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06 janeiro 2008

Beira Baixa - Notícias de 1954 - Novembro

6 de Novembro
Vida Social
Eng. Bartolomeu Franco Frazão
O senhor Bartolomeu da Fonseca Coutinho Franco Frazão que há algum tempo se licenciou em Ciências Matemáticas, concluiu agora o curso de Engenheiro Geógrafo.
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Dr. Rui Penha
Com alta classificação concluiu a licenciatura em Medicina, o Sr. Dr. Rui dos Santos Penha.
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Licenciatura em Matemática
Pela Universidade de Coimbra foi licenciada em Ciências Matemáticas o Sr. Dr. Domingos dos Santos Rijo.
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13 de Novembro
Recordando o passado "O Daniel Dias de Matos"

Uma crónica do Dr.Jorge Seabra
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13 de Novembro
Em 6 de Novembro de 1954
A Cidade de Castelo Branco foi vítima da maior catástrofe de que há memória.
Um terrível furacão transformou a parte nova da cidade num vasto campo de dor e lágrimas, de ruínas e destroços.
"Faz hoje oito dias que caíu sobre esta sempre progressiva cidade a maior catástrofe de que há memória. Pelas 12 horas e 45 minutos escureceu o firmamento repentinamente e um tremendo furacão, acompanhado de chuva diluviana, reduziu, apenas em 30 segundos, a parte nova da cidade a um amontoado caótico de destroços.

Voaram as telhas e madeiramentos, rebentaram as caixilharias e portas, estilhaçaram-se vidraças das janelas e das montrasm as estruturas metálicas dos armazéns e oficinas transformaram-se num amontoado de ferros torcidos. Houve edificações que ruiram pelos alicerces. As árvores caíram e ficaram devastados os jardins. No ar, a dança demoníaca do vento em redemoínhos velozes e gigantes arrastando na sua fúria tudo o que estava ao seu alcance. Eram árvores, pedaços de móveis, bancos dos passeios, madeiras, pedras, telhas, tijolos, pedras, louça partida, pedaços de cortiça a rodopiarlevantados no ar e despedidostragicamente. Automóveis e camionetas eram levantados no ar e despedidos sobre os terrenos e contra as paredes das edificações como se fossem brinquedos infantis.
Ficaram desmantelados os estabelecimentos comerciais e o vento, na sua ira avassaladora, arrastou não se sabe para onde os recheios das habitações. Caíram os postes de iluminação e dos telefones, feitos de ferro e cimento armado, e as redes respectivas eram dali a nada montes de fios metálicos emaranhados.
Passado o furacão, a chuva torrencial continuou a obra de desvastação. Montes de destroços pelas casas, edifícios públicos, oficinas, nas ruas, avenidas e alamedas.
Depois um pesadelo colectivo, lágrimas e um silêncio aterrador.
Duas centenas de sinistrados foram levados nas ambulâncias e carros ligeiros ao Hospital da Misericórdia e às Casas de Saúde e ainda outros iam ao colo ou às costas às casas dos médicos ou às farmácias.
Duas alunas do Liceu, dois rapazes e uma pobre criança ficaram a dormir o sono eterno -- vitimas da tragédia imprevista. Nos semblantes de todos ficou a penas a máscara da dor.
Pelos campos vizinhos também a desolação e o terror."
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"O estranho fenómeno desenvolveu-se no sentido de um eixo que se pode fixar entre Montalvão e a Parrela, de sudoeste para nordeste, uma largura aproximada a 280 metros."
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__Foi assim que a Beira Baixa descreveu o fenómeno meteorológico ocorrido em Castelo Branco, no início do mês do Novembro.
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20 de Novembro
Depois da catástrofe Castelo Branco trabalha, sem descanso, para retomar brevemente o seu honroso lugar entre as outras cidades portuguesas.
"Já lá vão quinze dias passados depois da mais dura provação por que passou a nossa querida cidade! Castelo Branco, afanosamente vai curando as chagas abertas nas ruas e nas casas. Só nos campos tardará mais a cicatrização daas mazelas.
Os feridos vão melhorando, graças a Deus, e são já poucos os internados e Casas de Saúde. Não esqueçamos os mortos e rezemos pos Eles!"
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Assim começava o o artigo de fundo intitulado "Meditação".
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27 de Novembro
Castelo Branco reergue-se admiravelmente.
"Depois dos votos de pesar pela horrível catástrofe sofrida por Castelo Branco que nos vieram das mais variadas e longínquas partes, estão a chegar, e recebem-se a cada hora, votos de parabéns pelo extraordinário e entusiástico trabalho de reconstrução que, em forma realmente admirável, mudou já, de certo modo,a face da tragédia.
Sabe-se que entre tantos males e sofrimentos, alguns há que, infelizmente, não têm remédio, mas perante uma catástrofe da envergadura da que nos atingiu, colhem-se certos motivos de reconforto em boa conta."
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27 de Novembro

Vida Administrativa
Constituição da Vereação camarária eleita

Na quinta-feira passada, dia 25, reuniu no edifício dos Paços do Concelho o novo Conseho Municipal para verificação de poderes dos seus membros, eleição dos Secretários e da Vereação para o quadriénio de 1955-1958.
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Para Secretários do Conselho Municipal foram eleitos os Srs.Manuel Jaime da Costa Roxo e José Eugénio da Gama Fazenda.
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A Vereação camarária eleita ficou assim constituída:.

Efectivos
Abílio Neves Tavares, industrial
Artur Domingos Ribeiro, comerciante
Francisco José Palmeiro, licenciado em letras
José Maria Valente, engenheiro agrónomo
Severino Martinho, empregado de escritório
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Substitutos:
António Ribeiro Russinho, agente técnico de engenharia
Domingos dos Santos Pio, industrial
Joaquim dos Santos Boiada, professor primário
José António da Conceição, oficial do exército
José dos Reis Sanches Júnior, proprietário
Martinho Gama, comerciante.

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