A coluna do meteorologista Manuel Costa Alves é sempre muito interessante e é dela que transcrevo, com a devida vénia, alguns apontamentos:
Manuel Costa Alves
“Um curso de um estabelecimento de ensino superior anuncia um jantar de Natal com um incentivo:“Quebra a tradição e vem divertir-te connosco. Aparece… há troca de prendas!”Está tudo dito. Quebrar a tradição do Natal, significa a sua indiferenciação e transformação num pretexto para mais uma festa qualquer.”
Um pouco mais adiante, Costa Alves dizia:
“Nos anos de 1960, muito mudava no mundo e também a nossa concepção do Natal. Nessa altura, já o poema de António Gedeão avisava:
“Jesus
o doce Jesus
o mesmo que nasceu na manjedoura
veio pôr no sapatinho
do Pedrinho
uma metralhadora.”
(…)
O Menino Jesus que conhecíamos visitava os nossos sonhos e a nossa infância era embalada pela inocência. Pobre e carenciada mas pacificada pelos sonhos. E veio o Pai Natal. Veio e depressa encontrou, no frenesim de quotidianos agora dominantemente urbanos, caldo de cultura para se impor.
Ainda António Gedeão:
“Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates
com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
cintilam, sob o imenso fluxo de milhares de quilovates
as belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.”
A árvore de Natal correspondia aos novos modelos consumistas.
(…)
O mistério do Natal ficava esvaído de espontaneidade, inventiva e sentimento. Desligava-se do que a história tinha feito.”
É mais um dedo apontado à perda de valores que se acentua mais de ano para ano…
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