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31 dezembro 2006

Os meus heróis da BD - 5

Michel Vaillant, criado por Jean Graton, representa mais do que um herói de aventuras: é um autêntico amigo, forte, corajoso e leal.

Michel Vaillant

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O “pai” de Michel Vaillant mostrou um talento precoce para o desenho.
Com apenas 8 anos de idade, Jean Graton publicava o seu primeiro desenho no jornal francês “Le Soir”.

O criador Jean Graton
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Nascido em Nantes a 10 de Agosto de 1923, Jean Graton acabou por integrar as fileiras mais brilhantes de uma geração de designers e criadores que após a II Guerra Mundial fizeram da Bélgica a capital europeia da Banda Desenhada.
Entre 1952 e 1954 inicia a publicação de uma série de tiras de “l`Oncle Paul” no magazine “Spirou”. Mas seria na edição belga do “Journal Tintin” que publica a sua primeira história – “A primeira ronda”, e onde inicia uma série sobre desporto, um tema de eleição para Graton, que viria a ser consagrado sob a forma de álbum “Ça c`est du sport”.
A paixão pelo ciclismo e corridas de automóveis são o embrião da sua mais célebre criação – o leal e nobre piloto Michel Vaillant -, que aparece pela primeira vez em 1957 nalgumas tiras, mas que só teria a honra de figurar num álbum a “solo”, numa época em que essa prerrogativa era reservada a cowboys, super-heróis e detectives.
O primeiro livro foi o “Grande Desafio”, iniciando uma série de trinta livros publicados com a chancela da Lombard e que fazem parte da época de ouro da BD franco-belga.
Além de Michel Vaillant, Jean Graton lançou ainda uma série intitulada “Les Labourdet”, realizada em colaboração com a sua esposa, mas será com Michel Vaillant que Jean Graton ficará para a história da Banda Desenhada. A testemunhá-lo estão os 64 álbuns e os 20 milhões de exemplares vendidos pelo mundo fora, que fazem de Michel Vaillant o mais famoso piloto de todos os tempos.
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Clay Raggazoni (*) e Steve Warson

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Steve Warson e Ruth

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Françoise no Grande Prémio da Argentina

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Rali de Portugal - Na Serra de Montejunto

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Em Setúbal, na curva da Setubauto, à Boa Morte

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Michel Vaillant vence o Rali da TAP

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Michel Vaillant, Françoise, César Torres, Cândida, Brigitte Lecharme e Jacky Icks
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O casamento de Michel Vaillant e Françoise

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(*) Notícia recente

Clay Reggazoni

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O suíço Clay Regazzoni, antigo piloto da Ferrari, morreu há dias, (em 15 de Dezembro de 2006), aos 67 anos, num acidente de automóvel ocorrido perto da cidade italiana de Parma: a viatura onde seguia colidiu com um camião na auto-estrada.

Vice campeão do Mundo em 1974 (perdeu o título na última corrida, o GP dos EUA, para Emerson Fittipaldi), o carismático piloto era paraplégico desde que, em 1980, o seu bólide (então um Ensign) embateu num muro do circuito norte-americano de Long Beach.

30 dezembro 2006

Setubalense - 1947

Notícias do "Setubalense" no último trimestre de 1947!

01-10-1947
Sociedade Musical e Recreativa União Setúbal.
Assembleia-Geral
Presidente - António Antunes Martins
Direcção
Presidente - Eugénio Moreira Rodrigues
Conselho Fiscal
Presidente - Humberto Cardoso

04-10-1947
"A Terra tremeu"
... o abalo foi de curta duração, tendo-se repetido duas vezes...

...o sismo, vindo de ocidente para oriente, atingiu em Setúbal, a intensidade nº6 da escala de Mercalli-Sieberg e o seu hipocentro deve localizar-se na região de afundimentos do Atlântico, a Sudoeste de Lisboa.

04-10-1947
A abertura solene das aulas do Liceu Bocage.
Realizou-se ontem a sessão inaugural do Liceu de Setúbal.
Ao acto presidiu o sr. Secretário do Governo Civil, secretariado pelos srs. Vice-Presidente da Câmara, Capitão do Porto de Setúbal, Director da Escola Industrial e Comercial, Director Escolar e Reitor do Liceu.

Aberta a sessão, o sr. Reitor do Liceu proferiu uma alocução alusiva ao acto, mostrando a esperança de que a próxima abertura do ano lectivo fosse no novo edifício liceal e incitando os estudantes ao cumprimento dos seus deveres escolares.
...procedeu-se à distribuição dos prémios "Bocage", que coube à aluna Graciete Guerreiro Álvaro, e "Sociedade dos Amigos do Liceu", à aluna Ivone Pinto de Almeida Rouillé...
O sr. Secretário do Governo Civil encerrou a sessão com algumas palavras de cumprimentos e felicitações, referindo-se largamente, à função doseducadores.

25-10-1947
Liceu Bocage - Liceu Nacional de Setúbal.
Até há pouco tempo ainda, o nosso primeiro estabelecimento de ensino ostentou o nome do glorioso Bocage, filho dilecto de Setúbal e poeta incomparável, título esse dado com pleno aprazimento de toda a população.
Veio a reforma do ensino secundário e Zás... cortou-se o Bocage como em todas as outras terras do país onde existem liceus sucedeu o mesmo. Assim a ordem foi geral. Quanto a nós, o Liceu já não é...de Bocage.

25-10-1947
Casamento
Realizou-se hoje, na Igreja do Sr. dos Passos da Graça, em Lisboa, o enlace matrimonial da srª D. Maria Gertrudes Serralho da Costa Guimarães...com o nosso conhecido nadador e remador do Clube Naval Setubalense, sr. Braz dos Santos Rodrigues Mansinho


01-11-1947
Óbitos
Dr. António Pereira d' Almeida

Foi concorridíssimo o funeral deste conhecido clínico que há anos residia em Setúbal...

19-11-1947
Armando Guerreiro vai cantar.
Amanhã, em Rádio Renascença e na emissão das 19h e 35m, a orquestra privativa da Renascença, sob a regência do Maestro Lourenço Alves Ribeiro, deve ser radiodifundida a Marcha de Silveira Pais, cujos versos da autoria do sr. Artur de Sousa Cabral, são bastante expressivos.
A Marcha será cantada pela primeira vez nessa noite pelo apreciado tenor setubalense Armando Guerreiro.

26-11-1947
Funeral
Realizou-se ontem para Proença-a-Nova, o funeral da Srª D.Maria Lourenço, de 82 anos de idade, mãe extremosa do sr. Francisco Fernandes.

26-11-1947
Exposição de pintura
Encerrou hoje, na Galeria Instanta, a linda exposição de óleos e desenhos, do artista setubalense Álvaro Perdigão que, durante 12 dias, foi grandemente visitada.

