é o título do artigo que Teresa de Sousa assina hoje no Público.
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"As eleições presidenciais marcaram, quer se queira quer não, o fim de um ciclo político dominado pelo PS." é o destaque que a redacção escolheu.
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No Espaço Público "Sem fronteiras",
no "Público" de hoje, 26.01 2011
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Alguns excertos do artigo de Teresa de Sousa:
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"Por maior que seja a crise e o sentimento de desesperança e de bloqueio que sentimos, o país mudou. Há uma classe média mais educada, cidadãos mais informados e, nessa medida, um pouco mais exigentes, que hoje constituem a grande maioria de eleitores. Não foi para eles que esta campanha foi feita.O que vimos nas televisões foram hordas de militantes e de apoiantes indefectíveis e o habitual envolvimento dos mirones das ruas ou das feiras, normalmente gente mais modesta, menos educada e menos exigente. O que ouvimos foram discursos vagos e, na maioria das vezes, sem a mínima racionalidade ou sustentabilidade. O país maioritário que hoje existe nunca chegou a ser mobilizado e interpelado por palavras com sentido que não se limitassem a ofender a sua inteligência.
(…)
Manuel Alegre quis impor-se de novo ao PS e conseguiu. O que ganhou com isso? Uma inexorável derrota que também ela encerra um capítulo velho e ultrapassado da democracia portuguesa. Também ele falou para um país que já não existe, que vive há mais de três décadas em democracia e há mais de duas na Europa e que dá a liberdade como garantida. Alegre não tinha nada para dizer às pessoas a não ser uma falácia: que os seus direitos sociais são intocáveis e que, entre um sindicalista e um polícia, a razão está sempre do lado do primeiro. Ao rejeitarem a sua candidatura, os eleitores demonstraram que não é isso que esperam da esquerda, quando se trata de ocupar cargos de responsabilidade nacional.
Manuel Alegre quis impor-se de novo ao PS e conseguiu. O que ganhou com isso? Uma inexorável derrota que também ela encerra um capítulo velho e ultrapassado da democracia portuguesa. Também ele falou para um país que já não existe, que vive há mais de três décadas em democracia e há mais de duas na Europa e que dá a liberdade como garantida. Alegre não tinha nada para dizer às pessoas a não ser uma falácia: que os seus direitos sociais são intocáveis e que, entre um sindicalista e um polícia, a razão está sempre do lado do primeiro. Ao rejeitarem a sua candidatura, os eleitores demonstraram que não é isso que esperam da esquerda, quando se trata de ocupar cargos de responsabilidade nacional.
(…)
Mas isso não aconteceu em Portugal, onde o anticapitalismo e o terceiro-mundismo nas suas várias versões velhas e relhas continuam a dominar o pensamento dessa área. Isto quer dizer que o Bloco ou muda, ou não terá grande futuro e que o PC morrerá de pé, mas morrerá.
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