A propósito de uma “manchete” num dos nossos jornais, saído no dia 2 de Janeiro: "Governo tira nome de santos a escolas", José Miguel Júdice escreveu algumas boas “tiradas” na sua coluna de hoje, no Público.
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Ele não acredita que possa ser verdadeira a decisão do governo… Eu também não!
Deixo aqui alguns excertos do seu artigo.
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“Segundo o matutino, na reorganização em curso do ensino básico e secundário, devem ser escolhidos nomes para escolas que aparentemente o não tinham (eram chamadas, em "eduquês", EB, ES ou C+S), podendo ser escolhido um "patrono", o qual tem de ser - segundo diz a lei citada pelo jornal - "uma personalidade de reconhecido valor, que se tenha distinguido na região no âmbito da cultura, da ciência ou da educação, podendo ainda ser alusivas à memória da expansão portuguesa, à antiga toponímia ou a características geográficas ou históricas do local".
(…)
...o jornal escreve que o Ministério da Educação deu "indicação" aos órgãos directivos de que "devem ser evitadas alusões religiosas, como nomes de santos ou santas".
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Afirmo peremptoriamente que isto não pode ser verdade. Apesar de ter do Ministério da Educação a pior das impressões e de achar que sabem pouco daquilo em que se deviam ter especializado (…) apesar disso, não posso acreditar que seja verdade.De facto, os nomes de santos e santas inserem-se perfeitamente nas várias categorias que os burocratas legiferantes definiram para a escolha do "patrono". Sendo assim, a "indicação" só poderia ser o resultado de uma espécie de anticlericalismo serôdio ou de um tonto e ridículo preconceito. Ou exprime a tentativa de riscar da cultura portuguesa os santos que cabem nela (Santo António de Lisboa, por exemplo) ou de uma tonta vontade de retirar a letra S, ficando então as escolas a chamar-se Vila Real de António, Pedro de Muel, Comba Dão, Ilha de Jorge, Teotónio, Rainha, ou nomes quejandos.
(…)
Esta notícia é, por isso, seguramente falsa. Mas (…) creio, aliás, que além de mim - que sou desconfiado ... - nenhum leitor duvidou que correspondesse à verdade.E isso é que me preocupa.
Sou católico, mas não clerical e tenho com a estrutura da Igreja Católica divergências suficientemente significativas (…) para não ser praticante. Em todo o caso, não poderia deixar de lavrar um forte protesto contra o Governo, se esta "indicação" fosse verdadeira.
Será que a notícia é verdadeira?
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José Miguel Júdice
Advogado
04 janeiro 2008
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