29-11-1947
C.M.S.
Concurso público para a adjudicação da obra de "Grande reparação do pavimento da Avenida Luísa Todi -- 1ªfase"


13-12-1947
Casamento
Consorciaram-se na Igreja de S.Sebastião da Pedreira, em Lisboa, D.Maria de Lurdes Claro...com o sr. Saúl José Correia.


17-12-1947
Infantaria nº11
Foi promovido a Capitão e colocado no Regimento de Infantaria nº11, o distinto oficial sr. António Maria Santana.


17-12-1947
C.M.S.
Aviso "Ocupação de casas no Bº Presidente Carmona"

...estão distribuídas todas as casas deste bairro, sendo inútil a insistência em novos pedidos...

29 dezembro 2006

As minhas fotos preferidas 5

Cabeça de Velha
Veiros 23.04.1973

Médicos de Setúbal

Parece ter sido tirada junto do Hotel do Buçaco, esta fotografia do início da década de 60.
E pela presença do Eng. João Moniz Borba e do sr. Augusto Pedrosa tudo leva a crer ter sido um passeio organizado pela Misericórdia de Setúbal.


Na 1ªfila: Dr. José Paulino Pereira, Dr. Cabral Adão, Dr. Álvaro de Matos, Dr. Mário Moura e NN.

Na 2ªfila: Dr. António Matias Lopes Junior, Dr. Eduardo Albarran, Dr. Luís de Noronha, Dr. António Herculano de Oliveira Carmona, Dr. José Sanches, Dr. Artur Gago da Silva, Dr. Manuel Seabra Carqueijeiro, e Dr. João Maria da Silva Duarte.

Um pouco mais atrás vemos o Eng. João Botelho Moniz Borba e o Sr. Augusto Pedrosa.

28 dezembro 2006

Luís Figo

O «internacional» português é, nos dias de hoje, o futebolista que mais ganha em todo o Planeta – um milhão de euros por mês ( duzentos mil contos!!... ) cumprindo um contrato com o Al Ittihad válido por seis meses.

Oh! Céus... Oh! Terra... Oh! Eternidade...

Elogio ao vinho

A frase do dia
Cfr. Luis Costa
in "Pano para mangas"
Público

"Se o pão é o símbolo do que o homem precisa, o vinho é o símbolo da superabundância da qual também temos necessidade. Ele é sinal da alegria, da transfiguração da criação. Tira-nos da tristeza e do cansaço do dia-a-dia e faz do estar juntos uma festa. Alegra os sentidos e a alma, solta a língua e abre o coração. E transpõe as barreiras que limitam a nossa existência."
. . .Cardeal Joseph Ratzinger

Zé Matos 2

Resposta a uma Carta Confidencial


A César o que é de César, meu caro Zé Matos!


Aos parabéns que já te dei quero agora acrescentar todos os outros que, indevidamente, a mim vieram parar.

Aqui tos entrego todos inteirinhos, que bem os mereces, e só a ti são devidos.

A tua “carta confidencial” foi um tanto anunciada. Já a esperava quando apareceu, e li-a com mais interesse, por isso.

E sabes uma coisa, amigo Matos? A tua “confidência” fez-me pensar.

Como fazem pensar aliás todas as coisas inteligentes que se dizem com um ar sério e umas palavras simples.

Fizeste-me pensar em muitas coisas e também naquela escola que ao longo de tantos anos, tanto nos habitámos a amar.

E fiquei menos descrente…

É verdade, homem! Eu começava a não acreditar na realidade de certos princípios. E se é verdade que sinto um certo alento, não posso esquecer no entanto que, por isto ou por aquilo, és ainda rara excepção no panorama genérico daquela escola. melhor diria, no panorama genérico daquele tipo de escolas.

Os problemas que te afligem, meu caro Zé Matos, são problemas que afligiram a juventude de sempre. Só que a tua juventude é mais forte e tem razões para ser mais consciente e mais esclarecida.

E quando pudermos considerar toda a juventude (nota bem que digo toda a juventude) não só “uma idade mas uma relação actuante com o mundo”, quando houver em nós “uma clara consciência dos factos que nos dizem respeito, quando deixarmos de contestar por contestar…” então meu amigo, ter-se-á dado um enorme passo, na transformação que todos desejamos.

O mundo à nossa volta passará a ser melhor”

As pessoas que conhecemos serão então mais pessoas e na face da lua nada faltará também.

E já não haverá meninos transviados com bicicletas a motor.

E já não haverá meninos a motor com bicicletas transviadas.

E já não haverá filhos irreflectidos que pratiquem actos temerosos

E já não haverá Pais Temerosos das acções irreflectidas dos seus filhos.


Provavelmente nem já usaremos Pais!...

Teremos chegado ao mundo utópico de Huxley, esse Admirável Mundo Novo, gerado em provetas, com embriões Delta Bokanovskisados, condicionados para os mais diversos trabalhos, superiormente dirigidos por Alfas e Betas de superior inteligência, e onde até “os Epsilões, no fundo nem se importarão de ser Epsilões”…

Creio que estávamos falando da nossa Juventude e da Escola que tanto nos habituámos a amar.

Essa escola onde persiste a poesia enquanto persistir um Carlos Jorge cheio de juvenil entusiasmo. Essa Escola onde persiste o diálogo enquanto persistirem uns quantos cheios de interesse, pelos problemas que deviam ser dos Homens.

Por que não hás-de tu falar em poesia, Zé Matos?

E por que hás-de temer que te ouçam falar às avezinhas, se te ouvirem também falar em “homens caídos no passeio”…

Dizem que a única maneira de aprender é discutir. Pois estaremos de acordo, mas só na medida em que discutir é dialogar…

Terás tido grandes diálogos nestes últimos sete anos, caro Zé Matos? E, no entanto, constituis um magnífico exemplo do diálogo constante que devia ser a Escola que ambos frequentámos, e tanto nos habituámos a amar…

Tenho, cada vez mais, receio que se aproxime rapidamente o tempo em que
. “…era grande e negra e oca a boca do senhor da barba preta,”
ou até acabem os senhores de barba preta…


E passaremos então a ser condicionados por uma Alfa qualquer, predestinada, inteligente, estéril, mas muito, muito, muito pneumática…

Continua, meu caro Zé Matos, e não queiras pisar os caminhos da facilidade que deixam fama mas a nada conduzem.

As amostras que já nos deste são bem uma esperança na confirmação da escolha que já deves ter feito.

Luta por ela com honestidade e defende até à última as ideias em que acreditas.

Com um abraço amigo
João José Mendes de Matos

27 dezembro 2006

É Natal? Que Natal?

