciclo de cânticos nupciais ou, ainda, uma profunda alegoria místico-religiosa... E isto, se tivermos em mente o número elevado de interpretações, ele é, acima de tudo, um belíssimo poema de amor no qual se descortina a paixão de dois amantes que, vencendo e ultrapassando 
circunstancialidades negativas, conseguem atingir a perenidade da sua ligação amorosa. E, nesta directriz, convenhamos que o Cântico dos Cânticos, procurando narrar embora a história de um amor terreno, conserva sem dúvida um valor transcendente.
.
(...) 
Um dos documentos sumérios encerra precisamente um belíssimo 'Conto de Amor' cujos inúmeros contactos com o Cântico dos Cânticos, formalizam, na verdade, elos indiscutíveis.. Nesta perspectiva, assinalemos a similar atmosfera amorosa entre amada e amado, colorida por confissões reveladora de apaixonado enlace; os traços descritivos relativamente à beleza dos seres amados; os tons paisagísticos da cena que serve de pano de fundo ao desenrolar do enredo amoroso, etc.; similitude fácil ainda de ser apreendida no que diz respeito a substantivos (coração, beleza, mel, carícia prazer...), adjectivos (caro, agradável, doce, preciosa, saboroso, fremente...), verbos (cativar, levar, acariciar, permanecer...) ou expressões como "dormir até ao amanhecer, "favor das tuas carícias, "doce é a sua beleza", "alegrar o teu coração", "dormir na nossa casa", "ergue o teu rosto para mim", "que me escolheste", "cola a tua mão sobre...", "noiva deixa que te acaricie", "noiva, tu de mim tomaste o teu prazer", "com os lábios, doce é o seu sexo, doce é a sua beleza"; similitude ainda, no referente a objectos como "pendente de oiro", "anel de oiro", "anel de prata"; e à figura da mãe, presente no desenrolar da estória amorosa. 
.


António Salvado

.

Cântico dos Cânticos



Beija-me com a doçura dos teus lábios...
Bem mais inebriante do que o vinho é o seu ardor...

E o cheiro do teu perfume
é cheiro de ternura...
O teu nome?:
um som aromático a escorrer...
.
Por todas estas coisas
é que as raparigas se perdem por ti!...
Leve-me, então, contigo!...
Vamos, vamos embora!...

O rei já me meteu nos seus aposentos,
mas só contigo a minha alegria será
bem sentida,
e muito mais que o vinho
é a tua ansiedade
que me há-de pôr fora de mim!

Ah! Não surpreende
que tu sejas desejado por todas as raparigas!

Ó raparigas de Jerusalém:
sou trigueira, mas formosa, 
como as tendas da tribo de Quedar
ou como as peles de Salma...
E não olhem para mim com desprezo!...
Se sou morena,
é porque o sol me queimou!

Os meus irmãos
contra mim se enfureceram:
tinham-me posto a guardar vinha
e... eu
não soube guardar a minha própria vinha...
E diz-me lá, querido da minha'alma,
a que pascigo levas o teu gado,
onde o recolhes ao meio dia,
para que eu não erre assim,
perdida
atrás dos rebanhos dos teus companheiros...

Se não o sabes,
ó mais bela das raparigas,
 vai seguindo as pisadas das ovelhas
e apascenta os teus cabritos
junto das cabanas dos pastores.

Comparo-te, ó minha querida,
à égua atrelada de um carro do Faraó...
E as tuas faces são tão belas como pérolas,
o teu pescoço, entre os brincos,
é lindo como colares...
E hei-de mandar que te façam
arrecadas de ouro
marchetadas de prata.

Enquanto o rei descansa no seu leito,
o meu nardo lança perfumes para o ar...
O meu querido é um saquinho de mirra
a repousar, deitado, entre os meus seios...
Para mim, o meu querido é como um cacho de alfenas
das vinhas de En-Guídi.
.
Tu és tão bela, minha querida,
tu és tão bela!...

E como os teus olhos são iguais
aos olhos das pombinhas...
.
E como tu és belo, meu querido,
tão cheio de delícias...
E o nosso leito estende-se sobre a verde relva...
As traves da nossa casa são de cedro
e o seu teto de cipreste...

Sou um narciso de Saron,
sou um lírio dos vales...
E como um lírio entre espinhos, 
assim a minha querida no meio das raparigas!

