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28 janeiro 2007

Panelas, tachos, meringues...

Há uns tempos atrás, escrevi um breve apontamento sobre o sentido de humor do advogado ilustre que foi Amílcar Ramada Curto. Um humor fino mas cheio de impacto!
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Hoje volto à carga com o humor de Ramada Curto… Não tão “fino” desta vez, como podereis apreciar mas sempre eficaz…

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Devo fazer, no entanto, uma pequena referência à pessoa de José Domingues dos Santos que foi Presidente do Conselho de Ministros, lugar de que tomou posse em 22 de Novembro de 1924. Dirigiu um breve governo republicano de esquerda na fase final da 1ª República Portuguesa (1910-1926) que deslizava para a direita autoritária ante a fragilidade do movimento operário e da pequena burguesia democrática.

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Apenas como curiosidade devo informar, porque não consta na maior parte dos dicionários, que a palavra “meringue” diz respeito a uma “Bilha ou garrafão de barro, bojuda, para água, com asa na parte superior e um gargalo em cada extremidade desta”

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Posto isto, vamos ao que interessa!

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Numa altura em que José Domingues dos Santos já tinha deixado de ser Primeiro-Ministro, o deputado, jornalista e político, Ramada Curto contou que teve necessidade de lhe pedir um favor enquanto Chefe do Governo… favor esse que lhe foi negado!

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Sem mais aquelas, o verrinoso político “engendrou” o poema que aqui vos deixo e que, mais uma vez fico a dever à prodigiosa memória do Dr. José Soveral Rodrigues.


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Havia um Mestre Domingues
Que era mestre em olaria.
De todo o barro fazia
As obras de arte mais belas...
Panelas, tachos, meringues...
Mas sobretudo panelas!...
Tão duras e resistentes
Não as podiam quebrar
Os pontapés mais valentes...
Do ar deixava-as cair
Sempre na laje mais dura!
E levantava-as do chão
Sem uma beliscadura...
De sorte que os fregueses
Que lhe levavam dinheiro
E se juntavam às vezes
Na loja do Zé Domingues
Diziam todos à uma:
" É um grande paneleiro!...
Não há dúvida nenhuma!!..."

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