Talvez por causa da greve dos CTT. ou apenas porque a época é propícia a demoras, só hoje me chegou às mão a "Reconquista" que saiu em 21 de Dezembro!
A coluna do meteorologista Manuel Costa Alves é sempre muito interessante e é dela que transcrevo, com a devida vénia, alguns apontamentos:



Manuel Costa Alves

“Um curso de um estabelecimento de ensino superior anuncia um jantar de Natal com um incentivo:“Quebra a tradição e vem divertir-te connosco. Aparece… há troca de prendas!”
Está tudo dito. Quebrar a tradição do Natal, significa a sua indiferenciação e transformação num pretexto para mais uma festa qualquer.”


Um pouco mais adiante, Costa Alves dizia:
“Nos anos de 1960, muito mudava no mundo e também a nossa concepção do Natal. Nessa altura, já o poema de António Gedeão avisava:

“Jesus
o doce Jesus
o mesmo que nasceu na manjedoura
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.”

(…)
O Menino Jesus que conhecíamos visitava os nossos sonhos e a nossa infância era embalada pela inocência. Pobre e carenciada mas pacificada pelos sonhos. E veio o Pai Natal. Veio e depressa encontrou, no frenesim de quotidianos agora dominantemente urbanos, caldo de cultura para se impor.

Ainda António Gedeão:
“Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o imenso fluxo de milhares de quilovates
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.”


A árvore de Natal correspondia aos novos modelos consumistas.
(…)
O mistério do Natal ficava esvaído de espontaneidade, inventiva e sentimento. Desligava-se do que a história tinha feito.”

É mais um dedo apontado à perda de valores que se acentua mais de ano para ano…

Recuperação?!... Como é possível??!!...

DECO preocupada com gastos dos portugueses.
A associação de defesa do consumidor DECO está preocupada com os gastos feitos pelos portugueses nas compras de Natal.

O valor movimentado em levantamentos e pagamentos em lojas apenas em Dezembro seriam suficientes para pagar o futuro aeroporto da Ota.
Em declarações à TSF, o secretário-geral desta associação de defesa do consumidor entende que o balanço é preocupante e que “os consumidores continuam a ir em algumas miragens do compre agora e pague qualquer dia”.
“A verdade é que todos os dias nos aparecem mais famílias sobre-endividadas…”
Entre pagamentos e levantamentos, só no mês de Dezembro, foram movimentados quatro mil milhões de euros, 1,4 mil milhões dos quais apenas na semana antes do Natal, o equivalente ao que o Estado quer poupar em 2007 em despesas com os funcionários públicos.
“…os portugueses gastaram por dia na semana antes do Natal 194 milhões de euros (valor mais do que suficiente para pagar a Casa da Música), 110 milhões dos quais resultantes de pagamentos feitos em lojas.”
TSF online
27.12.2007
11:41


Assim, não vamos lá!...
Já ninguém se lembra do ditado popular "No poupar é que está o ganho..."
...se calhar nunca ouviram falar dele...

Setubalense - 1947

Eis alguns títulos e notícias do Setubalense...há quase 50 anos!

09-06-1947
Crise
A Delegação em Setúbal dos Abastecimentos previne que está em distribuição o azeite do corrente mês,a 3 decilitros por pessoa.


14-06-1947
Declaração de José Fernandez Diaz, anunciando ter tomado por trespasse, em escritura de 31 de Maio, a Benito Alonso Henriques, o Café da Brasileira.


21-06-1947
Delivrance
No Hospital da Cuf deu à luz uma interessante menina, a Exª Srª D. Alda Cardoso Santos Victor, dedicada esposa do sr. Dr. Manuel Santos Victor, Ilustre Delegado do Procurador Geral da República, em Setúbal.

16-07-1947
Liceu Bocage
O Liceu de Setúbal, por Fidelis Magister.
Artigo de fundo sobre se, no futuro do Liceu Bocage, haverá só 5 anos ou também os cursos complementares.

19-07-1947
A Srª Duarte de Peron visitou Setúbal.
...esteve hoje nesta cidade, a esposa do Presidente da República da Argentina, srª D. Eva Peron, acompanhada do Corpo Diplomático do seu país, de D. Fernanda de Castro, António Ferro, Guilherme de Carvalho e António Eça de Queiroz, do Secretariado Nacional de Informação.

23-07-1947
Educação
A grande reunião de ontem à noite, na Câmara.
Na Sala das Sessões, o Dr. Miguel Bastos reune as forças vivas da cidade, para que a cidade solicite ao Ministro da Educação Nacional a elevação do Liceu de Setúbal à categoria de Liceu Central, na nova Reforma a sair muito em breve.


28-07-1947
História
A Casa onde nasceu Bocage
Sr. Director
Li há dias n'"O Setubalense" que a casa onde nasceu Bocage merecia ter outro destino. Pois bem, o destino que deve ter é aquele para que foi doado à Câmara. Se há gente esquecida peço licença para lhe avivar a memória:
A Casa onde nasceu Bocage foi vendida em praça, no Tribunal Judicial desta comarca, no inventário de maiores a que se procedeu por falecimento de Maria da Conceição Pepe Leite, no dia 10 de Abril de 1887.
Adquiriu-a Manuel Joaquim da Costa para o seu constituinte e engenheiro françês Edmond Bartissol (Visconde de Bartissol) que depois a ofereceu à Câmara com a condição de nela se estabelecer uma Escola ou Biblioteca.
Esta compra foi feita por alvitre do Poeta setubalense Manuel Maria Portela ao Procurador que junto do constituinte, de quem era amigo, conseguiu que a casa ficasse como está, na posse da Câmara. Ora, como a casa para Escola não serve porque lhe falta cubicagem, talvez se pudesse instalar uma biblioteca popular onde figurassem as obras do grande Vate.

02-08-1947
Realizou-se na Capela de S. António, no passado dia 31, e no meio da maior intimidade, o casamento de D.Maria Idalina Cardoso, com o sr. José Gonçalves Miguens.


06-08-1947
Crise
"Os pipis"
Os pipis têm entrado em todas as casas, até as de melhores recursos...


11-08-1947
Liceu Bocage
Para que o Liceu de Setúbal seja elevado a central.
Os srs. Dr. Francisco Figueira e Dr. Miguel Rodrigues Bastos dão conta, numa 2ªreunião das Forças Vivas da cidade, do teor da exposição ao Sr. Ministro da Educação Nacional. ...
Para melhor esclarecimento regista-se o movimento de matrículas no Liceu referido: Ano Escolar de 1928/29 -- 225 alunos matriculados
Ano Escolar de 1929/30 -- 228 alunos matriculados
Ano Escolar de 1930/31 -- 228 alunos matriculados
Ano Escolar de 1931/32 -- 230 alunos matriculados
Ano Escolar de 1932/33 -- 256 alunos matriculados
Ano Escolar de 1933/34 -- 283 alunos matriculados
Ano Escolar de 1934/35 -- 287 alunos matriculados
Ano Escolar de 1935/36 -- 261 alunos matriculados
Ano Escolar de 1936/37 -- 272 alunos matriculados
Ano Escolar de 1937/38 -- 276 alunos matriculados
Ano Escolar de 1938/39 -- 245 alunos matriculados
Ano Escolar de 1939/40 -- 208 alunos matriculados
Ano Escolar de 1940/41 -- 196 alunos matriculados
Ano Escolar de 1941/42 -- 197 alunos matriculados
Ano Escolar de 1942/43 -- 218 alunos matriculados
Ano Escolar de 1943/44 -- 223 alunos matriculados
Ano Escolar de 1944/45 -- 252 alunos matriculados
Ano Escolar de 1945/46 -- 299 alunos matriculados
Ano Escolar de 1946/47 -- 333 alunos matriculados

20-08-1947
Crise
Aumenta a capitação do azeite. Nos meses de Setembro e Outubro, a capitação do azeite é de meio litro, em cada um desses meses e por pessoa.