Entre os jovens, o meu querido é como uma macieira
nas árvores de um pomar...
Ah! Como desejo sentar-me à sua sombra
e trincar na boca os seus frutos deliciosos...
Ele levou-me para a adega do vinho
e contra mim desfraldou a bandeira do amor!
Reconfortem-me com passas de uva,
reanimem-me com maçãs -
eu estou doente de amor!...
Que a sua mão esquerda sustenha a minha cabeça
e que me abrace com a direita...

Peço-lhes, ó raparigas de Jerusalém,
pelas corças e gazelas dos campos:
não acordem, não despertem
o meu querido
antes de ser esse o seu desejo.

Ouço a voz do meu querido! Aí vem ele
a correr pelos campos, a pular pelos outeiros!...
O meu querido assemelha-se a um gamo
ou ao filhote de uma gazela.

Mas ali está ele, parado.
atrás da nossa parede, a espiar pela janela,
O meu querido eleva a voz e diz-me:
"Anda, minha querida, beleza minha,
e vem para junto de mim...
Olha: o inverno já passou e já parou a chuva...
As flores brotam na terra, 
está a chegar o tempo da poda
e na nossa terra já se ouviu o arrulhar da rola...
E já vai dando figos a figueira
e as vinhas em flor largam o seu perfume.
Anda, minha querida, ó beleza toda minha
e vem!
Tu, minha pomba, aninhada nas fendas dos rochedos,
escondida nos buracos  dos barrancos,
mostra-me o teu rosto, deixa-me ouvir
a tua voz -
a tua voz tão meiga e o teu rosto tão encantador!...
(...)
.
.
(...)
Grava o meu nome como um selo
no teu coração,
cola-me como uma tatuagem sobre o teu braço!,
porque o amor é forte como a morte!,
a paixão cruel como um abismo
e as suas chamas são chamas de fogo
labaredas de Yaveh!...
Um dilúvio não seria capaz de destruir
o fogo do amor,
nem um rio apagá-lo!...
E ainda que alguém oferecesse todas as riquezas
 da sua casa para comprar o amor,
esse alguém
havia de ser tratado com o maior dos desprezos!

A nossa irmã é muito pequenina
e não tem ainda maminhas...
Que havemos de fazer à nossa irmãzinha
no dia em que vierem pedi-la para casar?
Se ela for uma muralha,
havemos de construir nas ameias
um coroamento de prata
havemos de guarnecê-la com pranchas de cedro...

Eu sou uma muralha
e os meus seios são as suas torres
e, aos olhos dele,
apareci para lhe trazer a paz!

Salomão tinha uma vinha em Baal-Hamon
e entregou a vinha a rendeiros:
cada um
lhe daria pela colheita
mil moedas de prata...
A minha vida é só minha!
Para ti, Salomão,
as mil moedas de prata e que fiquem os rendeiros,
que dela colhem o fruto,
com duzentas moedas!...

Ó tu que vives nos jardins,
os meus companheiros
estão atentos para ouvir a tua voz...
Faz-me então ouvir a tua voz!..-

Corre meu querido, corre para mim como um gamo
ou como o filhote de uma gazela
que lá vão assaltar
pelos montes perfumados.
.
E termina assim esta versão do 
"Cântico dos Cânticos" apresentada pelo 
António Salvado
um dos poucos 
Bons Amigos 
que ainda guardo, com muita estima desde os tempos da nossa 
"Juventude"...
Recebe um Abraço grande
do
jjmatos

21 junho 2020

Escrito na pedra…

In “Público”
17.06.2020
.
Antes de negar com a cabeça, assegura-te que a tens.
.
Truman Capote
1924-1984
escritor

20 junho 2020

Reuniões&Passeios...

25.Janeiro.2015
Junto do "Trigo Real"...
.

Antes da partida para Oleiros.
O "Cabrito estonado" estava lá à nossa espera...

19 junho 2020

Humor antigo...

...com o traço de
Jean Bellus
.

- Não faças essa cara, homem. Deixa lá que daqui 
a dezasseis horas já estás outra vez a dormir...

18 junho 2020

A pintura de Graça Lagrifa...

Em 11 de Junho, Graça Lagrifa escreveu.
"@manuj_mehta fez a foto desta jovem que há mais de um ano estava guardada. Hoje calhou a vez de eu a trazer de volta, sob a forma de pastel. 30cmx40cm Pastelmat de Clairfontaine 360grm
.








17 junho 2020

Ontem, no "Público"...

