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21 novembro 2008

Seria trágico...

O “espaço” ocupado hoje pelo Professor Carlos Fiolhais, no meu jornal, é mais uma vez digno de ser lido de ponta a ponta…

Carlos Fiolhais

Deixo apenas alguns apontamentos “em sublinhado”… mas convinha que o lessem na íntegra pois tem muito para meditar.
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Deu-lhe o título de “O monstro da 5 de Outubro”.
Não!... Não!... o “monstro” a que o Professor se refere… não é propriamente o mesmo em que o meu leitor estará a pensar… Carlos Fiolhais é um Homem inteligente e educado. Seria incapaz de tal vileza…
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Como sub-título, provavelmente da responsabilidade do jornal, aparece o seguinte:
Seria trágico se um processo que pretende assegurar
a qualidade acabasse afinal com ela.”

“A palavra "monstro" para designar o Ministério da Educação é muito anterior ao mandato dos actuais ocupantes da 5 de Outubro.”
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“Os professores, que, na sua esmagadora maioria, marcharam em protesto em dois fins-de-semana sucessivos (num com e no outro sem sindicatos) pelas ruas de Lisboa, vieram dizer uma coisa muito simples: querem ensinar sem o monstruoso sufoco de que são vítimas. De facto, ensinar é o que sabem e gostam de fazer e é, aliás, o que é preciso que eles façam. O ministério devia querer isso deles, mas a palavra parece banida do seu vocabulário. Se ele quisesse ensino, então precisaria mesmo deles, pois não há, obviamente, ensino sem professores.”
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Entre os professores, os melhores são os mais precisos. Para o seu apuramento é mister um processo de destrinça e de recompensa. Quero crer que a maioria dos docentes aceita um método de avaliação sério e competente, mas esse método terá pouco a ver com o caos que, burocraticamente, o monstro está a instalar nas escolas.”
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“Por outro lado, parece-me claro que os sindicatos não querem avaliação nenhuma, quanto mais não seja porque muitos dos seus dirigentes já não ensinam há muito tempo, e ficariam decerto chumbados se a qualidade do ensino fosse o factor decisivo na avaliação. O Governo tem todo o direito de combater os sindicatos. Mas já não tem o direito de confundir os sindicatos com os professores e de agredir indiscriminadamente os segundos descarregando a sua raiva aos primeiros. Governo e sindicatos são dois monstros em luta pelo poder e nem professores nem alunos deviam ser vítimas dessa luta.”
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Muitos dos melhores professores, para preservar a sua saúde mental, estão a abandonar a profissão, com manifesto prejuízo da qualidade do ensino público. O ministério, ao deixar que os melhores se afastem, comete um erro que irá custar caro a todos nós.
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“ De realçar que, ao arrepio de falsas divisões que foram cultivadas, os pais confiam nos professores e estão com eles. A Associação de Pais do D. Maria foi bastante clara: "Não queremos que esta escola perca a qualidade que tem".
Seria trágico se um processo que pretende assegurar a qualidade acabasse afinal com ela.
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São palavras sábias de um Professor universitário

1 comentário:

Unknown disse...

Os professores acham injusta a avaliação e reclamam os seus Direitos. Os professores não querem burocracia, apregoam que não vão ceder, pedem aos alunos que se juntem à sua luta.
Senhores professores, e quantas vezes se juntaram vocês à luta dos alunos? Em quantas manifestações pelos direitos dos alunos participaram? Sabem que um aluno com 19 valores a todas as disciplinas pode ficar de fora da faculdade de medicina por não ser um “Ás” a Educação Física?
E os vossos direitos, por que razão hão-de ser diferentes dos outros? Porque razão hão-de ter horários reduzidos? A vossa profissão é altamente desgastante? Acreditem que existem bem piores. Aliás ouso dizer que não me importava minimamente de ter vida de professora, ter férias como só os estudantes têm, ficar em casa aos fins-de-semana, no Natal, na Passagem de Ano, ter os dias do Carnaval, na Páscoa, e as férias de Verão (Ah! As férias de Verão!). Juntemos ainda a tudo isto a facilidade com que um professor falta às aulas (sim, não são todos mas saí da escola não há ainda tanto tempo assim e lembro-me bem como era bom ter feriados, durante semanas seguidas a determinadas disciplinas). Sabem o que acontece se num qualquer outro emprego faltarmos como alguns professores faltam? Acontece que a porta da rua é a serventia da casa e que sem darmos sequer conta estamos com um pé de fora em direcção ao desemprego.
Mas não, a vida dos professores é que é difícil. Têm que preparar aulas e ver testes, os alunos são cada vez piores, insubordinados, mal-educados, os piores dos últimos 20 anos. Não é isto que repetem vezes sem conta a cada uma das turmas que têm?
Senhores professores, ponham os olhos no resto do país. Vejam quantas mães não vêm os seus filhos por trabalharem por turnos, vejam quantos pais não vêm essas mães porque acumulam mais que um emprego para fazer frente aos encargos familiares.
Deixem-se de lutas infundadas e aceitem ser iguais aos outros e dêem-se por felizes pela situação privilegiada que têm.