25-08-1947
Aquela rua dos Ourives...
...os comerciantes concordam com a supressão do que é incómodo, perigoso e lhes enche as casas de poeira.(referindo-se ao trânsito).
Isso, porém, ainda é o menos. Há dias o sr. Ariovisto José Valério foi arremessado ao chão por uma cavalgadura (sic, sem aspas...) que, montando uma bicicleta praticou tal façanha, tendo aquele senhor ficado ferido num joelho e num braço.
...no entanto a Câmara que devia defender os seus munícipes não pensa na solução do problema.

03-09-1947
Crise
Capitações
Já estão à distribuição os géneros alimentícios para o mês corrente e cuja capitação é a seguinte:
Açucar - 1 kilo
Arroz - 400 grs.
Sabão - meio kilo
O óleo de Agosto deve ser distribuido dentro da primeira quinzena, aguardando-se apenas a sua entrega pelo fabricante.

06-09-1947
Crise
Setúbal vai presenciar no próximo dia 28, um majestoso cortejo de oferendas, a favor da sua Misericórdia.
A Organização é constituída por:
Dr. Luís Cabral Adão
Sr. Guilherme Faria
Dr. Rogério Claro
sr. Manuel Prazeres Teixeira
sr. Leitão Ferreira.

08-09-1947
Enlace Matrimonial
Na Capela do Sr. Jesus do Bonfim, realizou-se ontem o enlace matrimonial de D.Maria Antonieta Paes Cabral...com o sr. Joaquim dos Santos Elias.


17-09-1947
Casamento
Na Capela das Aparições em Fátima, realizou-se o enlace matrimonial de D.Maria Helena Lopes Pacheco, com o sr. Olímpio José Mosca Ovelha.

Aniversários

Faz anos hoje, a Zézinha da Polida.

No Porto em 1958

A Maria José Folgado Pereira é uma boa Amiga.
Estivemos ambos no Jardim Escola João de Deus em Castelo Branco.
Fomos colegas e Amigos durante todo o Liceu que acabámos no mesmo ano e na mesma turma.

Foi na Quinta da Polida, onde os pais moravam, que um grupo de alunos daquele 7ºAno preparou os Exames Práticos de Ciencias Naturais. Numa bancada ao ar livre "consultámos" os "interiores" da Rã, da Minhoca, do Pombo e do Coelho...
Continuámos uma bela Amizade quando estudámos em Lisboa e no Porto, até 1958.
Voltei a estar com a Zé e com o marido Nuno em sua casa na Sardoeira em 1975 e voltei a vê-los quando festejámos os 25 Anos do nosso 7ºAno, em 1978.

Em 1978 - 25 Anos depois do 7ºAno

Sem nunca deixar de ter notícias suas, não a vejo desde esse dia.
Mas hoje quero deixar aqui um cumprimento especial de aniversário.

Parabéns, Zézinha!...

26 dezembro 2006

Maio 1948 - 5ºAno

Um grupo de alunas do 5ºAno do Liceu Nun'Álvares, em Castelo Branco, nas escadinhas do pátio do Liceu.

Na 1ªfila - a Lúcia Morcela Magno, a Maria Celeste Catana, a Alcinda Maria Boavida, NN, NN, a Maria Helena Andrade (Bijou), a Maria do Carmo Beirão, e Maria Teresa Vilela.
Na 2ºfila - a Maria Gabriela Ribeiro do Rosário e a Maria José Salavessa.
Nas filas de trás - de pé, a Maria José Castanheira e a Maria Stella Prata Monteiro; e entre elas reconhecemos, da esquerda para a direita, a Maria de São José Gonçalves Mendes, NN, a Maria da Piedade Reis Garcia, a Manuela dos Santos Monteiro (meio encoberta), a Ermelinda Descalço Ceia, a Maria Alexandrina Pereira, a Maria Adelaide Costa, a Esmeralda Niza Vaz, a Maria Antunes Carvalho Jerónimo e a Maria de Lurdes Paisana.

25 dezembro 2006

Dia de Natal 1970

Castelo Branco acordou cheia de frio e com um maravilhoso manto de brancura.
Faz hoje 36 anos, durante a noite inteira, a neve caíu copiosamente em toda a região.
A cidade estava linda quando acordámos no dia de Natal...


Um "tunel" no passeio da Avenida Nun'Álvares
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O portão do "quintal" da Câmara Municipal

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No Jardim do Paço

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Amato Lusitano cheio de frio...

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O Jardim Alagado

A noite de Natal...

S. Salvador
24.12.2006 21:27
Um óptimo Natal cheio de coisas boas para todos e que não se esqueçam que nós não estamos aí fisicamente mas estamos em pensamento!... E, claro, a Mãe também está no pensamento de todos nós e a abençoar este Natal!
Beijinhos
Madalena e Pedro

Setúbal
25.12.2006 02:30
Sentimos esta Noite a vossa presença e, muito especialmente, a presença da vossa Mãe. Agora vou enxugar as lágrimas e pensar nela com alegria pois ela bem o merece.
Beijinhos do Avô.

Natal de 1986

Eu estou apenas noutro lado,
Continuem a rir daquilo que juntos nos fazia rir.
Brinquem, sorriam, pensem em mim,
O “fio” não foi cortado.
Porque é que eu,
Estando longe do vosso olhar,
Estaria longe do vosso pensamento?
Espero-vos, não estou muito longe,
Somente do outro lado do caminho.
Como vêem,tudo está bem.

24 dezembro 2006

Natal 2006

Leio sempre "A Casa Encantada" de João Bénard da Costa.

Com o título NATAL 2006, hoje, domingo e véspera do Nascimento do Menino, também ele aborda este assunto actual de tanta importância que é o "respeito" pelos outros credos... Não pelo nosso!


João Bénard da Costa


"Este Natal surgiu um imprevisto.As minhas netas mais novas - a Vera de seis anos e a Leonor de oito - chegaram da escola bastante perturbadas. A professora - custa-me chamar-lhe assim, mas parece que é essa a profissão que lhe dá alimento - dissera-lhes que essas histórias de Natal, Pai Natal, presentes e Menino Jesus eram tudo tretas e que estavam em boa idade de deixar de acreditar nelas.