...Miguel Esteves Cardoso dixit.
Foi na sua coluna "Ainda ontem".
.
"Durante o confinamento tive de fazer algumas compras às escuras, pelo telefone e pelas transportadoras. Os resultados ficaram quase sempre bons mas enfiei uns barretes de primeira.
... nos três casos em que me lixei, consolou-me saber que aqueles comerciantes que escolheram dar o golpe não foram muito espertos porque perderam um cliente para sempre.
O lucro a curto prazo é a mais falsa das economia. Basta comparar o que se ganha - uma ninharia temporária - com aquilo que se perdeu. Não foi só um cliente para a vida que se perdeu. Ganhou-se má vontade, ganhou-se má fama, ganhou-se uma mancha permanente na reputação. A abençoada ASAE anda em cima destes abusadores mas o castigo maior é o desprezo de quem foi alvo do abuso."
.
MEC
16. 06 .2020

16 junho 2020

Humor antigo...

Com o traço de 
Kiraz
em Maio/1961.
.

- Se tu tivesses conhecido o meu professor de ginástica da praia
modificarias a tua opinião à cerca dos professores...

13 junho 2020

São quadras, meu bem!... São quadras

.
Santo António, no teu dia,
não venhas, não vale a pena,
pois se vens, a pandemia
vai pôr-te em quarentena.

11 junho 2020

Num artigo recente..

que António Barreto
escreveu na sua página dos Domingos 
no Público
"respiguei" alguns pequenos excertos
que aqui transcrevo
.

António Barreto
.
"O primeiro-ministro tem o direito de convidar quem julgue que lhe é útil para o ajudar a pensar. Tem o direito de se aconselhar com quem quiser. 
(...)
Se, ao seu governo, falta ponderação para prever e inteligência para reflectir, é avisado que recorra ao exterior, à sociedade civil, à academia e às empresas.
(...)
Os seus governos parecem-se com reuniões de técnicos. Não que seja mau ser técnico. O problema é que não é isso que se pede a um político com responsabilidades perante o eleitorado e as instituições. Ora, os ministros nunca foram tão ajudantes como agora. E os secretários de estado tão adjuntos de ajudantes.
(...)
É provável que o primeiro-ministro se dê mal com o êxito de alguns dos seus ministros mais capazes. Acontece... Daí não vem mal ao mundo. A não ser que se ponha em causa o sistema de governo. Que é o que está a contecer.
(...)
Para a democracia, o sistema de governo é tão importante quanto as políticas, Há mesmo quem diga que são os procedimentos que preservam a democracia. Há razão nisso. Basta pensar no que seria uma boa política, mas sem liberdade nem democracia. É aliás essa uma das grandes ambições dos candidatos a ditador. Ou, então, pensemos numa irrepreensível democracia, respeitadora dos direitos e do direito, mas com más políticos e muita corrupção.
(...)

António Costa pode também ter o seu estilo. Mas tem de respeitar os seus ministros e as suas competências. Ao requisitar os serviços de uma pessoa exterior ao Governo, mesmo se excepcional e talentoso, como parece ser o caso. o primeiro-ministro está a dizer aos seus ministros:
"Ocupem-se de bagatelas, do trivial e do curto prazo, porque do essencial vou ocupar-me eu e os meus conselheiros."
Com a excepção de um punhado de ministros, o Governo está reduzido a directores de serviços. Ou gestores do produto. Mais de metade do Governo nunca se exprimiu publicamente sobre o que quer que seja, o mundo, a paz, a Europa, a sociedade ou o Estado. Pelo menos dois terços dos ministros nunca se lhe ouviu uma só palavra sobre a política, a economia ou a cultura! Já sobre os seus pelouros, os seus planos, as suas características e as suas portarias, parecem papagaios com mestrado, falam, falam, parecem o Diário da República.
Descobrimos um primeiro-ministro estranho, com receio da importância dos seu ministros.
(...)
etc... mas ficamos por aqui.
.
Este texto surgiu no suplemento dominical
do Público, de 07.06.2020

10 junho 2020

Recordações...

Foto tirada em Setúbal 
em 25. Abr. 1969,
no dia em que fez sete anos. 
Mais três anos do que tem hoje 
  a neta "Luisinha"... 


                 GI

09 junho 2020

Reuniões&Passeios...

Passeio a Oleiros
em 24.01.2015
.
Numa homenagem ao 
Padre António de Andrade

08 junho 2020

São quadras, meu bem!... São quadras

.
A Lua fechou os olhos
E viu o Sol se esconder...
Não é por falta de vista
Que os olhos deixam de ver...

07 junho 2020

Humor antigo...

com o traço de 
Peñarroya
.

- Ricardo, este é o Carlos... Ricardo, aquela é a porta...