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29 março 2008

Às vezes também diz "coisas acertadas"...

Hoje, no Correio da Manhã
in "Coisas do Circo"
com o título
'A cena do Ódio'

Emídio Rangel

Deixo aqui alguns "excertos" do artigo de Emídio Rangel:

"O que mais me impressiona naquele filme dantesco é a total desconsideração e falta de respeito de um aluno por um professor.
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Ao longo da vida já fui ‘espectador’ forçado de actos que me pareciam absurdos, quase impossíveis, mas depois constato, na sua crueza, que estão muito para além daquilo que a minha imaginação seria capaz de inventar.

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Talvez por isso julgo que seja devido um agradecimento ao aluno que, embora envolvido na mesma bandalheira, resolveu gravar as imagens e o som do incidente que ocorreu na Escola Carolina Micaelis, no Porto. É que, confesso, eu não conseguiria formatar na sua verdadeira dimensão aquilo que a televisão me mostrou mais tarde.

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Aquilo ocorreu numa escola portuguesa mas é cena típica de tabernas, depois de muito álcool ingerido, ou de casas de prostitutas quando as ditas perdem as estribeiras e se envolvem em lutas ferozes, ou de bairros degradados onde as leis e o civismo não ‘funcionam’ e onde, de repente, se começa uma batalha campal ‘por dá cá aquela palha’.

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O que mais me impressiona naquele filme dantesco é a total desconsideração e falta de respeito de um aluno por um professor.

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Aquilo é tudo menos uma escola onde os alunos vão aprender o que quer que seja, porque a primeira coisa que se aprende na escola é a consideração e o respeito pelo professor.

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Espero e desejo que aquela aluna, que gritava à sua professora à medida que a ia esfrangalhando, seja expulsa. Não se pode contemporizar com esta indisciplina, falta de respeito, falta de tudo... Julgo que a expulsão deve ser só a medida mínima a aplicar. Se puder ser incriminada e passar por uma casa de correcção, porque julgo que ainda é menor, é ainda uma punição leve que fica longe da violência praticada. Aquele ‘espectáculo’ mostrado ao País, logo a todos os alunos, tem de ser severamente punido para que sirva de exemplo.

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Ontem, li declarações de um miúdo de 18 anos que se auto-intitula membro da ‘Plataforma Directores Não’

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Afirma que há ‘bufos’ nas escolas e que neste momento qualquer aluno que se manifeste contra as medidas do Governo e do Ministério da Educação é alvo de um relatório que é entregue às direcções de Segurança e de Educação do Ministério da Educação.

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A pergunta óbvia é: quem é que anda a destabilizar as escolas secundárias e a usar os miúdos nestas andanças, fazendo nascer movimentos para que não haja, ou não se respeite, ou não se aceite a figura do director? Desconfio que para além dos alunos ultra-indisciplinados há professores que também precisam de ser expulsos das escolas. Em Democracia não vale tudo."
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Emídio Rangel, Jornalista

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