As mães respectivas esforçaram-se a convencê-las que elas tinham percebido mal e que, em 2006, como em todos os Natais de que elas se lembram, o Menino Jesus voltaria a pôr-lhes nos sapatinhos os presentes que elas pedissem e merecessem. Ambas verificaram que foram vencedoras fáceis. Não pelos argumentos que usaram, não pela natural superioridade da palavra materna sobre a palavra escolar, mas porque elas queriam ser convencidas, porque elas não queriam outra coisa senão continuar a acreditar.

Mas perguntei-me por que é que em três gerações (a minha, a dos meus filhos e a dos meus netos) era a primeira vez que a origem dos presentes de Natal não resultava de uma descoberta própria - mais ou menos dolorosa, mas própria -, mas fora denunciada por uma "professora", ou por alguém que ocupa essas funções, que se achava no direito - talvez no dever - de desmentir os pais e de entrar na esfera privada da vida das crianças que é suposto educar.

A professora das minhas netas profanou uma inocência e interferiu onde não podia nem devia interferir. Meteu-se no meu Natal e esse direito nunca lho dei, nem nunca lho deram os pais das crianças. Ao que ela fez, entre muitas outras palavras feias, chama-se abuso de poder. Abuso de poder sobre uma criança é uma das piores coisas que se podem fazer."

E mais à frente, J.Bénard C. entrava no assunto que vai dominar o entendimento e o respeito com que devemos encarar as Crenças existentes.

"A própria palavra Natal está a ser progressivamente banida, em nome do respeito pelos que não nasceram nem cresceram com raízes cristãs.

(...) calculo, sem excessivo pessimismo, que dentro de dez anos qualquer termo com directa ou indirecta referência a Cristo ou à Natividade seja abolido ou se confine a esferas estritamente privadas. Simultaneamente, qualquer alusão menos respeitosa a crenças alheias será rigorosamente vigiada e punida. O que está em causa não é uma guerra contra a religião (como sucedeu, por exemplo, nos tempos da revolução francesa ou soviética), mas contra uma cultura, assumindo-se a nossa como a cultura culpada ou a cultura culposa.

(...) Ajoelhamos perante valores alheios e cuspimos nos nossos. Mais algum tempo, mais alguma abdicação e, quando olharmos para trás, crentes ou agnósticos, não ficou nada. Ficou o vazio. Outros o ocuparão."

Que mais podemos acrescentar a estas palavras certeiras? Talvez, e apenas, que a "professora" da Vera e da Leonor deve estar completamente convencida que é Professora...

O Natal na Beira Baixa...

Menino Jesus

Oh! Meu menino Jesus...
Oh! Meu menino tão belo
Logo vieste nascer
na noite do caramelo...

Entrai pastores! Entrai...
Por esse portal sagrado
Vinde ver o Deus Menino
Numas palhinhas deitado...


Entrai pastores! Entrai...
Por esse portal a dentro
Vinde ver o Deus Menino
No seu santo nascimento...

Coro:

Natal! Natal!...
Natal! Natal!...
Filhoses e vinho
não fazem mal...

Eu hei-de mandar fazer
Uma fita p'ró chapéu
Também ele me há-de dar
Um lugarzinho no céu..

Alegrem-se os Céus e a Terra
Cantemos com alegria!...
Que já nasceu o Menino
Filho da Virgem Maria...

Jorge Luís Almeida Serra

No dia do Almoço de Natal, realizado no Liceu no dia 19 de Dezembro, ouvi um "raspanete" do Jorge Serra, tal como eu, Professor daquela Escola até há poucos anos atrás.

O Jorge Serra foi meu aluno há "alguns" anos e, tendo acesso a este meu "blog", constatou que a fotografia dele referente àqueles anos áureos em que frequentou o Liceu como aluno, ainda não tinha aparecido... Ao contrário de tantos outros!

Conheço o Jorge Serra desde 1959 mas ele só foi meu aluno quando chegou ao 6ºAno, em Outubro de 1960.

Fazia então parte de um grupo de alunos integrados na Turma A do 6ºAno, onde tinho o nº20.
No ano lectivo seguinte, já no 7ºAno, era o nº19 da Turma B.

Acabou por ir parar à área das Belas-Artes e tornou-se um excelente professor de Desenho e orientador de Estágios Pedagógicos, aqui na "nossa" Escola.


Teria alterado o rumo da sua vida já que, por essa altura, a alínea f) lhe dava acesso à área das Ciências e não à das Belas Artes e Arquitectura. Para seguir este rumo teria de frequentar a alínea h) [Artº5º f) e h), do Decreto-Lei nº36507]. Aliás, a única diferença, em termos de disciplinas no 3ºCiclo, era a substituição da disciplina de Ciências Naturais (a minha) pelo Desenho (Geometria Descritiva) que era dada pelo Dr.Joaquim Arco.

O tempo passa tão depressa que, sem darmos conta, já estamos ambos na prateleira...
Mas, antes nesta do que noutra! Não concordas comigo, Serra amigo?...

O Jorge Serra em Outubro de 1960

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O Jorge Serra em 19 de Dezembro de 2006

.Não resisto a mostrar esta fotografia que foi cedida pela Eugénia Catraio Minderico.Lembras-te disto, Jorge Serra?

O Jorge Serra à direita. Reconhecemos o Luís Filipe Gusmão Gonçalves Martins e a Maria Ermelinda Tavares, junto do Jorge Serra. Lembro-me muito bem da outra aluna mas... não consigo lembrar o nome. Espero que o Serra se lembre e me diga qualquer coisa.

23 dezembro 2006

30.Abr.1947

Um grupo de alunos, da Turma A, do 3ºAno, rodeia a professora de Educação Física Maria Sofia Guimarães, ainda no Liceu Velho.


Os alunos da Turma A do 3ºAno

Ajudem-me!
Apenas consigo identificar algumas das figuras... A Clotilde Botelho, (a segunda a contar da esquerda) a quem pertence esta foto, o Alberto Guilherme Alves (o Chefe,o mais alto lá atrás) o Carlos Leandro Gomes (Carlinhos da Rosel, sozinho à frente), a Maria Austrália Neves, a Susete Pereira Rica e a Maria da Conceição Gonzalez Léon (ao centro na primeira fila).
A D.Maria Sofia conheci-a um ou dois anos depois, quando ela foi colocada no LIceu de Castelo Branco. Esta professora acabou por se radicar naquela cidade sendo ali conhecida por Maria Sofia Pinto Cardoso por ter casado com o irmão do Malé e do Pedro, o José Pinto Cardoso. Creio que faleceu há poucos anos.
Os outros professores desta turma eram:
O Dr.António Manuel Gamito, a DrªNatália Dias Tavares, a DrªJosefina Laura Lopes, o Dr.Lacerda Ferreira, o Dr.António Bandeira, a DrªFernanda Piedade, o Padre Mário de Carvalho, o prof. de Música sr.Armando Gomes, a D.Maria Sofia Guimarãese o prof. de Educação Física, Orlando Serradas Duarte.

