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06 janeiro 2011

Foi Santana Castilho...

quem o disse...
Ontem, dia 5 de Janeiro,
na sua coluna do jornal "Público".
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"Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues orientaram obsessivamente o ensino para resultados estatísticos a qualquer preço".
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Santana Castilho

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Deixo aqui, em destaque, alguns excertos do artigo de opinião a que o autor deu o título:
"O estado comatoso do ensino em fim de ciclo político"
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"Poucas semanas volvidas sobre a divulgação pela OCDE do PISA 2009 e o consequente discurso encomiástico do Governo, veio a público o Projecto Testes Intermédios. Relatório 2010, um instrumento de avaliação do desempenho dos alunos portugueses, da responsabilidade do Gabinete de Avaliação Educacional do Ministério da Educação. Que podemos retirar deste relatório? Que os alunos portugueses raciocinam mal e escrevem pior; claudicam quando solicitados a relacionar conhecimentos a que foram expostos em disciplinas diferentes ou a construir um raciocínio lógico, ainda que simples e utilizando informação explicitada no corpo do próprio teste; quando se exprimem ficam-se por níveis elementares de proficiência, longe do rigor frásico e revelam-se ignorantes gramaticalmente; têm manifestas dificuldades em ultrapassar o nível básico na resolução dos problemas colocados, seja qual for a área disciplinar em análise, com incapacidade de ultrapassar o que não seja elementar, simples e curto. Particularmente no ensino secundário, o relatório identifica a falta de rigor científico e a manifesta dificuldade de construir ideias próprias ou lidar com raciocínios demonstrativos.
(...)
Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues orientaram obsessivamente o ensino para resultados estatísticos obtidos a qualquer preço. Desvalorizaram o conhecimento, impuseram a substituição das didácticas exigentes pela ilusão tecnológica e promoveram paradigmas educacionais de Terceiro Mundo.Os resultados não podiam ser outros. Como na economia, estamos agora em estado comatoso no ensino e iniciamos o ano em letargia de fim de ciclo, de que só poderemos sair com mudança de Governo e de políticas e regeneração do estado anímico do corpo docente.
(...)
A burocracia sem limites, ditada por uma visão napoleónica da escola, sustentada por uma produção normativa diluviana e recheada de formulários burlescos e sem sentido, envolveu os docentes numa cultura de inutilidade kafkiana, que lhes deixa cada vez menos tempo para ensinarem. Alguns continuam a contestar. Mas a maioria aceita, conformada.As consequências de um ciclo político que teve por desígnio vergar e diminuir os docentes aos olhos da opinião pública serão mais nefastas do que aquilo que se pode observar imediatamente.
(...)
Trata-se de uma ruptura grave no equilíbrio tradicional em qualquer quadro de exercício profissional, em que os mais velhos asseguram o enquadramento dos que vão chegando de novo. Sempre assim foi, nos hospitais, nas fábricas, em qualquer organização. Mas, de repente, nas escolas, muitos dos que serviam de referência e ainda tinham muito para dar começaram a partir...

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