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04 fevereiro 2007

Vicente Sanches

Vicente José Sanches Vaz Pardal

Uma longa memória me liga ao Vicente Pardal que se inicia na Escola Primária em Castelo Branco quando o conhecíamos por Gica e morávamos então na mesma rua... onde ele ainda vive actualmente.

Vicente Sanches

Chegámos juntos ao 7ºAno do Liceu em Castelo Branco. Ele, na área das Letras, penso que na alínea e), já que pensou seguir Direito. Terá sido posterior a sua orientação para as Filosofias…

Consta no Livro de Despedida do Liceu, em 1952/53.
Com uns versos do António Amílcar da Silva Pinto,

“Seis livros debaixo do braço, dois em cada mão.
É certo e sabido que só um é de amena leitura;
Os outros: um de Filosofia, três de Literatura
E o resto…o resto é escusado: livros de alemão!

E uma caricatura com o traço do Luís Marçal Grilo:


No verso da página, escrita pela sua mão, uma dedicatória simples:

Traduza os seus sonhos em linguagem real.”

E uma nota, escrita por mim:
“27.07.1953 - “
Dispensou das orais a todas as disciplinas menos em História. Vai para Lisboa.”
.
Em 1963, estivemos ambos no Liceu Normal de Pedro Nunes. Ele terminava em Maio desse ano o seu Estágio pedagógico sob a orientação do Dr.Gilot e eu fazia o meu primeiro ano de Estágio com o Dr.José Gomes Branco.
É dessa altura a foto que vemos a seguir.

Vicente Pardal, na Sala de Professores, do Pedro Nunes.

Onde se realizava uma pequena festa em homenagem aos Estagiários desse ano de 1963.

Em primeiro plano, o grupo do Ciências Naturais: a Maria Teresinha Elisinha de Meneses, o José Gomes Mateus, o jjmatos, a Maria Manuela dos Santos Faria, a já professora Magda Moscoso Botelho, o Metodólogo Dr.José Branco (a espreitar) e a Maria Salomé Pais. Lá mais ao fundo, o Vicente Sanches conversando com o colega estagiário de História e Filosofia, António Mimoso Aragão Figueira de Freitas que, em 1960, foi também professor aqui no Liceu de Setúbal.

Dez anos mais tarde, em Junho de 1973, comemorámos os 20 Anos do Curso Liceal, em Castelo Branco. Sucedeu que inaugurámos nesse dia uma Sala que teve o seu êxito na Cidade de Castelo Branco: o It’s… E são também dessa altura as fotografias que mostram o Vicente Pardal normalmente sociável…

Vicente Sanches, ao centro, enquadrado pelo Chambel e pelo Nunes da Cruz.

Uma 1ªfila com a Ilda Pina Guerra, a Ilda do Carmo Silva, a Conceição Faria, a Mia Pinto Garcia, a Célia Maltez, o Virgílio Vaz e o Manuel Sena Boléo

Uma 2ªfila com o António Salvado, o António Ascenção, o jjmatos, o João Correia Barata, o Eugénio Chambel, o Vicente Sanches Pardal, o José Moura Nunes da Cruz, o Domingos Morgado Duarte, o Manuel dos Santos Luís, o José Serrano Raposo, o Manuel Tavares Monteiro, o Júlio Casaleiro e o Luís Grilo.

Uma 3^fila com o José Castilho Monteiro, o Joaquim Pires Simão, o Vitor Martins da Conceição (mais conhecido por Saludes), o Ilídio da Mesquita Nunes, a Amândio de Azevedo Robalo, o meio encoberto Aristides Alpendre (?) e o Jorge Matos Tropa.

. E a vida foi passando... Um dia, em finais de 1989, recebo no Liceu, aqui em Setúbal, uma encomenda que me foi enviada pelos CTT e continha um belo livro... O Vicente acabava de me oferecer um livro seu, recentemente publicado, onde incluia 10 peças de Teatro de sua autoria.

