Edgar Degas
1834 – 1917
.
Nesta pintura a ironia surge mais a descoberto, torna-se um pouco mais ácida quando se observam os pormenores que Degas nela dispôs, com escrupuloso cuidado: o ar enfatuado com que o mestre, apoiado à bengala, observa as provas da jovem aluna, o olhar atento da companheira que está a seu lado, encostada à ombreira da porta, a despreocupação das outras raparigas e, por último, a atitude ambígua, entre o fingido interesse e a inveja, da rapariguinha (a primeira à esquerda e em plano mais alto) que domina toda a representação. É evidente que Degas foi solicitado a pintar este quadro por um intento ambicioso, semelhante ao que levou Courbet a elaborar o seu gigantesco Atelier: o propósito de recolher uma summa de tipologias capaz de ilustrar momentos diversos de humanidade. Só que Degas não tem as preocupações sociológicas de Courbet, não é animado pela vontade de definir uma “alegoria do real”. De facto, o real é visto sob uma óptica nova e certamente mais livre; não tanto por um sociólogo, mas por um pintor. Deriva daí uma composição de grande envergadura, que tem por contraponto a acetinada brancura das vestes: uma narrativa cuja nobreza imprime a sigla de um estilo inconfundível.
Cfr. Carlo Munari
In “Grandes Museus do Mundo”
Ed.Verbo – Setembro/1973
Cfr. Carlo Munari
In “Grandes Museus do Mundo”
Ed.Verbo – Setembro/1973
Sem comentários:
Enviar um comentário