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07 dezembro 2010

Victor Palla

Na sua edição de 29 11 2010
a revista "notícias.up.pt" da
Universidade do Porto
recordou o Arquitecto Victor Palla
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Victor Palla,
Arquitecto, fotógrafo, pintor e gráfico
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Victor Manuel Palla e Carmo nasceu em Lisboa em 1922. Era filho de um caracterizador de Teatro e fotógrafo amador.
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Na capital, começou a estudar Arquitectura (1939), curso que veio a terminar no Porto, em 1948. Durante a sua estada na cidade Invicta dirigiu a "Galeria Portugália" (1944) e integrou as Exposições dos Independentes (1943-1950) com Fernando Lanhas e Júlio Pomar, entre outros.
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De regresso à capital, associou-se às Exposições Gerais de Artes Plásticas, entre 1947 e 1955, e à renovação da Arquitectura nacional, ao aderir ao Estilo Internacional, em concreto à arquitectura brasileira.
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Publicou artigos teóricos e de divulgação em revistas como a "Arquitectura", que começou a dirigir em 1952, e riscou obras arquitectónicas inovadoras em parceria com Joaquim Bento d'Almeida, arquitecto com quem partilhou um atelier durante 25 anos.
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Deste gabinete conjunto saíram modernos espaços comerciais, cafés, em particular, mas também os primeiros snack-bares de Portugal (Terminus, Pic-Nic, "Noite e Dia" e Galeto, em Lisboa, e o "Cunha", no Porto).
Palla riscou muitos outros projectos de grande dinamismo espacial e material, receptivos às inovações nas áreas do mobiliário e da iluminação, e adaptados à vida moderna. Entre eles contam-se fábricas, a Escola do Vale Escuro (1953) e a Escola n.º 175 de Lisboa, nos Olivais Norte, e a aldeia das Açoteias, em Albufeira, traçada a título individual nos anos 60.
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Capa do Catálogo da Exposição na Galeria “Prisma 74”
que realizou em Lisboa de 20 de Março a 2 de Abril de 1974

Este talentoso e multifacetado profissional também se dedicou a outras áreas artísticos e culturais, como a Pintura (desde os anos 40 que participou em exposições, se ligou a galerias do Porto e de Lisboa e promoveu as Exposições Gerais de Artes Plásticas, organizadas entre 1946 e 1956), a Cerâmica, o Design Gráfico (concebeu graficamente várias publicações e centenas de capas de livros, sobretudo para as editoras Arcádia e Atlântida) e a Tradução. Com o mesmo entusiasmo desenvolveu, também, as actividades de galerista, de animador, de editor (organizou antologias de contos, associou-se à "Vampiro Magazine" entre 1950-1952 e fez parte da equipa que produziu "O Gato Preto – Antologia de Mistério e Fantasia", em 1952), de escritor (obteve um prémio nos concursos anuais de contos do "Ellery Queen`s Mystery magazine") e, em especial, de fotógrafo.
Com Costa Martins (1922-1996) publicou "Lisboa, Cidade Triste e Alegre", em 1959, uma obra moderna pelo seu sentido humanista, próximo do neo-realismo, pelo grafismo e pela impressão e que reuniu trabalhos fotográficos dos dois artistas, apresentados na Galeria do Diário de Notícias, em Lisboa, e na Galeria Divulgação, no Porto.
Este projecto fotográfico foi relançado em 1982 pela Galeria Ether que, nesse ano, reeditou o livro, promoveu a exposição "Lisboa e Tejo e Tudo (1956/1959)" e editou o respectivo catálogo.
Este título alcançou, por fim, o merecido reconhecimento nacional e internacional. Foi referido por Philippe Arbaizar (2002) na revista do Centro Georges Pompidou e por Martin Parr e Gerry Badger no "The Photobook: A History" (2004). Em 2001 foi eleito um dos 100 melhores livros do século XX.
Em 1992, o Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian, em Lisboa, dedicou ao artista uma exposição fotográfica retrospectiva e, em 1999, o Centro Português de Fotografia, sedeado no Porto, concedeu-lhe o Prémio Nacional de Fotografia.
Victor Palla morreu em Lisboa a 28 de Abril de 2006, aos 84 anos de idade, vítima de uma pneumonia. A sua obra continua a suscitar o interesse de amantes da Arte em várias partes do mundo e de inúmeros investigadores, designadamente do seu neto João Palla.
(
Universidade Digital / Gestão de Informação, 2010)

Victor Palla teve, em dada altura que eu situo nas "imediações" de Abril de 1974, uma certa predilecção pela nossa cidade. Lembro-me de o ver, (com alguma frequência e principalmente em fins-de-semana) na explêndida esplanada do antigo Café Central, tomando a sua "bica", lendo o jornal e, por vezes, na companhia de um ou outro amigo/a com quem teria combinado encontrar-se.
Foi por essa altura que visitei a sua Exposição na "Prisma 73", na Praça de Alvalade em Lisboa.

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