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09 março 2013

Museu do Prado...

O Jardim das Delícias (tríptico)
Hieronymus Bosch
1450 – 1516
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A Criação - O Jardim das Delícias - O Inferno
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O tríptico chamado O Jardim das Delícias constitui a obra-prima de Bosch. Sobre os volantes estão representados a Criação e o Inferno. A grande tábua central representa O Jardim das Delícias e é vulgarmente chamada “quadro do medronheiro” ou dos “morangueiros”, por causa da quantidade de grandes morangueiros que aí figura. O famoso escritor Frei José de Sigüenza explica o significado recôndito da composição, que é os homens tornarem-se semelhantes a animais por culpa da sensualidade: o cortejo humano bestializado move-se ao redor de uma pista, em que grupos de meninas tomam banho e se pavoneiam; ao fundo, distinguem-se ridículos monumentos erguidos à vaidade humana.
Na Criação, Adão e Eva aparecem juntos com o Criador diante de uma árvore, talvez a Árvore da Vida de que fala o Génesis, entre uma fauna e uma flora exuberantes.
A mais interessante é talvez a tábua da direita, representando o Inferno. Em primeiro plano, pequenas cenas alegóricas relativas aos sete pecados mortais: a luxúria, nas carícias a uma porca; a ira, numa briga durante a qual é virada uma mesa de jogo; a avareza, que tenta engolir coisas impossíveis. Mais acima, vêem-se instrumentos musicais transformados em objectos terríficos pelos seus próprios clamores ribombantes e alguns condenados a patinar, nus, sobre o gelo. Finalmente, na parte superior, a fantasia do artista toca as raias do delírio, e talvez se trate de um grotesco auto-retrato: distingue-se o rosto de um homem-árvore que se cobre com um tabuleiro, sobre o qual, ao som de uma gaita de foles, marcham seres monstruosos. Aos lados, enormes ovelhas torturadas, e próximo da borda superior, o terror suscitado pelas fábrica que prenunciam a grande indústria dos nossos tempos. Não parece que esta obra genial busque as suas alusões em Dante, mas antes nos poemas irlandeses de Owen e de Tondalus, estudados põe Emile Mâle.
Este tríptico pertenceu a D.Fernando de Toledo, filho natural do grão-duque de Alba, prior da Ordem de S.João; entrou no Mosteiro do Escorial em 1539 e aí ficou até à última guerra civil, sendo então transferido para o Prado.

Cfr. Marco Valsecchi
In “Grandes Museus do Mundo
Ed.Verbo – Novembro/1973

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