22 dezembro 2006

Ofensas de Natal

Jornal "Público"
22.12.2006

Constança Cunha e Sá
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Também Constança Cunha e Sá, na sua coluna semanal das sextas-feiras, aborda o mesmo problema. E em dado momento escreve:
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“Mais do que um sinal de fé, o presépio ou a árvore de Natal são tradições ou costumes que não correspondem obrigatoriamente a uma crença religiosa específica, não podendo, portanto, “ofender” os que não partilham de algo que não existe”

Um pouco mais adiante, continua:


“O zelo com que é levado a cabo este exercício de limpeza, impede os seus praticantes de perceberem que os símbolos do Natal, como a maior parte dos símbolos que passam por religiosos, perduram para além das suas ligações ao sagrado e fazem parte do património cultural que não é exclusivo de uma comunidade.”
(…)
“Retirar a árvore de Natal de um local público(…) ou impedir a construção de um presépio como aconteceu na escola de Saragoça(…) revela uma intolerância cega …”

Há muita cobardia...

Hoje, no Editorial do jornal Público, Nuno Pacheco acertava um dardo contundente no “medo” que se passou a ter pelas “outras” crenças.

“…Numa escola de Saragoça, cancelou-se a festa natalícia para não ofender “crianças não - cristãs”


“ Em Málaga, a pretexto de não serem permitidos símbolos na escola pública de um país laico, a directora de um colégio deitou para o lixo um presépio feito pelos alunos da aula de…Religião (estranho como não deitou fora também, os próprios alunos e a professora de uma aula não laica).”

Um pouco mais adiante, Nuno Pacheco escrevia:

"O presépio, mesmo na mais laica das escolas, deveria servir para aproximar as crianças através do conhecimento das histórias e crenças que invoca, das observações de tradição que nele se revêem e não revêem, do respeito pelas diferenças. Deitá-lo para o lixo é semear nas trevas da ignorância, o ódio.
(…)
A Europa precisa de cidadãos livres: nos seus hábitos, nas suas tradições, nas suas crenças.”


É tão claro que não necessita de comentários!

O Distrito de Setúbal faz hoje anos

Ainda vai a tempo…
Neste dia 22 de Dezembro, presto homenagem à Avenida onde morei durante 33 anos.
Quando a percorri a pé esta manhã, a caminho da Baixa, estabelecemos um diálogo interessante... Mudo da minha parte, surdo da parte dela! Foi uma conversa curiosa…

Uma Carta prometida...

É a única fotografia que tenho do Zé Matos enquanto aluno do nosso Liceu.
Foi obtida quando ele frequentava o 2ºano, numa excursão acompanhada pelo professor de Matemática, Dr.Salvador Ricardo da Costa. Corria o ano de 1965.
Cinco anos depois, já mais amadurecido, o Zé Matos escrevia a Carta que se segue.

José M de Matos

Em 12 de Outubro de 1970, o Setubalense apresentava uma Carta escrita por um aluno do 7º Ano do Liceu de seu nome José Matos.Dizia assim:


Carta Confidencial a uma Cidade que eu amo
Setúbal, 9 de Outubro de 1970

Não começo pelos habituais cumprimentos e desejos de boa saúde, que são apanágio das cartas vulgares, que se escrevem com uma determinada intenção, que ocupa pouco espaço, enquanto se divaga largamente pelos cumprimentos.

Não, não te escrevo para te cumprimentar nem para te desejar saúde, ainda que talvez o precisasses.


Eu queria agradecer-te Setúbal, a inteligência das coisas que me deste…”. Como deves ter reparado estou a parafrasear um dos meus poetas preferidos. Lá vens tu com a poesia, dir-me-ás.

Não, cidade, eu não quero falar-te de poesia, se bem que tu precises de compreender que a Poesia não significa andar a falar às avezinhas nem passear com os pés uns palmos acima do solo.

Se te falar de poetas, será dos que dizem que “Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio… e muito mais que se não diz por ser verdade… o Poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade: Abaixo o mistério Poesia”, Mas não só desses. Também dos que reconhecem que “ A lua não tem olhos” e requerem alguém “que vá pintar os olhos à lua”. E também de alguns mais simples que dizem apenas:”Eu amo as mulheres do meu País”.

Eu quero ir direito ao assunto, cidade amiga. Eu acho que tu és bem a imagem do nosso país emergentemente em vias de desenvolvimento. Tu representas bem o bicho disforme do subdesenvolvimento insatisfeito que se quer promover. tens o corpo cada vez mais crescido, talvez duma maneira não muito harmoniosa. Mas a cabeça, cidade! Precisas de ter também uma cabeça que seja bem feita exteriormente e com miolos lá dentro.

Tu vives em ti o drama de te sentires chamada a um “mais” e teres de viver mediocremente, porque o espírito ainda anda no ar e não sabe para fazer desenvolver harmoniosamente o corpo.

Mas eu queria agradecer-te qualquer coisa que não sei bem explicar. Eu sinto que foi em ti que eu tomei conta de certo número de problemas que se põem às pessoas do País nosso amado.

Nas tuas fábricas sente-se o progresso tecnológico que quer muito justamente introduzir-se na tua vida.

Mas logo uma pessoa vagueia pelos teus bairros de lata (ponto de reflexão para os leitores intrometidos desta carta que eu queria pessoal: Em Setúbal ainda há bairros de lata) e se dá conta que a riqueza ainda não é para todos e que o maior mal é a sub cultura da maior parte das tuas gentes.

Sabes uma coisa, Rainha do Sado? Gosto da tua beira-mar e das tuas praias, mas desgosta-me ver fábricas e indústrias na região com um rio muito liricamente turístico, e um porto vazio à espera de movimento. As pessoas complicadas que ambos conhecemos, chamaram à causa disto o Ad Valorem. Depois acabaram com ele e criaram uma outra coisa qualquer. Como diria a nossa amiga de brincadeira, a Mafalda: - Malditos burocratas!

Mas continuemos. Foi em ti que primeiramente me dei conta que também havia e há problemas no Ensino no nosso país. Eu não sabia que nome se dava a essas coisas. No entanto, eu e os meus colegas sentíamos que grande parte dos nossos condiscípulos vinham de fora estudar, porque não tinham o pão da cultura nos seus sítios.

Estamos sempre a aprender como vês. Na entrada para o liceu, eu e os meus colegas vimos que muitos dos que tinham sido nossos colegas na Instrução Primária não o eram agora, tendo uns deixado de estudar e outros ido para a Técnica. Chamaram a isso o Acesso à Cultura e a Necessidade de Democratização do Ensino.

