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03 março 2010

Isabel Carriço

Faz hoje um mês que recebi um e-mail que achei adorável pelas recordações que me trouxe.
Tinha a sua autora talvez uns dez anos, quando eu saí de Castelo Branco para iniciar os meus estudos em Lisboa… Decorria então o ano de 1953.
Creio que não vejo esta minha interlocutora desde que, também ela, rumou para Coimbra, uns anos mais tarde, em 1960…
E, ao fim destes anos todos, ela teve a bondade de comunicar comigo depois de, casualmente, ter pousado os olhos em algumas páginas do meu Blogue… E lembrou-se também de Castelo Branco… recordou muitos acontecimentos dos tempos das nossas juventudes. Acho que com saudade…
Nem me lembrava do nome desta nossa conterrânea que sempre foi conhecida por nós, mais velhos, pela “filha do Dr. Carriço”
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O Dr. António Tavares Lobato Carriço

O Dr. Carriço foi um médico distinto que exerceu a sua actividade na nossa cidade, a partir dos primeiros anos da década de 40. E desde cedo, exerceu também a actividade de Professor de Ginástica (acho que naquela época era assim que denominávamos as aulas de Educação Física). Neste sector foi colega de um outro médico, mais antigo na profissão, o Dr. Alberto Trindade, também ele, professor de muitas gerações de alunos do nosso Liceu.

Em 20 de Dezembro de 2007, subordinado ao tema “Quem vivia em Castelo Branco…” publiquei um post sobre a rua de Santa Maria, em que me referi às casas, em frente do Centro Artístico, onde viveram o Dr. Lívio Lopes Ferreira, as Senhora Carneiros e os pais do Dr. Carriço. Alguma confusão teria havido, ao fim de tantos anos, na localização exacta que defini para aquelas famílias...
Foi uma rectificação da real morada dessas famílias que a Isabel Carriço fez chegar às minhas mãos, no dia 7 de Fevereiro.
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Trocámos a propósito algumas palavras e achei uma maneira mais eficaz de fazer a emenda sem deixar de manter o erro original…
Com o acordo da Maria Isabel, achei melhor publicar o e-mail que me enviou que a seguir aqui reproduzo:
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“Parabéns pelo seu blog. Gosto muito do que recorda Castelo Branco.
Ao ler no Boletim dos Arquitectos, que o meu marido recebe, notícias relacionadas com Castelo Branco, e como já há uns meses "conheci" o seu blog resolvi esclarecer alguns pontos.
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Sou Maria Isabel Bastos Carriço, nasci em Coimbra, filha mais velha do Dr. António Tavares Lobato Carriço, Médico e Professor de Educação Física em Coimbra e Castelo Branco, quase sempre tratado por António Tavares Carriço, pois Lobato Carriço era o meu Avô que foi Juiz da Comarca e Conservador do Registo Predial de Castelo Branco."


Maria Isabel Bastos Carriço

"O meu Pai, depois de estudante, nunca viveu com os meus Avós Branca da Cunha Tavares Carriço e António Lobato Carriço; teve sim, em determinada altura, o seu consultório instalado no nº 94 r/c por baixo da casa dos Avós.
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Na sua fotografia com a legenda " Em 1º plano, a casa do Dr.Lívio, em muito mau estado", não está correcto, a casa com faixa amarela a toda a volta , foi onde viveram os meus Avós. Recordo-me muito bem dela.
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Passo a descrever o nº 92, porta da entrada no edifício:
No r/chão, as janelas muito degradadas, tiveram como ainda se nota umas lindíssimas grades de ferro chamadas de "barriga"; correspondiam a uma sala que tinha ao fundo dois quartos, onde ficavam muitas vezes visitas ou eu e os meus irmãos quando na nossa casa havia alguma "epidemia" e evitávamos ficar os cinco doentes.
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Ao entrar na porta principal, o chão, os cunhais das portas, um arco do lado direito eram tudo em granito. À direita, subindo dois degraus, um patamar, com ligação interna para o r/c, nº94 – consultório - e o que é hoje outra porta para a rua, era uma janela com grade que iluminava a escadaria de granito até ao 1º andar.
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Para a descrição não se tornar tão exaustiva, limito-me a dizer algo sobre as janelas do 1º andar:
As duas primeiras eram do quarto dos Avós, a terceira do seu escritório que era enorme e onde recebia clientes, a quarta janela era da pequena divisão sobre a escadaria e onde havia um grande cofre com os seus processos. A quinta janela era de uma sala de visitas onde a Avó recebia pessoas mais íntimas, pois o grande salão, onde havia um piano, etc. dava para um terraço de grandes lajes de granito sobre a falada "sala das colunas" pelo Senhor Eng. Manuel Castelo Branco.

