Páginas

19 novembro 2006

Ferenc Puskas 1927 - 2006

Ferenc Puskas

Eu vi jogar este "monstro sagrado"

Em 1956, antes da invasão da Hungria, o Honved deslocou-se a Portugal e enfrentou a selecção nacional portuguesa, no Estádio Nacional. Um jogo que não se pode esquecer e que terminou empatado a duas bolas. Uma equipa de malabaristas que apenas vieram divertir-se e divertir.nos!



18.11.2006


Morreu nas primeiras horas de ontem o maior jogador húngaro de todos os tempos, vítima de pneumonia aos 79 anos. Em Budapeste nasceu para o futebol, renasceu em Madrid pelo Real e ficou na história como líder de umas das mais brilhantes selecções de sempre: a Hungria dos anos 50. Campeão olímpico 1952 e vencido na final do Mundial 54

"Com um pé esquerdo daqueles não é preciso o direito." Danny Blanchflower, mítico capitão do Tottenham, definiu assim a humilhação dos ingleses no 25 de Novembro de 1953 em Wembley, casa sagrada da selecção de Inglaterra. A Hungria goleou por 6-3 e tornou-se a primeira formação estrangeira a bater a equipa dos três leões no seu solo. Puskas liderou a armada mágica magiar e a lenda não parou mais de crescer.Ficou mítica a sua passagem durante o aquecimento, cheio de truques com a bola. Foi silenciando aos poucos o público no estádio. As fintas, os dribles e os golos (dois) apareceram durante o jogo, com um triunfo retumbante da Hungria. Saiu ovacionado e repetiu a dose meses mais tarde, desta vez numa visita dos ingleses à Hungria: 7-1 (mais dois golos)."Pareciam cavalos de corrida contra cavalos de carroças", lembrou ontem Tom Finney, uma das maiores lendas da selecção inglesa.Seguiu-se um percurso imaculado de 34 jogos em quatro anos da selecção húngara sem perder - a marcha triunfante, que culminou com a conquista do ouro olímpico em Helsínquia 1952, só terminou na final do Campeonato do Mundo, em 1954, frente à RFA.Foi o mais importante jogo da história do futebol magiar. E o mais dramático. A Hungria chegou favorita ao Mundial e bateu na fase de grupos a Coreia do Sul (9-0) e a RFA (8-3). Puskas falhou os quartos-de-final e a meia-final devido a lesão. No jogo da final, novamente frente aos alemães, insistiu para jogar e, apesar de diminuído fisicamente, marcou o primeiro golo; Czibor fez o 2-0. Mas os germânicos deram a volta e triunfaram por 3-2.O "Milagre de Berna" como lhe chamaram os germânicos, matou o sonho magiar, irrecuperável até hoje.

A revolução de 1956 na Hungria acabou com a lendária geração. O "Major Galopante", alcunha que ganhou por pertencer ao Honved, equipa pertencente ao exército húngaro, deixou uma marca de 83 golos em 84 jogos pela selecção.Ferenc Puskas desapareceu ontem aos 79 anos - vítima de pneumonia, estava internado há seis anos no Hospital de Kütvolgyi, sofria de Alzheimer. Morreu onde nasceu para o futebol: em Budapeste. Foi o melhor jogador húngaro de todos os tempos e firmou em Madrid o seu nome ao lado de outra lenda do Real, Alfredo Di Stefano, quando os "merengues" mandavam na Europa do futebol.

Texto de Filipe Escobar de Lima e Rui Mota, in Público, em 18.11.2006



Sem comentários: