Nicolas Poussin
1594 - 1665.
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Este quadro de Poussin é uma das mais belas transcrições pictóricas do mito de Apolo e Dafne, tirado das Metamorfoses de Ovídio. A obra resume numa única cena todo o mítico sucesso em que se narra como a soberba de Apolo é punida por Cupido, que o fere com a sua seta, e como o deus enamorado tenta abraçar a ninfa Dafne e como esta, querendo conservar-se virgem e fiel a Diana, é transformada num arbusto de loureiro pelo pai, a divindade fluvial Peneo. Chorando, a divindade fluvial esconde a cabeça no braço. De uma urna mana o rio tessálico. Poussin não pinta uma paixão frustrada, mas antes a celebração de um rito: Apolo parece adornar com ramos de loureiro a figura rígida de Dafne. Antes de desaparecer de vez, a sua forma humana ilumina-se, como que simbolizando a grandeza da renúncia nesta sua extrema beleza. Finalmente, no quadro - parábola da obra de arte - dá-se um lugar importante à Natureza, que começa a configurar-se como paisagem arcádica.
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Cfr. Hermann Bauer
In “Grandes Museus do Mundo”
Ed.Verbo – Setembro/1973
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