é o título do Editorial do Público da autoria do Director
José Manuel Fernandes
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José Manuel Fernandes
Deixo apenas alguns paragráfos:
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(…) Se a nossa Assembleia funcionasse como a Câmara dos Comuns ou como o Congresso dos Estados Unidos, ontem podia ter sucedido algo saudável numa democracia: um executivo suportado por uma maioria absoluta sofrer uma derrota na casa da democracia.
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As contas são fáceis de fazer: o PS tem uma vantagem de seis deputados e ontem houve seis deputados que votaram ao lado da oposição e um que se absteve. Mas todas as propostas da oposição foram chumbadas.Isso aconteceu, em primeiro lugar, porque 40 por cento dos deputados do PSD faltaram à votação, em mais uma demonstração do estado catatónico em que se encontra o maior partido da oposição e, também, da falta de consideração que os faltosos têm para com quem os elegeu.
(…)
Mostrou também falta de carácter: é possível, natural e até seria saudável que na bancada do PSD existissem deputados que quisessem estar ao lado do Governo nesta matéria, mas então deveriam assumi-lo. O que fizeram envergonha-os a eles, ao seu partido e ao Parlamento.
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É inacreditável como gente que se devia dar ao respeito aceita trabalhar neste regime. Mais: é incompreensível a facilidade com que as lideranças partidárias impõem a disciplina de voto às suas bancadas.
(…)
O único compromisso que os deputados deviam aceitar era o de votarem de acordo com as orientações do seu partido em momentos como os da aprovação do Orçamento e de moções de confiança ou de censura, pois aí está em causa a queda ou sobrevivência dos governos. O resto devia ficar com a consciência dos deputados.
(…)Mas como há tanta gente a aceitar ser deputado naquelas condições - a lutar por ser deputado naquelas condições - e como se sabe que o lugar nem sequer é principescamente remunerado, o que muitos fazem é quase nada e aqueles que têm autonomia e voz própria são uma minoria…
(…) não surpreende que a Assembleia costume ser o órgão de soberania com pior imagem nas sondagens.
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