Quanto ao Dr.Lívio e suas duas filhas, eram visita de casa dos Avós, quando regressavam a C.B. nas férias. A casa dele é a que vejo na foto anterior com a legenda " A casa das Senhoras Carneiros agora recuperada".
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A casa do Dr. Duque Vieira onde fui muitas vezes pois os meus Pais eram amigos e eu era colega de Liceu, da Margarida a segunda filha, a Benedita era da idade de outra minha irmã, mas não me lembro do nome das mais novas.
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A casa dos meus Avós tinha um grande quintal com acesso à muralha que se estendia a todo o comprimento. Todos os dias, pelo portão da Rua Mouzinho Magro, chegava da Quinta da Féteira uma carroça dirigida pelo Sr. Lourenço que transportava água em vários cântaros e as hortaliças e fazia a sua primeira paragem na nossa casa na Rua J. A. Morão, 53."
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À direita "A casa dos meus Bisavós..." faz esquina com a rua dos Ferreiros.
Constitui um dos topos da Praça Velha com a Casa do Arco onde morou, em 1940, o Dr.Manfredo Nunes Roque, pai do Júlio, da Maria Luisa e da Mariazinha Roque, companheiros de brincadeira por essas alturas...

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"A casa dos meus Bisavós, Pais da Avó Branca é a que está ao lado da Casa do Arco e a casa de família Joaquim Guilherme da Cunha, hoje Arquivo Municipal, que por casamento foi sendo chamada Mota, em vez de Cunha. Brinquei tanto nos jardins dessa casa e era nos salões onde fazíamos ensaios de danças com a prima Maria de Lurdes da Cunha Mota (Russinho).
A Bisavó chamava-se Maria Cândida Leite da Cunha casada com Rafael Sousa Tavares, Coronel - Médico.
A minha Avó Branca era irmã de José da Cunha Tavares pai do Henrique, Manuel Augusto, M. Cândida e Maria Elisa."

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O Henrique Tavares, de escuro, à varanda da casa referida pela Isabel, com o colega e amigo de longa data Rui Blasco, assistem à Serenata da Romagem de Saudade de 2005 (26 de Maio). Ambos ainda "frescos" como sempre foram...

A casa de família Joaquim Guilherme da Cunha,
hoje Arquivo Distrital, referida atrás.

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"O meu Avô António era do Rosmaninhal e as famílias Carriço, Goulão e Cerejo são todas aparentadas.
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Se puder ser útil em alguma coisa mais.
Os meus cumprimentos
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Maria Isabel Bastos Carriço Araújo Branco"

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A Isabel Carriço terminou o curso do Liceu em Castelo Branco no ano de 1959/60 e surge no Livro de Despedida numa bela caricatura do nosso saudoso Amigo Amado Estriga, cujo traço é precioso

Foi assim que, em 1960, o Estriga viu a "filha do Dr.Carriço"
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Amado Ramos Estriga,
em 12 de Junho de1994

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(...foi com prazer que vi o traço característico do saudoso Amigo Amado Estriga como autor desse trabalho. Coisa que, como sabe, ele raramente fazia…)

A Isabel teve a amabilidade de enviar-me algumas fotos "daquele" tempo... Reconheci muito pouca gente... mas reconheci alguns!

"Quanto à foto do Liceu que me pediu, em vez de lhe enviar uma só minha, acho graça enviar um grupo, pois muita gente se pode rever nela. Foi tirada no dia 30/12/1959 na festa de anos da Inês Mansinho, no Hotel de Turismo. Eu sou a primeira do lado direito, à frente, entre o Quim Pinto da Rocha e o José Luís Alçada."
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Por minha conta identifiquei o António Morais, de óculos. na primeira fila, atrás de quem está um filho do Dr.Albano Pina. Fico na dúvida sobre a identificação da primeira figura feminina, à esquerda na primeira fila... Parece-me a Teresa Marçal Grilo. Será?!
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Numa segunda fotografia, ainda mais antiga, eu fico ainda mais atrapalhado... Diz a Isabel: "Vai também (não sei se conhece) a fotografia das alunas do Colégio de Nossa Senhora do Rosário (ainda na Avenida Nuno Álvares) talvez de 1951. O João José vai reconhecer certamente muita gente, mas se precisar de ajuda...
Eu estou em pé na 4ª fila do lado esquerdo e a minha irmã Amália do lado direito, sentada, na 3ª fila. Proponho-lhe esse exercício...

As Alunas de "Nossa Senhora do Rosário"
1951
O desafio?!... Parece que o perdi!...
Creio ter identificado apenas a Zeca Carvalhão (à direita na 6ª fila a contar de baixo), a Brasiel (à direita na 4ªfila, também a contar de baixo, atrás da Amália Carriço) e a malograda Maria Luisa Goulão (primeira à esquerda, na 5ªfila a contar de cima).
Haverá concerteza mais algumas conhecidas... mas eu não chego lá!...
Tenho de ter uma ajuda da Isabel. Cá fico à espera...

3 comentários:

maria Teresa Goulão disse...

A minha mãe. A minha mãe. Bem haja

maria Teresa Goulão Romãozinho

Unknown disse...

Gostei imenso de ler a memória recente e antiga da Isabel Carriço. Fomos colegas e amigas no antigo INEF (nessa altura usava o nome de solteira - Aleixo) e gostaria imenso de voltar a contactá-la. Será que posso ter o contacto dela? Para já, aqui fica o meu
email: aaleixosimoes@gmail.com
Telemóvel: 963039726
Desde já os meus agradecimentos

Anabela Simões

Unknown disse...

Queria expressar o meu profundo aradecimento por ter proporcionado o contacto com a Isabel carriço.

Anabela Simões