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17 março 2013

Um "chico esperto"...

Há cerca de um mês foi muito comentada na imprensa a intervenção de um qualquer “Francisco Inteligente” (1), que é deputado do PSD, pelo círculo da Guarda.

Claro que o “deputado” ficou um pouco mal visto, quer pelos seus pares no hemiciclo quer por todos os infectados pela “peste grisalha” que enchem sem esperança todos os cantos deste país…

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Há frases que amarram os seus autores até para lá do fim dos seus dias… Mas esta rapaziada irresponsável nada sabe de história… nem recente nem antiga, pois se assim fosse, este rapaz da Guarda, deveria ter-se lembrado do episódio em que estiveram envolvidos, em 3 de Abril de 1982 (há já mais de 30 anos!… Ó Carlos, tu nem sabes como é que o tempo passa tão depressa!...), o deputado João Morgado e a escritora, também sua colega no hemicíclo, Natália Correia.

Ainda hoje, João Morgado se deve ressentir da insensatez que revelou então no hemiciclo. É uma pena não existir hoje uma Natália Correia, ela própria então já atacada pela “peste grisalha” de que este "erudito” fala agora…

Ao jovem deputado Carlos Peixoto eu deixo um conselho… Pense duas vezes antes de bolçar baboseiras! Olhe que a peste de que tanto se queixa chega mais depressa do V.Exª poderá pensar! Ponha-se a pau…

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(1) A expressão “Francisco Inteligente” corresponde a uma  tradução, cheia de delicadeza e muito educada, da expressão portuguesa muito popular e vernácula de “Chico Esperto”…

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O deputado em questão... Carlos Peixoto, de seu nome.

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Uns dias mais tarde, em 25 de Janeiro, o jornalista Ferreira Fernandes, deu-lhe resposta, num artigo a que deu o título "É grátis atirar pedras a velhos", que reproduzo.


Ferreira Fernandes

 

"Porque me doem as cruzes, a figadeira já não é a mesma e... e... ai, queres ver que me esqueci do que estava a dizer... ah, já me lembro! Porque há razões para isso, só agora vou escrever sobre um assunto que veio à baila há duas semanas. Carlos Peixoto, deputado pela Guarda, deitou crónica no jornal i. Onde escreveu: "A nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha." E acabou assim: "Se assim não for, envelhecemos e apodrecemos com o País." O resto do texto era sobre não nascerem portugueses suficientes, o que é facto, mas escrito por ângulo insultuoso para os idosos. Daí as tais duas frases em que, aos velhos, o deputado colou as seguintes ideias: contaminar, peste e apodrecer. Ele disse e foi silêncio. Na semana seguinte, Peixoto disse que quem aceita "o casamento homossexual pode também vir a aceitar o casamento entre irmãos, primos directos ou pais e filhos...". Foi um escândalo. Ora num país que já foi governado por D. Maria I, casada com o tio, o que deu com que o seu filho, D. João VI, fosse primo direito dela e sobrinho-neto do pai, D. Pedro III, comparações tão tolas como a do Peixoto deveriam levar ao sorriso. Mas foi um escândalo, porque com a sua tolice Carlos Peixoto indispôs-se com poderoso lobby.o insulto à peste dos apodrecidos velhos passou incólume... E Carlos Peixoto apresentar-se-á fresco às próximas eleições, na jovem Guarda, terra de ganapada, maternidades prenhes e liceus à cunha."

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Ó Peixoto... escusavas de ouvir isto!...

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