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28 abril 2007

A Sapateira Prodigiosa

Baseada no conto de Federico Garcia Lorca, “A Sapateira Prodigiosa” foi interpretado pelos finalistas do Liceu Nacional de Setúbal, em 1964.
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Refira-se que Frederico Garcia Lorca nasceu em Fuente Vaqueros, Granada, em 1900, no seio de uma família burguesa remediada da Andaluzia.A sua infância foi marcada pela vivência e cultura aldeãs, vincadas pela paisagem de prados, céus e solidão.
“A Sapateira estava-se acabando sem camisa e sem lar e o Sapateiro vivia uma penosa solidão de celibatário. Sem filhos ainda, a Sapateira compensa o sentimento maternal na figura terna de um menino, enquanto o Sapateiro, motivado pelo ciúme e levado ao arrependimento pelo povo coscuvilheiro, abandona o lar para uma experiência aventurosa como titeriteiro.

A sapateira sobrevive com uma taberna e defende-se do mal dizer dos homens da aldeia, exibindo com coragem o matrimónio. Para se certificar do amor da sua jovem esposa, o Sapateiro entra disfarçado na taberna, onde coloca à prova a sua fidelidade conjugal.” É assim que se desenvolve todo o enredo, a partir da riqueza sentimental destas figuras que nada mais têm que o amor para serem felizes.
A adaptação e encenação desta peça que é ao mesmo tempo realista e poética e constitui um extraordinário desenho de universo sentimental e amoroso das aldeias da Andaluzia foram feitas pela Drª Ausenda Caetano Pereira, professora de Português do 3ºCiclo.

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Levada à cena no Cine Teatro Luisa Todi, a "Sapateira Prodigiosa" foi um êxito retumbante, a fazer lembrar aquele outro, de 1962, que foi "Um Pedido de Casamento", de Anton Tchekov que teve como vedetas a António Manuel Fráguas, a Maria Clara Correia e o Custódio Santana.
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O jovem Queiroz, um "filho adoptivo" da Sapateira Prodigiosa
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"O sapateiro entra disfarçado na taberna..."
Uma cena da "Sapateira Prodigiosa" com um palco cheio de gente e cheio de côr.
A Dr.Ausenda Pereira, rodeada pelos seus jovens actores, agradece os fartos aplausos que um Luisa Todi, a abarrotar de gente, lhe brindou no final da actuação.Reconhecemos, entre outros, o Rui Malhador, o Belmiro Carvalheda e o pequeno Queiroz, aluno do 1ºano que foi chamado a colaborar na peça como "filho" da Sapateira.
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Ontem à noite, houve um jantar festivo na Família do Liceu.
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Zsofia Torok, a belezinha húngara que estagiou na nossa Escola desde Outubro, e está de regresso à Hungria. com muita pena de todos, foi brindada com um Jantar de Despedida num restaurante da cidade que decorreu da melhor maneira.

Zsofia Torok
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Após o repasto, terminadas as palavras amigas trocadas entre a DrªCarla Ramalho, orientadora do estágio, e o agradecimento da estagiária Zsofia, ambas acompanhadas por muitas palmas de todos os presentes... após a oferta de uma lembrança, de um belo livro cheio de belas fotografias sobre Portugal, resolveram as mentoras desta reunião que a noite só poderia terminar com uns "drinks" no Conventual!
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Meio dito...meio feito! Pouco depois estávamos todos instalados num cantinho daquele recinto. Vem isto a propósito de um acontecimento que surgiu nesse momento durante o qual uma Professora amiga, que eu não via há muito tempo, se ter aproximado para me cumprimentar e me dizer que tinha ali ao pé um antigo aluno do nosso Liceu que gostava de falar comigo. Ele estava, aliás, ali ao pé junto com ela.
Cumprimentou-me com muita simpatia mas a cara dele...pouco me disse! Os anos passam, as figuras e os rostos modificam-se e a imagem que guardamos dos nossos antigos alunos restringem-se por vezes à imagem que tinham quando lidámos com eles!
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Olhámos um para o outro e disparei o que costumo dizer nestas ocasiões: "Tens de dizer-me o teu nome porque pela figura que tens agora...não chego lá!"
E ele disse que era o Queiroz!
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E eu lembrei-me logo do "puto" Queiroz que entrou no Liceu de Setúbal por volta de 1963 ou 1964... e logo lhe disse:"Já estou a ver! Sim senhor... Lembro-me perfeitamento de ti quando eras miúdo!..."
Pela cara que ele fez, imaginei-o a pensar, para dentro, e a dizer: "Está-se mesmo a ver que só está a ser simpático... É claro que não se lembra nada de quem eu sou..."
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Para terminar com aquela possível dúvida, acrescentei: "Ainda te lembras da Sapateira Prodigiosa?..." Aí, o Queiroz com um espanto gravado no rosto, acreditou no que eu lhe dizia..." Provavelmente, naquele recinto de diversão nocturna, cheio até às costuras... apenas duas pessoas saberiam que o Queirós, ali à minha frente, "foi o filho adoptivo da Sapateira Prodigiosa" no palco do Cine Teatro Luisa Todi, naquele ano longínquo dá primeira metade da década de 60!
"Que memória prodigiosa que o senhor tem!" respondeu o Queirós agora absolutamente consciente que eu não estava a só "a ser simpático" com ele! Que me lembrava muto bem da sua figira...há 43 ou 44 anos!...
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É claro que se não tivesse sucedido este encontro, eu bem poderia passar por ele sem o reconhecer. Está difeente! O que é natural... Era um "puto" com 10 ou 11 anos então. Hoje ultapassou os 50...Tinha um cabelo normal! Está hoje um pouco menos "piloso"... Era franzino e pequeno! Hoje, mais forte e muito mais alto...
Mas no fundo daquele rosto que hoje ostenta, ainda se vislumbram os traços do pequeno Queiróz que eu conheci naquela altura.
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O Queiroz é o proprietário daquele recinto que ontem à noite frequentámos, na despedida última da Zsofia... e o Moscatel Roxo especial que me serviu é uma maravilha! Sei que foi servido com a muita simpatia de um antigo aluno do nosso Liceu e o preço que teve a gentileza de me cobrar...será retribuído também de uma maneira a condizer!
Obrigado Queirós! A festa da Zsofia Torok terminou da melhor maneira!...

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