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01 dezembro 2006

Notícias do "Setubalense" - 1949

02-05-1949
3º Serão de Arte
A 7 de Maio realiza-se no Grande Salão de Recreio do Povo, o 3ºSalão de Arte.
Será uma festa caracteristicamente infantil.
Fará a apresentação Maria Manuela Madruga Antunes.
Não é de mais louvar a proficiente actuação de D.Maria Amélia Amil Matta cujas alunas, na sua maioria de 4 a 6 anos, exibir-se-ão em delicados motivos coreográficos.

O grupo é constituído por: Fernando Carlos Fuzeta da Ponte, Maria do Carmo Parreira Gago da Silva, Raul Jorge Ferreira Crujeira , Ana Francisca Cavalheiro, Maria Amélia Batista Ferreira, Maria Fernanda Ferreira Crujeira, Maria de Fátima Cabral Adão, Maria Cristina Gago da Silva, Miguel José Parreira Gago da Silva Carlos Fuzeta da Ponte, Mário Alberto Fernandes Ferreira, Maria Paula Cabral Graça, Maria Amélia Machado da Silva, Maria Irene Medeiros, Maria Fernanda do Vale e Maria Josefina Corrêa Figueira.

Os cartões de admissão encontram-se na Secção de Turismo. Já foram feitas requisições, o que não é para surpreender, dada a graciosidade do espectáculo e o fim altruísta a que se destina.


09-05-1949
Depois das comemorações alusivas à inauguração do magnífico edifício destinado ao Liceu de Setúbal que terminaram com um baile com um cunho de mocidade e distinção como ainda não tínhamos presenciado em Setúbal, assistimos no último sábado, a mais um Serão de Arte organizado pela apreciada professora de piano Maria Adelaide Rosado Pinto que, com o seu dinamismo, nos proporcionou mais um espectáculo inolvidável, em que a direcção da parte coreográfica esteve a cargo da professora Maria Amélia Amil Matta.

Obedecendo a uma ideia felicíssima, foi agora a vez dos mais pequeninos emprestarem o seu concurso e estes "Serões", cujo produto reverte a favor da organização dos Parques Infantis.

E, lá os vimos, a começar pela infantilidade enternecedora de Fernando Carlos Fuzeta da Ponte, o mais pequenino, alguns já nossos conhecidos, mas todos com a maior diligência em "representar o seu papel" a que os seus verdes anos emprestaram uma graciosidade encantadora. E para os ajudar a rememorar, pela vida fora, este "Serão de Arte" que um dia, já entre as preocupações da vida, não deixarão de lembrar com saudade, mencionaremos os nomes dos intérpretes, que os assistentes nunca deixarão de contemplar com a maior simpatia e carinho:

Maria Fernanda Ferreira Crujeira, Raul Jorge Ferreira Crujeira, Maria de Fátima Cabral Adão, Ana Francisca Cavalheiro, Maria do Carmo Parreira Gago da Silva, Maria Cristina Gago da Silva. Miguel José Parreira Gago da Silva, Mário Alberto Fernandes Ferreira Maria Josefina Corrêa Figueira., Maria Paula Cabral Graça, Maria Amélia Batista Ferreira, Maria Amélia Machado da Silva, Carlos Fuzeta da Ponte.

Deram, também, muito apreciavelmente, a sua colaboração, Maria Irene Medeiros e Maria Fernanda do Vale.

E a festa terminou com uma interpretação da professora Maria Amélia Amil Matta que se exibiu num bailado "Tempestade" de grande elevação, numa interpretação coreográfica de alto significado artístico.


14-05-1949
Tribunal – Anúncio
O Tribunal anuncia que correm éditos de 30 dias, citando quaisquer pessoas que se julguem com direito à quantia de cem escudos, depositada na Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência, do legado deixado por António de Sousa Brito Maldonado Bandeira, Visconde de Montalvo, a Escolástica de Jesus Banha, que foi desta cidade.
9 de Maio de 1949
O Juiz de Direito
M.Costa Reis


A propósito desta "notícia", voltei a lembrar-me do Dr. José Soveral Rodrigues e da sua "memória exemplar". Rebusquei nos meus apontamentos de 1994 e voltei a encontrar mais um pouco da Memória do Dr.Soveral.


