Com o título “A novos rumos…” surge, no final do ano lectivo de 1948/49, um novo Livro de Curso onde podemos admirar as caricaturas dos finalistas, na sua maioria assinadas pelo colega António Alves Seara e onde os versos são quase todos do Hermenegildo Dias, o meu “mentor” da pré-Jec.
Eu já andava no 4ºano quando estes antigos alunos eram finalistas do Liceu de Castelo Branco. Lembro muito bem de quase todos, pese embora o facto de não ver, há muito tempo, a maioria deles.
Alguns destes Antigos Alunos do Liceu de Nun'Álvares apareciam com frequência nas Romagens de Saudade ou em outras reuniões do género, como é o caso do Domingos dos Santos Rijo, do Fernando Catarino Tavares, do Hermenegildo Dias, do José Tavares, do Manuel Henriques da Silva Júnior, do Mário Godinho, do Rui Soares Miguel. do Aureliano Felizardo Ferreira, do Manuel Esteves Perdigoto e do Simão Malcata.
De outros seguimos-lhe o rasto, durante alguns anos, através de amigos comuns como é o caso do juiz José Belo Videira, da Circuncisão de Castilho Monteiro, da Maria Manuela Romão Dias Catana, do Abílio “Nabo” Cardoso, do Armando Salavessa, do Hermano Pedro, do Isaac de Azevedo, do Joaquim José Crisóstomo, o José Monteiro Grilo, o Manuel Franco Dias, a Professora de Ed. Física Ricardina Alves da Silva e o Muralha Delgado.
Que eu saiba alguns já nos deixaram como a Ricardina, o Aureliano, o Perdigoto e. muito recentemente, o Simão Malcata.
Iniciava-se este Livro de Despedida com um pequeno poema:
"Ao Abrir…
O livro que ora aí vai,
Com nossas recordações,
Será apenas um laço,
Tecido em verso e traço
A unir-nos os corações."
Depois uma página dedicada,
Aos Nossos Pais
Aos Nossos Professores
Aos Nossos Amores
...mas Sem um verso! … Sem uma palavra!... Sem nada…
As caricatura surgiam logo a seguir.
.
José Belo Videira
Cap.III Das Manias
"No capítulo das manias
Era um não mais acabar:
Eram as diplomacias,
Os sonetos de estalar,
eram loucas correrias
Para a pequena apanhar,
Nobrezas e monarquias
E latim até fartar."
.
Circuncisão de Castilho Monteiro
O Hermenegildo viu-se aflito para lhe fazer uns versos! Ela vetou os primeiros e os segundos que ele lhe fez! Os definitivos terminavam assim:
"E agora mais um conselho
Deste velho companheiro:
Não ande de meias brancas
Em pleno mês de Janeiro."
.
Domingos dos Santos Rijo
Foi Professor de Matemática durante uma vida inteira!
O Salavessa que lhe fez os versos iniciou-os assim:
"Limites que dão p’ra zero,
Teoremas, equações,
Fracções e somas algébricas,
Infinitos, progressões."
.
Hermano Marques Pedro
Começavam assim os versos que lhe fizeram:
"Dizem que gosta das louras,
Também gosta das morenas,
Mas ele não liga à cor
Ele o que quer são pequenas."
.
Hermenegildo de Jesus Dias
Foi o Seara quem lhe fez a caricatura e os versos! Foi serviço completo…
"Cala-te, não fales tanto,
Ó terrível falador!
Tua boca é um auto-falante
Teu corpo um fio condutor.
Mas cala-te, por favor,
Ó sonhador, Ó cantor,
Nas noites quentes
das canções de amor!"
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Joaquim José Crisóstomo
O Salavessa prevê-lhe um futuro… na primeira e na última quadra…
"Pequenas negrinhas
Da cor do carvão
São as preferidas
Do seu coração.
Se um dia for médico
Ele há-de inventar
Drogas p’ró amor
Das negras curar."
.
Manuel Henriques da Silva Júnior,
o “Necas Bechareco”
Mais uns versos do Hermenegildo que lhe dedicou um soneto...
“Alegre, desportista, sorridente,
dizem que joga bem o futebol,
Danado para estar no falatório,
P’rigoso quando está no brutebol.”
...E uma quadra:
“O Necas também estuda
E também sabe brilhar
Mas é tão raro que a gente
Até chega a duvidar.
.
Mário Godinho
“Este que vedes ao lado.
Na meta sendo o primeiro
Faz tantas coisas, meu Deus!
Só lhe falta ser bombeiro.”
.
Rui Soares Miguel
“Dos D.Juans o tipo sublimado,
Usa a gravata assim desta maneira,
O peito mesmo assim bem esticado
E sobre a “pinha” traz poupa altaneira.
.
Manuel Franco Dias
“Passo miudinho,Sorriso brejeiro,
Lá vai no caminho
Para o seu poleiro.”
O “poleiro” de que fala o Hermenegildo ficava ali na subida para os “Três Globos” à esquerda, antes de chegarmos à rua Rodrigues de Fonseca… e a “pombinha” que ali estava no poleiro, chamava-se Carlota…
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