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27 novembro 2006

Fernando Lopes-Graça - 27.Nov.1994

Faz hoje 12 anos que faleceu o maestro Fernando Lopes-Graça.

Fernando Lopes-Graça, nasceu em Tomar, a 17 de Dezembro de 1906 e foi uma figuras que muito marcou o panorama musical do séc. XX português. Desenvolveu uma intensa actividade cultural, artística, pedagógica e cívica.

Como compositor criou uma obra extensíssima que percorre quase todos os géneros musicais e que mereceu reconhecimento nacional e internacional ao longo da sua vida.

Fundou e dirigiu durante mais de 40 anos o Coro da Academia de Amadores de Música, para o qual escreveu centenas de arranjos de canções tradicionais, grande parte das quais recuperadas em colaboração com o etnólogo Michel Giacometti

Fernando Lopes-Graça com Dulce Cabrita e Michel Giacometti

O maestro Lopes-Graça tinha uma relação de amizade com a Mezzo-Soprano Dulce Cabrita, que era irmã do fotógrafo Augusto Cabrita com quem, na década de 70, tive muito bons momentos em redor da arte da fotografia, não apenas em actividades culturais relacionadas com a nossa cidade mas também na tertúlia da Filmarte, ainda no Chiado, no laboratório fotográfico do nosso comum e saudoso amigo António Paixão.

Foi com Dulce Cabrita que o maestro Lopes-Graça actuou no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, na noite de 5 de Novembro de 1971, fêz há poucos dias 35 anos, acompanhando-a ao piano em obras da sua autoria.



Numa primeira parte, ouvimos obras suas que tocou a solo a terminar, depois de termos ouvido a voz inesquecível de Dulce Cabrita acompanhada ao piano pelo maestro, cantando "Quatro Sonetos de Camões", "O Menino de sua Mãe" de Fernando Pessoa e "Terra e Céu" de Carlos Oliveira.


A segunda parte do espectáculo foi iniciada com a obra "Sete pecinhas", do "Álbum do Jovem Pianista", inteiramente da responsabilidade de Lopes-Graça pianista, para logo a seguir ele próprio ter acompanhado ao piano a Dulce Cabrita numa série de canções integradas sob o título "Cantares do Mundo".

Três semanas mais tarde, em 26 de Novembro de 1971, fez ontem 35 anos, o maestro Lopes-Graça voltou a Setúbal, e de novo ao Salão Nobre dos Paços do Concelho mas, desta vez à frente do Coro da Academia dos Amadores de Música que dirigiu com muita segurança em Cantos Regionais Portugueses

O programa do 2ºConcerto, em 21 de Novembro de 1971

Maestro Fernando Lopes-Graça

A sua militância cívica e política na oposição ao Estado Novo, iniciada publicamente com a fundação em 1928 do jornal político-regionalista A Acção (Tomar) de que foi director com apenas 22 anos, valeram-lhe perseguições, prisões várias e um exílio temporário em Paris (1937-1939), impediram-no do exercício de funções docentes no Conservatório Nacional e, já nos anos cinquenta, do próprio exercício do ensino particular. A apresentação pelas orquestras nacionais das suas obras musicais foi, em várias ocasiões, interditada. Pelo vigor, a persistência e o alcance artístico e ético da sua acção multifacetada, Lopes-Graça tornou-se uma das grandes referências da cultura portuguesa.
Lopes-Graça morreu, na sua casa da Parede, em 27 de Novembro de 1994
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