Lucas Cranach, o Velho
1472 - 1553
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Lucas Cranach criou as suas primeiras obras em Viena, noa anos que se seguiram ao dealbar do século. Tais obras revelam, de maneira acentuada, um estilo expressivamente desenvolvido. Naquela época o mestre da Francónia pode trabalhar na atmosfera do humanismo vienense, em pleno florescimento. Assim, o S.Jerónimo foi pintado para um dos membros mais significativos do círculo humanístico vienense, Hans Cuspinianus. Realmente, o novo estilo ia ao encontro do gosto de gente culta. Apreciava-se a novidade na representação do mundo incessantemente renovado, na interpretação do qual também estava empenhada a ciência. As criações do jovem Lucas Cranach são animadas por uma transcendental vontade de expressão. A Natureza impera com força demoníaca, uma selvagem exaltação religiosa agita a figura humana, cuja emoção cresce como um fenómeno natural, juntamente com a estrutura da paisagem. À violência na criação das formas corresponde a incandescência da cor, que torna visível, no seu desencadeamento, as forças activas da Natureza. Por outros meios, Albrecht
Altdorfer levou o estilo da Escola Danubiana ao seu ponto mais alto.
Cranach afastou-se de Viena por volta de 1504, para assumir as funções de pintor da corte do príncipe eleitor de Saxe, em Wittenberg (a partir de 1505). Com esta mudança de ambiente artístico, não tardou a verificar-se, na sua actividade, uma rápida mudança estilística. A representação gráfica exacta e a expressiva possibilidade de uma composição linear refinada estimulam, em medida sempre crescente, o interesse do mestre. O afirmar-se progressivamente do formalismo induz a considerar as obras da maturidade de Cranach num plano paralelo ao do materialismo da Itália Central. Também a elegância ideal da figura humana não é somente um sinal do seu estilo cortesão, mas brota da tendência para desenvolver a elegância linear. Já por 1520 e, com evidência ainda maior, nas obras posteriores, nota-se em Carnach o formalismo dos novos tempos, ligado à recordação da forma figurativa do fim da época medieval. Uma ingenuidade consciente, que contem em si a riquesa narrativa do fim da época medieval, serve de contraponto ao experimentalismo essencialmente formalista."
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Cfr.Günther Heinz
in, "Grandes Museus do Mundo"
Ed.Verbo - Dezembro/1973
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