Edouard Manet
1832-1882
.
O escândalo à volta de Manet aumenta com a apresentação de Olympia. Pintado em 1865. Com esta obra, porém, Manet deu mais um passo em frente na direcção propriamente impressionista. Dos museus nada mais resta do que uma pálida memória: talvez a da Maya Desnuda, de Goya, e da Vénus de Urbino, de Ticiano, reproduzida pelo artista uns dez anos antes, no tempo das experiências juvenis. Agora, Manet escolhe exactamente o tema da odalisca, que sempre interessara de certo modo aos artistas do século XIX, dando-lhe, porém, uma versão inteiramente pessoal. Elimina decididamente o modelado e exalta em contrapartida os contornos que, perfeitamente delineados, esfumam a consistência volumétrica. Dada a ausência da ilusória trama das sombras, as formas destacam-se com nitidez e as cores adquirem esplendor invulgar. É muito provável que Manet não tenha sido insensível à influência das estampas japonesas que nesses anos começaram a circular em Paris, sobretudo para gosto das elites. É bem verdade que considera a obra de arte como um espaço destinado a colher uma orquestração de cores. Com a Olympia impõe-se, deste modo, a concepção da art pour l’art. A introdução da criada negra, para além de revelar o gosto pelo exotismo, bastante espalhado naquele tempo, na linha de Delacroix e Baudelaire, justifica-se como mancha de cor escura necessária à economia do quadro.
Cfr. Carlo Munari
In “Grandes Museus do Mundo”
Ed.Verbo – Setembro/1973
Cfr. Carlo Munari
In “Grandes Museus do Mundo”
Ed.Verbo – Setembro/1973
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