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23 novembro 2007

Habitação Social em Setúbal...

Estávamos em 1970...

A Habitação Social crescia em vários pontos da cidade e, com custos irrisórios, os beneficiários viam melhoradas as suas condições de vida.
Vem a propósito relembrar, a partir de uma publicação dos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Setúbal, editada em 19 de Setembro de 1970, as preocupações do Município no que respeita a "O problema Habitacional de Setúbal" e à construção de Habitação Social.

(...)
"... A Câmara mobilizou todos os terrenos que lhe pertenciam e iniciou uma política de aquisição de vastas zonas, na periferia da cidade, onde os custos não fossem muito elevados.
E como não era possível construir directamente, por falta de meios materiais, resolveu enveredar pelos seguintes caminhos:

1. Cedência de terrenos à Federação das Caixas de Previdência, Junta Central das Casas dos Pescadores e a todas as Instituições dispostas a construir bairros de rendas económicas;

2. Venda directa, maciça, com dispensa de hasta pública, a todos que pudessem beneficiar da Lei Nº2092 e Dec.Lei Nº44645, de lotes com projectos aprovados, tanto para moradias unifamiliares como para prédios em propriedade horizontal;

3. Facilitar a iniciativa particular, promovendo a rápida execução de estudos de urbanização, alargando a área urbanizada e apreciando os respectivos projectos sem a menor demora;

4. Construção de casas pré-fabricadas, para alojamento imediato de famílias deslocadas por obras de urbanização.
.
E não há dúvida, que em cinco anos muito se conseguiu com a orientação adoptada."

Quanto ao nº1, os resultados são francamente animadores.

Centro Residencial Marcelo Caetano (1ªfase)

" A Câmara cedeu mais de 5 hectares de terreno, magnificamente enquadrado, onde foi construído um bairro com 391 fogos e 6 estabelecimentos comerciais (1ªfase do Centro Residencial Marcelo Caetano, inaugurado em 19 de Setembro de 1970)

Para a construção da 2ªfase deste Centro Residencial, a Cãmara apresentou já outro terreno com cerca de 5 hectares onde vão ser construídos 410 fogos, cujo estudo está bastante adiantado."

Junta Central da Casa dos Pescadores
Bairro dos Pescadores
.
Para construção nos terrenos anteriormente cedidos pela Câmara e onde se encontravam já edificados os 188 fogos do Bairro dos Pescadores, aguardava-se nesta altura (Setembro/1970) a adjudicação de mais 224 fogos que constituem a 2ªfase.

Quanto ao nº2 (venda directa a quem pudesse beneficiar da Lei nº2092 e Dec.Lei nº44645) verificava-se que "havia suscitado o maior interesse por parte dos beneficiários, pois tem a vantagem de proporcionar a obtenção de casa própria, o que representa para além da resolução de um problema de momento, a constituição de uma poupança."

1ª zona de Expansão do Casal das Figueiras - Autoconstrução
O Bairro Novo do Viso

Os terrenos eram vendidos em zonas devidamente enquadradas no Plano de Urbanização da cidade, a preços que variavam entre 3.000$00 (15 euros) e 16.000$00 (80 euros) por fogo [Atenção! Não era por metro quadrado!...], com projectos fornecidos pelos Serviços Técnicos da Câmara, preço este que é relativo ao terreno e parte da urbanização, sendo os custos das redes de água e electricidade suportado pelos proprietários das casas, em prestações que podiam ir até trinta e seis.

Ali mesmo em frente, o miserável bairro do Casal das Figueiras iniciava agora um processo difícil de reconversão... não sei se já terminado.
(Foto obtida em 3 de Junho de 1970).

.No outro extremo da cidade nascia um outro pólo residencial para famílias de parcos recursos, em tudo semelhante àquele que se desenvolveu no Viso. Estava lançado, a meio do ano de 1970, o Bairro do Peixe Frito e. um pouco mais tarde, um outro Bairro com as mesmas características, nascia, um pouco mais adiante, no sítio da Terroa.

O Bairro do Peixe Frito, em plena construção.


Era nos fins de semana que famílias inteiras construiam a sua futura vivenda


Nesta altura, estavam em construção 200 fogos no Peixe Frito...

...e na Terroa começavam as terraplenagens para mais 80 fogos

Construía-se também a Praça Olga Morais Sarmento com 80 fogos, muitos dos quais para residências comprada ao abrigo da lei nº2092 e Dec.Lei nº44645.

Praça Olga Morais Sarmento, apenas com a metade a nascente em construção.

. Um pouco mais à frente construiram-se alguns lotes do aglomerado urbano que foi conhecido por Fundação Salazar, com 200 fogos, alguns deles com frente para a actual Avenida Infante D.Henrique.

Futura Avenida Infante D. Henrique.

(Todas as fotos foram obtidas em Setembro de 1970)

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