Hoje, no Correio da Manhã
in "Coisas do Circo"
com o título
'A cena do Ódio'
'A cena do Ódio'
Emídio Rangel
Deixo aqui alguns "excertos" do artigo de Emídio Rangel:
"O que mais me impressiona naquele filme dantesco é a total desconsideração e falta de respeito de um aluno por um professor..
Ao longo da vida já fui ‘espectador’ forçado de actos que me pareciam absurdos, quase impossíveis, mas depois constato, na sua crueza, que estão muito para além daquilo que a minha imaginação seria capaz de inventar.
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Talvez por isso julgo que seja devido um agradecimento ao aluno que, embora envolvido na mesma bandalheira, resolveu gravar as imagens e o som do incidente que ocorreu na Escola Carolina Micaelis, no Porto. É que, confesso, eu não conseguiria formatar na sua verdadeira dimensão aquilo que a televisão me mostrou mais tarde.
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Aquilo ocorreu numa escola portuguesa mas é cena típica de tabernas, depois de muito álcool ingerido, ou de casas de prostitutas quando as ditas perdem as estribeiras e se envolvem em lutas ferozes, ou de bairros degradados onde as leis e o civismo não ‘funcionam’ e onde, de repente, se começa uma batalha campal ‘por dá cá aquela palha’.
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O que mais me impressiona naquele filme dantesco é a total desconsideração e falta de respeito de um aluno por um professor.
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Aquilo é tudo menos uma escola onde os alunos vão aprender o que quer que seja, porque a primeira coisa que se aprende na escola é a consideração e o respeito pelo professor.
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Espero e desejo que aquela aluna, que gritava à sua professora à medida que a ia esfrangalhando, seja expulsa. Não se pode contemporizar com esta indisciplina, falta de respeito, falta de tudo... Julgo que a expulsão deve ser só a medida mínima a aplicar. Se puder ser incriminada e passar por uma casa de correcção, porque julgo que ainda é menor, é ainda uma punição leve que fica longe da violência praticada. Aquele ‘espectáculo’ mostrado ao País, logo a todos os alunos, tem de ser severamente punido para que sirva de exemplo.
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Ontem, li declarações de um miúdo de 18 anos que se auto-intitula membro da ‘Plataforma Directores Não’
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Afirma que há ‘bufos’ nas escolas e que neste momento qualquer aluno que se manifeste contra as medidas do Governo e do Ministério da Educação é alvo de um relatório que é entregue às direcções de Segurança e de Educação do Ministério da Educação.
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A pergunta óbvia é: quem é que anda a destabilizar as escolas secundárias e a usar os miúdos nestas andanças, fazendo nascer movimentos para que não haja, ou não se respeite, ou não se aceite a figura do director? Desconfio que para além dos alunos ultra-indisciplinados há professores que também precisam de ser expulsos das escolas. Em Democracia não vale tudo."
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Emídio Rangel, Jornalista
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