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Ouvia histórias de espantar. Familiares ou amigos mais distantes contavam-me como na província era bom: a visita do padre a todas as casas, ou um calicezito para o senhor abade, a roupa a corar, as casas todas a cheirar a enceradinho e a lençóis doces. Muitos bolos com nomes apetitosos. Hoje, ainda, pessoas com grandes talentos manuais passam a semana a amassar folares. Trago-os para ao pé de mim, mas sem grande sucesso…
Em Lisboa, não havia nada disso. A tarde da Páscoa era tarde triste e o coração apertava-se a pensar no terceiro período, normalmente tão pequenino.”
No “Público”.
08 04 2007
Dias que eu não esqueço, por saber não terem volta…
…Pendurado lá no alto da Torre da Sé de Castelo Branco, com a corda do badalo bem presa numa mão, sincronizado com o que se passava na cerimónia litúrgica, lá em baixo, esperava que às 10 horas se soltassem as Aleluias para então começarem o repenicar dos sinos, nas igrejas, por toda a cidade… Depois, era deixar passar o tempo até que a hora do almoço nos chamava para casa…
Num tempo em que ainda se festejava o “Sábado de aleluia”… Onde é que isso já vai?!...
(...)
Um tapete de flores assentava no chão da rua junto à porta das casas que o padre devia visitar com o crucifixo nas mãos… E após a cerimónia que terminava com um beijo na cruz, as pessoas ficavam “ofendidas” se o Senhor Prior não comesse um docinho ou não bebesse um cálice de um bom e generoso vinho… E quando as ruas eram compridas… o "pobre" Padre sentia alguma dificuldade em chegar até ao fim…
Não resisti à tentação de pedir à minha memória que se lembrasse de alguns Sábados de Aleluia, em Castelo Branco, no início dos anos 40...
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