E durante a vida de liceu aprendi muitas coisas para além das aulas. Com professores, colegas, etc. Como deves calcular, chegado a uma certa altura não pude ficar só a olhar para o mundo pequeno do liceu e do ensino. Desci a Av. Rodrigues Manito e vim à cidade. Eu e outros colegas. Fomos a sessões culturais aos jogos de futebol, às tuas praias, à beira-mar, aos teus subúrbios. Vimos e aprendemos. E disso não nos podemos olvidar.

Eu vi então que as tuas gentes não praticam muito desporto mas vivem para o seu Vitória Não os vi equipados, mas enchiam as bancadas, barafustavam e gritavam, extenuavam-se e escondiam-se atrás de um nome e de uma bandeira.

Desculpa, cidade, que to diga, mas eu gostava que as tuas pessoas fossem mais pessoas.
Durante toda esta experiência eu percebi que só participando se pode aprender. Ainda recentemente participei (embora pouco) no recenseamento dos teus fogos. Calhou-me uma das freguesias mais populosas e, deves reconhecê-lo, atrasadas – S.Sebastião.
“Nós andamos a fazer o recenseamento “. “Que raio de coisa é essa do recenseamento”? Em vez de 5 minutos demorava-se meia hora ou três quartos de hora. Ouvi então coisas que eu não suspeitava que as tuas gentes soubessem. Precisavam de contar a alguém as aspirações, necessidades e problemas que sentiam lá no fundo. Não os contavam às vizinhas, porque são rivais naquilo a que os ingleses chamam e tu sabe-lo bem “the struggle for life”.

Surgiram então as perguntas, que tiveram como resposta um Não perplexo e ao mesmo tempo interessado pelas propostas concretas que as pessoas faziam.

Vêm cá mandar a gente caiar as barracas?”, “Isto é para pôr água e luz?”, “Ai, não é para isso? Então já sei, é para pôr número nas portas e dar nome às ruas”.

As vivendas – barracas e as avenidas – azinhagas queriam coisas. Devem sentir-se mal, mesmo ao pé do Bairro da Caixa, como é conhecido, e cujo nome é Centro Residências Marcello Caetano.

Eu queria dizer-te mais coisas mas não me lembro. Podes ter a certeza que te amo. Melhor, amo as tuas pessoas e espero que elas cresçam e se tornem adultas. Tu podes fazer qualquer coisa por isso, e era a maior satisfação que davas a quem contigo aprender coisas belas, porque mesmo belas em si, ou belas pelos ensinamentos que contêm.

Adeus e até sempre.
José de Matos

21 dezembro 2006

Os Livros de Despedida - 1945

Tinha escrito na capa, em letra grande

“Ao Partir…”

e lá no alto, à direita, em letra miudinha, lia-se:

“Quem parte leva saudades
Quem fica saudades tem.”

As primeiras recordações que tenho do Liceu Nun’Álvares são as caras destes alunos!
Quando eu, cheio de respeito e temor como eram os "caloiros" antigamente, me preparava em Agosto de 1945, para fazer o Exame de Admissão ao Liceu, estes alunos andavam também em bolandas a terminar os exames do 7ºAno…
Eles eram os finalistas de 1944-45.

O Livro iniciava-se com dois sonetos, ambos da autoria do João Salavessa.
"Aos nossos Pais" e "Aos Amores"


Muitos nomes conhecidos figuram neste Livro de Despedida, como o da Leonor Crespo, da Maria do Céu Lemos Viana, do Hermínio de Carvalho, da Ana Escolástica, da Emília Ferreira Pinto, da Mariana Goulão, da Cecília Sales Viana, da Luísa Almeida Esteves, do Amândio Honorato, do Maia Mendes, do António Milheiro, o Artur Marques Maia, o Gentil, o Pinto Castelo Branco, o Castelo Lopes, o Manuel Castelo Branco e o Vasco Geraldes Cardoso, muitos deles aqui representados pelas suas caricaturas.

Entre eles, dois grandes "artistas" da caricatura: o Adelino Robalo Cordeiro (filho mais novo do meu futuro professor de Françês) que caricaturou o Fernando Semedo... e o Fernando Correia Semedo, que fez a caricatura (excepcional!, diga-se de passagem) do Robalo Cordeiro.

Este é o Adelino Robalo Cordeiro

e este é o Fernando Semedo

Seguem-se alguns "bonecos" de outros tantos finalistas:

Manuel da Silva Castelo Branco

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O Amândio Martins Honorato

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A Emília Ferreira Pinto

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O Gentil Neves da Silva

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A Maria Cecília Sales Viana

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O José Pinto Castelo Branco era o "Comandante de Bandeira" da MP

Setubalense - 1950

No 2º trimestre de 1950 encontrámos algumas notícias curiosas...

09-04-1951
Novo prior da Anunciada
O Reverendo Manuel Neves foi nomeado prior desta freguesia.

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18-04-1951
Morre o Marechal Óscar Fragoso Carmona.

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30-04-1951
João Lúcio
Brevemente deverá prestar provas no Éden Teatro, no concurso da APA, para o que já está apurado como finalista na modalidade de "Cançonetista" e de "Declamador", do campeonato de vedetas.

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30-04-1951
Liceu Bocage
Visita de Estudo à SAPEC
As alunas das turmas A e B, do 5ºAno do Liceu Nacional de Setúbal, acompanhadas do sr. Vice Reitor, Dr. Mendonça e Costa e da professora D. Zulmira, estiveram, no sábado, nas instalações da SAPEC, tendo admirado a preparação do ácido sulfúrico, o movimento dos teares mecânicos, etc, etc.

À saída do Liceu esteve presente o sr. Reitor, Dr. Mendes Dordio que fez votos para que da visita fossem colhidos os melhores ensinamentos.
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05-05-1951
O II Centenário do poeta setubalense Tomás António dos Santos Silva
foi ontem evocado pela Câmara Municipal numa conferência proferida pelo sr. Dr. Hernani Cidade.
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09-05-1951
Crise
Em Setúbal desenha-se há longo tempo uma situação económica nada agradável, agravada, claro, com o preço dos comestíveis especialmente no mercado abastecedor.

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12-05-1951
Álvaro Perdigão expõe nas Belas Artes.
Todos os leitores o conhecem. O Álvaro foi sempre um belo rapaz, uma jóia mesmo. Há muitos anos - nem já nos lembra quantos - começou a pintar e, com Celestino Alves, Luciano e Carlos Alberto, formaram como que um cenáculo artístico a que o Setubalense deu então todo o seu concurso.
...Depois cada um seguiu o seu destino, repleto de triunfos, mas também com bastantes espinhos. Perdigão esteve há pouco na Ilha da Madeira. Um sucesso. Rica exposição de que os jornais do Funchal falaram muito.
Agora voltou a expor na Sociedade Nacional de Belas Artes.
Inaugurou o certame, S.Exª o Sr. Subsecretário de Estado da Justiça.
Outro sucesso na pintura.
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19-05-1951
Militar Augusto de Carvalho
…Foi promovido a Coronel e colocado como Chefe do Distrito de Recrutamento e Mobilização nº11, o nosso distinto Amigo sr. Augusto de Carvalho que, até quarta feira, foi o 2ºComandante do R.I.11.
Quando S.Exª, em 1922 veio para Setúbal, tinha, apenas, um ano de tenente, tendo aqui feito a sua carreira.
Além de militar distinto, Sua Ex.ª é um conceituado professor, sendo ainda Director de Externato "Frei Agostinho da Cruz".