A capa do livro

A dedicatória

O índice com as 10 peças incluídas

Fiquei encantado com aquela oferta até porque, na altura, o Vicente Pardal era já o Vicente Sanches, um Escritor conhecido e de Valor a quem o realizador Manuel de Oliveira deu mais mediatismo, quando transpôs para a tela, a peça literária, "O Passado e o Futuro" de sua autoria e que foi filmada na Casa Senhorial onde sempre viveram, em Castelo Branco.

"Em 1971 Oliveira relança a sua carreira com "O passado e o Presente". O filme que é considerado o começo da obra fulgurante que hoje conhecemos. Este filme é também o primeiro da tetralogia dos amores funestos... Um ciclo de filmes que marcaram uma geração de realizadores. (...) esta tetralogia é um marco inolvidável no Cinema português. A tetralogia consiste no uso de um tema comum: os amores que se revelam fatais. Amor entre seres, onde o único caminho para este é a morte. Os seres amados só revelam o seu amor com a presença da fatalidade"

(...) "a acção passa-se numa casa apalaçada, que vive por todo o filme. Casa da família de Vicente Sanches, em Castelo Branco. (...) Os personagens percorrem as grande salas e os corredores gigantescos, procurando um espaço para se evadirem dos problemas do amor."

O Solar onde viveram os pais de Vicente Sanches e onde ele ainda vive agora.



Vicente Sanches

Em 22 de Maio de 1992, assinado por Marques Ledo, a “Reconquista” escrevia uma peça jornalística a que deram o título “Vicente Sanches “revelado” aos seus conterrâneos” e um subtítulo “Professor, Filósofo, Dramaturgo”de onde respigámos algumas frases e/ou opiniões:

“…Vicente Sanches grande dramaturgo dos nossos dias com inúmeras obras publicadas, algumas delas postas em cena e cinematografadas.”

“Duas razões a motivar este comentário: primeira, por ser pouco conhecido na sua terra; segunda, porque está anunciada, hoje mesmo, ali na Praça Velha, a representação da sua peça Grupo de Vanguarda.”

“ É professor de Filosofia da Escola Secundária de Nuno Álvares onde é conhecido pelos alunos e professores, O cidadão comum conhece certamente a família Vaz Pardal, mas se na rua lhe apontarem a figura discreta de Vicente Sanches (…) é capaz de encolher os ombros com gesto e expressão de dúvida e interrogação.”

“É um homem que, para além do trajecto inalterável que faz para a Escola, pouco se vê na rua; e quando deambula, é normalmente à noite e sempre sozinho, circunspecto, metido consigo mesmo.”

“Vicente Sanches é um crente praticante. Terá tido problemas de fé, mas estes foram ultrapassados e hoje é um crente convicto e coerente.

“… a peça “O Passado e o Presente” passou ao cinema no princípio da década de 70 pelo realizador Manoel de Oliveira e “A Birra do Morto” foi representada no Teatro Nacional (sala Experimental) e passada depois na TV.”

Vicente Sanches, um dramaturgo consagrado e que muitos albicastrenses desconhecem…”

2 comentários:

JSP disse...

Oh! :)

Ele nunca se apercebeu disso — que eu não deixei — mas adorei tê-lo como professor.

Apesar do estilo duro, ahahah!

E sempre gostei de o ler, mas a jóia das jóias... não a vejo listada ou mencionada.

Contou-me um passarinho, a sua obra «maldita» — mas que belo material, às vezes.

«Maria de Florença» e outros contos... Que delícia! Infelizmente já não sei do livrito.

Talvez o próprio me pudesse «ajudar», mas... mas mas mas!

Oh! (well, whatever, nevermind) :\

Anónimo disse...

Olá boa tarde, eu sou familiar(neta) de Maria Manuela dos Santos Faria, gostava de entrar em contacto consigo.
O meu email é keu.ana.raquel@gmail.com