Vasco Pulido Valente
O eng. José Sócrates, como é sabido e lamentado, anda por esse mundo a pedinchar dinheiro para Portugal. Começou com farroncas de “modernizador” e acabou caixeiro-viajante de nossa miséria. Uma actividade que ele provavelmente considera heróica e a que chama, para consumo interno, “diplomacia económica”: com certeza para não lhe chamar coisa pior. Esta diplomacia parece que lhe permite fazer declarações de amor ao repelente sr. Chávez da Venezuela, o inventor do “bolivarismo” e um populista autoritário, sem educação e sem vergonha. O português, coitado, assiste ao espectáculo caladinho e quieto, porque tem um longo hábito do vexame e porque a experiência histórica já o ensinou que a cavalo dado não se olha o dente. Mas mesmo o português não engole tudo.
.
"O sr. Sócrates"
.
Só que aproveitar uma situação privilegiada para satisfazer uma curiosidade infantil não assenta muito bem num primeiro-ministro, e Sócrates, percebendo isso, arranjou maneira de disfarçar a coisa. O Gabinete dele anunciou tudo ao contrário: afinal era o Buarque de Hollanda quem queria conhecer o celebérrimo e fascinante Sócrates do “Simplex” e do défice. Infelizmente, Buarque de Hollanda desmentiu logo essa versão dourada. O facto é que Sócrates se enfiou à força em casa dele (de fotógrafo à trela) não se imagina porquê nem para quê. Para arranjar um autógrafo, para ouvir a criatura “ao vivo”, para se inscrever no clube dos fãs? Não há maneira de tirar o caso a limpo. A única verdade incontestável é que, por um capricho, o primeiro-ministro abusou do seu cargo e humilhou o país. Para mim, basta.
.
Sem comentários:
Enviar um comentário