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26-05-1951
As "Bodas de prata" do Distrito.
A Comissão executiva das Comemorações é assim constituída:
Dr. Miguel Rodrigues Bastos
Dr. João Neves
Eng. Pereira Beija
Eng. Luís da Fonseca
Eng. Jorge Sequeira
Cap. Jacinto Frade
sr. Guilherme Faria
sr. Mário Ledo
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30-05-1951
Enlace Matrimonial

Na Capela do Sr. Jesus do Bonfim, efectuou-se o enlace matrimonial de D.Maria Paulina Forte Faria...com o sr. Carlos Afonso Albino Gonçalves.

20 dezembro 2006

O Tríptico de Luciano

A propósito da notícia da morte de Luciano, que aqui referi há uns dias, cheguei à conclusão de que o meu blog... vai tendo alguns leitores. E leitores interessados pelas coisas que dizem respeito à nossa Cidade.

Um dia destes, ao cruzar-me na Baixa com o Quaresma Rosa, com quem conversei um pouco, sou informado que poderia fornecer-me a data em que tinha sido inaugurado o Tríptico que está no Salão Nobre da Câmara.

Tinha tido conhecimento da morte do pintor através da notícia do"blog". E lá levava umas fotocópias do meu "escrito" que lhe haviam sido disponibilizadas pelo comum Amigo e meu antigo aluno António Cunha Bento. Prometeu que me faria chegar às mãos aquele dado que me faltava mal tivesse oportunidade.

Esta tarde o Cunha Bento contactou comigo para me fazer chegar às mãos a informação que o Quaresma Rosa tinha para mim. Prometeu e cumpriu!... Aliás, outra coisa não seria de esperar.

E esta informação que hoje me chega leva-me a pensar que "ando a perder qualidades"... Então não é que tenho em casa o livro que me citam, e que eu folheei na altura, no qual está escrita, preto no branco, a data que eu tanto procurei?!...




Aproveito esta oportunidade para transcrever, de Óscar Paxeco, no seu "Roteiro do Tríptico", as palavras com que termina a sua tão útil obra:

"Sob a presidência de Sua Exª o Ministro da Educação Nacional, Senhor Professor Doutor Francisco Leite Pinto foi o mesmo Tríptico inaugurado no dia 9 de Janeiro de 1957, aniversário do nascimento da grande Cantora Luisa de Aguiar Todi, sendo a Câmara Municipal de Setúbal constituida pelos srs.: Dr.Jorge Carlos Botelho Moniz (Presidente); Dr.Manuel Seabra Carqueijeiro (Vice-Presidente) e Dr.Eduardo da Costa Albarran, Afonso Henriques Rocha, Dr.Joaquim Arco, Eng.António Barroso, Joaquim Rodrigues Simões e Dr. Henrique Chancerelle de Machete, vereadores."

As minhas fotos preferidas 3

Açude em Sarzedas - Castelo Branco
Foto tirada em 25.12.1969


19 dezembro 2006

O Tom & Jerry estão órfãos...

Tinha 95 anos!

Tom & Jerry



William Hanna e Joseph Barbera (à esq.) posam para a fotografia
rodeados das suas criações mais famosas, como
Tom e Jerry, Zé Colmeia e Os Flintstones.


William Hanna morreu em 2001.
Foto: Douglas Pizac/AP

Em Portugal há um só homem que manda ...

...e a ele todos se dobram!

(...)
Quase ano e meio depois o que então se escrevia a propósito de lugares de nomeação governamental assumiu dimensões novas, quando assistimos à destruição pelo actual Executivo de uma das entidades reguladoras que sempre actuara com independência, à substituição do seu presidente por um antigo governante do PS e, pior ainda, à tentativa de silenciamento do homem que se limitou a fazer o que devia, Jorge Vasconcelos. Ao recorrer a um artifício legal para impedir uma audição parlamentar que podia ser desconfortável para as teses do Executivo, os homens de José Sócrates - neste caso, Manuel Pinho, ministro da Indústria, e Augusto Santos Silva, ministro dos Assuntos Parlamentares - não só criaram um vazio na presidência de entidade reguladora, como demonstraram um total desrespeito pelo Parlamento e um irreprimível instinto controlador, pior, limitador da dissidência e do confronto de opiniões. O Parlamento, se quiser manter a sua honra, terá agora de chamar Jorge Vasconcelos enquanto cidadão e não como presidente, se bem que demissionário, da Entidade Reguladora do Sector Energético. Para isso o PS terá de dar o seu acordo - mas, se não o der, ficamos esclarecidos: em Portugal há um só homem que manda e a ele todos se dobram, mesmo os que juram nunca dobrar a espinha e violar princípios elementares do convívio democrático.

In Público
Editorial
José Manuel Fernandes

O Restaurante "A Faca"

A meio da rua Arronches Junqueiro, antiga rua de S.Sebastião, à direita de quem sobe, no nº71, fica o Restaurante "A Faca" que ultimamente frequento com alguma regularidade.
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O nº71 da rua Arronches Junqueiro

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Simpático, aconchegado, com uma cozinha muito boa, ali se juntam imensas pessoas na hora do almoço, algumas vindas de bem longe. Comerciantes, bancários, reformados e muita outra gente habituada há muito a procurar a união do bom com o barato, este cantinho da rua para o Miradouro enche sempre à hora do almoço. Gente que entra mais cedo... gente que almoça só depois das lojas fecharem... o certo é que o restaurante fica cheio em pouco tempo. E isso é bom sinal... sinal de que se come bem e os preços não afugentam.
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A sala do restaurante
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Dispersos nas paredes da sala, dão nas vistas três bonitos painéis de azulejo.
Um representando o Largo de Jesus, outro mostrando a Praça de Bocage e um terceiro com uma imagem da antiga Doca das Fontaínhas mostando o baluarte junto ao rio.

O painel da Doca das Fontaínhas.

A entrada, logo no início da sala, a montra frigorífica com os peixes frescos a piscarem o olho a quem entra...

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Na cozinha, no outro extremo da sala, um trio de profissionais que sabem bem qual é o seu papel..

Ao centro a cozinheira D.Laura Firme, ladeada pela auxiliar D.Verónica e pela filha Sandra que nos serve à mesa com toda a eficiência.