(Nota sobre o Visconde de Mantalvo,
nas Memórias do Dr.Soveral Rodrigues.
Directório "Isolados" ,Arquivo "Dr.Soveral", Pág.11) :
==0==
Viveu em Setúbal, no princípio do século, e era um homem "bruto", boçal, com poucos "princípios" e veterinário. Chamava-se Bandeira. (António de Sousa Brito Maldonado Bandeira)
Uma viúva achou piada ao Bandeira, pegou namoro e casou com ele.

Passados meses morreu. O Bandeira herdou uma fortuna enormíssima e como queria entrar na Alta Sociedade, no tempo de D.Carlos, comprou ao Rei um título e uma herdade que ele tinha e era chamada Herdade de Montalvo.

Foi assim que ele ficou conhecido pelo Visconde de Montalvo.

Era dono de uma casa, um rés-do-chão alto com um pequeno jardim à sua volta, ainda existente, junto à Igreja de StºAntónio, na rua Nova da Conceição (Av.5 de Outubro) onde, até aos finais da década de 60, viveram a família Ponte Lopes, num dos lados, e o João Marcelino Nunes ( mais conhecido por "Meu Menino") no outro lado e onde, ao tempo da revolução do 5 de Outubro, viviam os pais do Dr.José Soveral Rodrigues, num lado e os do Dr.Leão Duarte, no outro, sendo estes, ambos, ainda muito miúdos.

O Bandeira era avô do Dr.Bandeira Ferreira, excêntrico primo do Vasco Serra e que, no início dos anos 70, era membro do Instituto do Património, ao tempo chamado " Instituto dos Monumentos Nacionais"(?), e tanto mal causou à terra onde nasceu, ao ter contribuído para a reprovação sistemática dos projectos de remodelação do Largo de Jesus que, sucessivamente, a Câmara de Setúbal apresentava, para que, sobre eles, os Monumentos Nacionais dessem o seu parecer. O Arquitecto Castro Lobo, recentemente falecido, viu três desses projectos serem rejeitados sob a batuta deste "descendente do Visconde", qualquer deles muito melhor do que aquele que a Câmara Socialista acabou por ver aprovado há cerca de um ano e lá se encontra, neste momento, para vergonha de quase todos os Setubalenses...

Mas voltemos ao Bandeira inicial.
Apesar de Visconde continuava a ser um bruto...
O Visconde andava sempre atrás do Calafate para para este lhe fazer uns versos, até que um dia António Maria Eusébio lhe respondeu.

O Calafate

"Pois, então, senhor Bandeira, lá vão hoje os versos que o senhor me pediu." E mesmo ali lhos recitou...


"P'ra que serve ao senhor Bandeira
Na casaca ter primor?
E p'ra que serve essa flor
Que fede mais do que cheira?
P'ra que serve essa cacheira
Feita com tanto trabalho?
E mais um "pindoricalho"
Que à cinta fica pendente
A bater constantemente
Na cabeça do c...
Sim!!... P'ra que serve ao senhor Bandeira?!..."

Subentende-se que o Calafate poderia ter acrescentado:
"...Se você continua a ser uma grande besta..."

Pela memória do Dr.José Soveral Rodrigues em 27 de Julho de 1994,
durante o almoço, no Restaurante do Hernâni, na Lagoínha.
==0==
Nota 1: O Dr.Leão Duarte era filho único do Dr. Leonardo Duarte que chegou a ser Tesoureiro da Câmara e teve uma grande paixão pela filha do então Reitor do Liceu Dr. Nunes de Almeida.

Nota 2: No "palacete" de rés de chão alto, atrás mencionado, e no qual moraram, naquele tempo, os "meninos" Zé Soveral e Leão Duarte, a família do primeiro ocupava o lado direito do prédio, i.é., do lado do Quebedo, enquanto que a família do segundo ocupava o lado esquerdo, ou seja, o lado poente.

Mais tarde, o João Marcelino Nunes viveu na casa do Dr. Soveral Rodrigues, tendo o Dr. Ponte Lopes alugado a casa onde viveu a família do Dr. Leonardo Duarte.

Em 1995 vivia no rés do chão, do lado poente, o tal Dr.Bandeira Ferreira, primo do Vasco Serra, e que foi em tempos Professor assistente da Faculdade de Letras em Lisboa.

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