As memórias de Eduardo Marçal Grilo.
.Toda a gente sabe que o Eduardo é um "expert" da Volta a Portugal em bicicleta...
... e esta história que o Diário de Notícias hoje nos relata, é uma "estória" que o Eduardo nos contou há muito, muito tempo... mas a que nós também assistimos...
Não sei se este "fraco" do Prof. Marçal Grilo resulta, ou não, de a "desaparecida" vivenda onde residia a família, em Castelo Branco, se situar mesmo em frente da "meta" das etapas que terminavam na nossa cidade, na Avenida Nuno Álvares, mesmo ao lado do Liceu, e de o Pai Zé Grilo facultar, de borla, o seu telefone aos jornalistas mais credenciados dos principais jornais que então existiam ("Bola", "Norte Desportivo", "Século", "Diário de Notícias", etc) e que ali assentavam arraiais muito antes de os ciclistas chegarem à cidade. Há 60 anos não havia as facilidades que hoje existem... não havia telemóveis... nem toda a gente tinha ainda telefone fixo... Era preciso ligar para a Central dos CTT para obter uma quaquer ligação telefónica...Ainda estávamos na época do "troncas"!...
.
.
Eduardo Grilo não perde nenhum final de etapa que ocorra em Castelo Branco... Desde há muitos anos!... Seja qual for o tempo que faça... E ontem esteve um braseiro medonho!... Mas ele não faltou!
.
Vejam o que nos diz hoje o Diário de Notícias, num apontamento do Prof.Marçal Grilo, em artigo de "Opinião":
.
"Quando Langarica cortou a meta ao contrário"
por MARÇAL GRILO
.
Escrevo de Castelo Branco, onde vim assistir à chegada desta etapa disputada entre Moimenta da Beira e a minha cidade. É já uma tradição com alguns anos vir ver esta chegada que a Organização da Prova e a câmara municipal têm vindo a melhorar de ano para ano, tornando-a cada vez mais emocionante e espectacular. A ideia de um circuito atravessando algumas ruas da cidade aproxima ainda mais a corrida dos espectadores, alguns dos quais nem necessitam de sair de casa para ver passar a caravana com todo o seu aparato e colorido.
Castelo Branco é hoje uma cidade muito diferente daquela em que eu vivi até 1959 e que continuei a visitar regularmente até ao final dos anos 90, quando a minha mãe nos deixou e nós nos desfizemos da casa que tínhamos na Av. Nun' Álvares. E falo nesta casa porque era mesmo em frente dela que durante muitos anos ficou instalada a meta da etapa que terminava na cidade. Isto sobretudo a partir dos anos 50, já que ainda me lembro da meta instalada na Av. Sidónio Pais, em 1948, quando o Fernando Moreira ali ganhou para depois vir mesmo a ganhar a Volta desse ano, ou da meta colocada na antiga Av. Marechal Carmona, hoje Av. Humberto Delgado, onde se deu aquele episódio rocambolesco (a que eu assisti de uma janela da antiga Garagem S. Cristóvão) de o Dalmácio Langarica, que foi um dos melhores corredores espanhóis e que nessa época corria entre nós, pelo Académico, cortar a meta ao contrário vindo isolado na etapa que ligou Guarda a Castelo Branco. Cortar a meta ao contrário significou ter-se o Langarica enganado no percurso dentro da cidade e, para quem conhece Castelo Branco, ter falhado o cruzamento em frente do Banco de Portugal e ter seguido em frente em vez de virar à esquerda.
Em dia de Volta a minha casa parecia uma redacção de jornal. Havia um dos jornais do Norte, não sei se o Norte Desportivo, que pedia ao meu pai para utilizar o nosso telefone e passava-se a tarde a ver passar entre a porta da rua e a sala de estar uns ajudantes que traziam ao jornalista principal as classificações e as notícias da corrida para serem transmitidas para o Porto. Tempos idos que hoje, salvo as devidas proporções, nos parecem a Idade Média.
O ciclismo tem destas histórias e é com estas histórias que se faz a história da Volta.
por MARÇAL GRILO
.
Escrevo de Castelo Branco, onde vim assistir à chegada desta etapa disputada entre Moimenta da Beira e a minha cidade. É já uma tradição com alguns anos vir ver esta chegada que a Organização da Prova e a câmara municipal têm vindo a melhorar de ano para ano, tornando-a cada vez mais emocionante e espectacular. A ideia de um circuito atravessando algumas ruas da cidade aproxima ainda mais a corrida dos espectadores, alguns dos quais nem necessitam de sair de casa para ver passar a caravana com todo o seu aparato e colorido.
Castelo Branco é hoje uma cidade muito diferente daquela em que eu vivi até 1959 e que continuei a visitar regularmente até ao final dos anos 90, quando a minha mãe nos deixou e nós nos desfizemos da casa que tínhamos na Av. Nun' Álvares. E falo nesta casa porque era mesmo em frente dela que durante muitos anos ficou instalada a meta da etapa que terminava na cidade. Isto sobretudo a partir dos anos 50, já que ainda me lembro da meta instalada na Av. Sidónio Pais, em 1948, quando o Fernando Moreira ali ganhou para depois vir mesmo a ganhar a Volta desse ano, ou da meta colocada na antiga Av. Marechal Carmona, hoje Av. Humberto Delgado, onde se deu aquele episódio rocambolesco (a que eu assisti de uma janela da antiga Garagem S. Cristóvão) de o Dalmácio Langarica, que foi um dos melhores corredores espanhóis e que nessa época corria entre nós, pelo Académico, cortar a meta ao contrário vindo isolado na etapa que ligou Guarda a Castelo Branco. Cortar a meta ao contrário significou ter-se o Langarica enganado no percurso dentro da cidade e, para quem conhece Castelo Branco, ter falhado o cruzamento em frente do Banco de Portugal e ter seguido em frente em vez de virar à esquerda.
Em dia de Volta a minha casa parecia uma redacção de jornal. Havia um dos jornais do Norte, não sei se o Norte Desportivo, que pedia ao meu pai para utilizar o nosso telefone e passava-se a tarde a ver passar entre a porta da rua e a sala de estar uns ajudantes que traziam ao jornalista principal as classificações e as notícias da corrida para serem transmitidas para o Porto. Tempos idos que hoje, salvo as devidas proporções, nos parecem a Idade Média.
O ciclismo tem destas histórias e é com estas histórias que se faz a história da Volta.
.
*Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian
*Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian
Sem comentários:
Enviar um comentário