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28 março 2008

José Miguel Júdice...

"Parquímetros e violência escolar"
é o título da "coluna" do JMJúdice,
no "Público" de hoje,
José Miguel Júdice
.
Desse texto, reproduzimos alguns excertos:
(…)
Vem tudo isto a propósito da violência sobre professores e da indisciplina reinante nas escolas. Trogloditas de várias idades, selvagenzinhos habituados a que tudo lhes seja tolerado, impunes e com sensação de impunidade, apoiados por psicólogos entontecidos e com teorias desculpabilizadoras, mal-educados e habituados à violência, fazem com que se instale nas escolas algo semelhante ao problema dos parquímetros, dos graffiti, e das ruas emporcalhadas.
(…)
Também nas escolas se pactua demasiado com esta bandalheira: a pretensa origem social dos problemas, a tese peregrina de que os problemas são "pontuais", a falta de coragem dos responsáveis, o facilitismo e a convicção de que não vale a pena tentar lutar contra isto, tudo se acumula para que o sistema esteja a degradar-se cada dia mais
(…)
E o que ocorre nas escolas é muito mais grave do que nos outros exemplos que trouxe à colação. Em cada ano que passa sem que se crie disciplina, rigor e hábitos de trabalho nas escolas, a degradação acentua-se. A desmotivação dos professores, a convicção dos jovens de que nada lhes pode ser pedido, a diminuição dos graus de exigência estão a destruir o futuro e a consolidar um ciclo vicioso de degradação.
(…)
É preciso por isso atalhar e depressa este estado de coisas. É preciso que os professores assumam as suas responsabilidades, que exijam condições para a disciplina, que denunciem a pusilanimidade que exista. É preciso que o absurdo Estatuto do Aluno seja revisto; é inadmissível que um estudante que faça o que se fez no Carolina Michaëlis (ou pior) só possa ser punido com dez dias de suspensão (…) ou deslocado para outra escola! É preciso que os alunos possam chumbar por faltas, possam chumbar por falta de preparação, sintam na pele (eles e os paizinhos) que as coisas doem e não julguem que tanto faz trabalhar como não trabalhar porque o resultado final é sempre idêntico, a promoção automática para o ano seguinte.
(…)
E os conselhos directivos também têm de mudar de vida. É inadmissível que prefiram silenciar as queixas de professores, funcionários e outros alunos, refugiando-se na estúpida teoria de que são situações pontuais, que se não pode criar alarme social, que são coisas de crianças, que o problema é da sociedade. É que esta maneira de agir desmotiva os professores e todos os que estejam dispostos a não ceder aos brutos, aos mal-educados, aos selvagens, aos que destroem a viabilidade de um ambiente que permita o desenvolvimento escolar.
(…)
O problema é geral e tem de ser enfrentado. Portugal não pode continuar a ser um território de bandalheira, de falta de rigor, sem exigência, em que se sente que não vale a pena cumprir as regras, respeitar as leis, trabalhar com dedicação.

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