Do “Jornal de Negócios”
em 03.12.2008
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Com o título
“Despeça-se já!”
Pedro Santos Guerreiro inicia assim o seu artigo:
Pedro Santos Guerreiro
"Dizem os políticos que melhor que ser ministro é ser ex-ministro. Porque se encerra um período de intenso escrutínio público e porque se abrem portas muito enriquecedoras no privado. Mas o aforismo tem nova variante: melhor que ser administrador de uma instituição financeira é deixar de o ser. Os bancos cotados gastaram dez vezes mais no ano passado a indemnizar gestores do que com os seus salários.
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O valor está hiper-inflacionado pelas mudanças na administração do BCP mas isso não nos deve deixar descansados: aquela grosseria foi desembaraçada com ouro e os administradores que deixaram o maior banco privado português no lodo foram para casa limpando lágrimas aos cheques. Quem disse que não há pára-quedas dourados em Portugal? Os dados estão no relatório sobre governo de sociedades da CMVM, o que nos leva a outro ponto: felizmente, ainda há instituições financeiras cotadas em Bolsa. Porque se mesmo nestas se escondem coisas (como riscos da actividade – di-lo a CMVM), nas outras a opacidade é ainda maior. Quanto terão recebido Oliveira e Costa e os seus gestores no fim dos seus mandatos no BPN? Quanto receberá João Rendeiro por deixar o BPP insolvente?
(...)
Estar cotado em Bolsa não assegura transparência mas não o estar garante a penumbra, o que é um conforto para quem quer gerir sem ter de prestar contas. E isso tem levado a um esvaziamento da bolsa de Lisboa…
(…)
O moralismo anda à solta e, somando ao fim dos bónus aos administradores e à redução das percentagens dos lucros distribuídos aos accionistas em dividendos, há uma pressão mediática para censurar os salários dos gestores.
(…)
Não há que ter vergonha: toda a gente gosta de ganhar dinheiro. Os administradores portugueses também. E se calculam mal os riscos das suas empresas talvez não seja por mal, mas por hábito…
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