No ambito das actividades do Núcleo de Astronomia que na "passagem" do século funcionava na nossa Escola, foi criado um Boletim trimestral que viu a "luz das estrelas" (...e também a luz do Sol, claro!) durante dois anos. Se bem me lembro, saíram oito números... o último dos quais em 1 de Dezembro de 2001. Já eu tinha entrado de "folga permanente"...
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A par de notícias, textos, artigos científicos e outros veículos com interesse para os "aprendizes" de Astronomia que eram os nossos alunos membros do Núcleo, surgia sempre (quase sempre...) uma "Nota de abertura" sobre temas que diziam respeito à comunidade escolar... Sugestões, críticas, gritos de alarme...
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Deixo aqui uma em que relato um "caso" passado comigo no ano lectivo de 1980/81. Ficou escrita no "Boletim nº7", publicado em 01 de Setembro de 2001
Nota de abertura
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No decorrer do ano lectivo iniciado em Outubro de 1980 tive a meu cargo as turmas de Biologia do 12ºAno de Escolaridade, na Escola Secundária nº1 acabada de inaugurar. Eu tinha aceite um convite para um destacamento naquela Escola que ia ser o local onde os alunos em regime diurno iam continuar os seus estudos.
Alunos, das mais variadas proveniências, adaptaram-se com maior ou menor facilidade ao rigor dos novos programas e nem da falta de tempo se podiam queixar muito, já que dispersavam o que tinham disponível apenas por três disciplinas...
Talvez por dificuldades resultantes de um tardio arranque das aulas, talvez por qualquer outra razão que a distância no tempo não deixa recordar, as primeiras classificações apenas surgiram no final do 2ºPeríodo.
Dos muitos alunos que então frequentaram a minha disciplina recordo uma jovem recém chegada àquela Escola, transferida há pouco de uma região interior menos favorecida em condições de aprendizagem e progressão escolares, invadida um pouco antes por uma “famigerada” acção das brigadas de “alfabetização” promovida pelos “militares” saídos da revolução...
Aos testes realizados então, a que qualquer “bom aluno” respondia com classificações acima de 15, e a que qualquer aluno “menos bom” facilmente ultrapassava um “mísero”10, a nossa jovem aluna, carregada de insuficiências de base, deficiente em matérias simples que deviam ter sido “absorvidas” em anos anteriores, incapaz de perceber as mais simples noções concernentes àqueles novos programas, ficava-se regularmente, nos testes, pelos 4(quatro) valores!!
Recordo com alguma mágoa que em dado momento, quase no final daquele mesmo 2ºperíodo, recebi um “recado” proveniente de alguém que há uns meses havia sido colocado, como professor, na minha Escola de origem... na nossa Escola!...
Mandava-me esse “artista”, essa “estrela”, uma “informação” que eu deveria “arquivar” na memória... Mandava-me dizer que ele era Professor efectivo no Liceu e que era familiar de fulana... a tal aluna com graves e irreversíveis sintomas de ignorância...
É claro que eu não o conhecia ainda... É óbvio que também ele não me conhecia mim... Ficou então a conhecer!...
E é aqui que este tão triste episódio justifica a sua evocação neste Boletim de Astronomia.
Na verdade, aquele “recado” foi para mim um choque que me fez “ver as estrelas”...
Como é que se pode não “ver as Estrelas” quando se depara com um acto premeditado de corrupção vindo de um indivíduo que deveria ser um exemplo para os seus alunos, para todos os Alunos desta casa que é a nossa e para toda a comunidade escolar?!...
Podem dizer-me: “Mas essas estrelas que viste há vinte anos... são estrelas do passado!...”
Não meus Amigos!... Essas “Estrelas” ainda agora se podem observar na nossa Escola... no mesmo local do Universo onde pairavam há vinte anos... Continuam a actuar da mesma maneira. Corruptamente... pela defesa das suas “Próximas”...
No decorrer do ano lectivo iniciado em Outubro de 1980 tive a meu cargo as turmas de Biologia do 12ºAno de Escolaridade, na Escola Secundária nº1 acabada de inaugurar. Eu tinha aceite um convite para um destacamento naquela Escola que ia ser o local onde os alunos em regime diurno iam continuar os seus estudos.
Alunos, das mais variadas proveniências, adaptaram-se com maior ou menor facilidade ao rigor dos novos programas e nem da falta de tempo se podiam queixar muito, já que dispersavam o que tinham disponível apenas por três disciplinas...
Talvez por dificuldades resultantes de um tardio arranque das aulas, talvez por qualquer outra razão que a distância no tempo não deixa recordar, as primeiras classificações apenas surgiram no final do 2ºPeríodo.
Dos muitos alunos que então frequentaram a minha disciplina recordo uma jovem recém chegada àquela Escola, transferida há pouco de uma região interior menos favorecida em condições de aprendizagem e progressão escolares, invadida um pouco antes por uma “famigerada” acção das brigadas de “alfabetização” promovida pelos “militares” saídos da revolução...
Aos testes realizados então, a que qualquer “bom aluno” respondia com classificações acima de 15, e a que qualquer aluno “menos bom” facilmente ultrapassava um “mísero”10, a nossa jovem aluna, carregada de insuficiências de base, deficiente em matérias simples que deviam ter sido “absorvidas” em anos anteriores, incapaz de perceber as mais simples noções concernentes àqueles novos programas, ficava-se regularmente, nos testes, pelos 4(quatro) valores!!
Recordo com alguma mágoa que em dado momento, quase no final daquele mesmo 2ºperíodo, recebi um “recado” proveniente de alguém que há uns meses havia sido colocado, como professor, na minha Escola de origem... na nossa Escola!...
Mandava-me esse “artista”, essa “estrela”, uma “informação” que eu deveria “arquivar” na memória... Mandava-me dizer que ele era Professor efectivo no Liceu e que era familiar de fulana... a tal aluna com graves e irreversíveis sintomas de ignorância...
É claro que eu não o conhecia ainda... É óbvio que também ele não me conhecia mim... Ficou então a conhecer!...
E é aqui que este tão triste episódio justifica a sua evocação neste Boletim de Astronomia.
Na verdade, aquele “recado” foi para mim um choque que me fez “ver as estrelas”...
Como é que se pode não “ver as Estrelas” quando se depara com um acto premeditado de corrupção vindo de um indivíduo que deveria ser um exemplo para os seus alunos, para todos os Alunos desta casa que é a nossa e para toda a comunidade escolar?!...
Podem dizer-me: “Mas essas estrelas que viste há vinte anos... são estrelas do passado!...”
Não meus Amigos!... Essas “Estrelas” ainda agora se podem observar na nossa Escola... no mesmo local do Universo onde pairavam há vinte anos... Continuam a actuar da mesma maneira. Corruptamente... pela defesa das suas “Próximas”...
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jjmatos
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