Pedro Lomba esccreve na última página do Público de hoje.
Pedro Lomba
"O nosso 1º de Dezembro é um feriado virtual. Como todos os feriados históricos, aliás. A data simboliza o dia que Portugal se rebelou contra o domínio filipino, quando um grupo de conspiradores foi até ao Paço da Ribeira exigir à duquesa de Mântua que abdicasse do estatuto de regente.
"Vossa Realeza deseja sair por esta porta ou por aquela janela?", foi o convite em modos suaves que lhe fizeram.
A duquesa optou pela porta e uma Revolução educada, como quase sempre foram as nossas revoluções, pôde começar.
(…)
Há pouco tempo pus-me a pensar na seguinte pergunta: será legítimo uma pessoa gostar e defender o seu país se este, longe de ser recomendável, decente e organizado, for antes um país sem futuro, cheio de oportunistas, cleptomaníacos e governantes sem escrúpulos? Teremos algum dever moral de defender um país que parece ter sido capturado por uma rede de predadores que usa o poder em seu próprio benefício?
(…)
…a liberdade de existirmos como país não serve de nada se não formos exigentes, críticos, insatisfeitos, até que os aldrabões e os governantes sem escrúpulos saiam dos lugares que ocupam. Os conjurados de 1640 estavam descontentes com quem os governava e resolveram por isso agir. Este é o único sentido de independência que ainda nos sobra. Já que este país é o nosso, não vamos deixar que no-lo estraguem ainda mais. É uma luta permanente."
(excertos do artigo na coluna "Assuntos temporários")
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