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18 novembro 2009

Galleria degli Uffizi

O Nascimento de Vénus
Sandro Botticelli
1445-1510
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O Nascimento de Vénus

Bastante posterior à Primavera (foi pintado por volta de 1485 para o palacete dos Médicis de Castello), fecha gloriosamente o período da maturidade, e é talvez uma das obras mais clássicas de Botticelli. Clássica pela projecção das imagens no mundo do mito, por aquele sabor de Grécia nativa que tem a figura da deusa no seu modo de apresentar-se não como uma criatura humana, mas como uma estátua marmórea a que só agora o tépido sopro dos zéfiros infunde o calor da vida: se na Judite e na Primavera o pintor captara as imagens no momento em que o movimento se transforma em pose, aqui, ao contrário, a figura de Vénus parece ter sido fixada no instante em que a imobilidade da estátua se dissolve no sopro vital do ser humano. Apesar de a composição se centrar no eixo da figura do meio, o ritmo de desenvolvimento da linha forma uma unidade com o ritmo de rotação dos volumes e com a sequência do espaço. Nas figuras dos zéfiros, os desenvolvimentos das linhas nos contornos dos dois corpos e nos panejamentos que os envolvem como um eco amplificado é tão harmónico com o desenvolvimento dos volumes que estes são todos resolvidos na evolução melódica da linha. Assim mesmo o afastamento do horizonte perde qualquer significado espacial definido. De resto, no lado direito do quadro, mesmo a sucessão daquelas finas línguas de terra penetrando profundamente pelo mar não tem valor de perspectiva, mas resolve-se na lenta evolução de um movimento ondulante da linha: pelo que parece propagar-se ao longe o entrecortado ritmo linear do manto oferecido pela aura.
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Cfr. Roberto Salvini
In “Grandes Museus do Mundo
Ed.Verbo – Setembro/1973

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