Três cientistas receberam o Prémio Nobel da Medicina pela descoberta do mecanismo que protege os cromossomas. (in."Público" , by Ana Gerschenfeld)
Carol Greider, bióloga norte-americana de 48 anos, que trabalha na Universidade Johns Hopkins, em Baltimore.
Carol Greider
Elizabeth Blackburn, 60 anos, nascida na Austrália e investigadora na Universidade da Califórnia;
Elisabeth Blackburn
Jack Szostak, 56 anos, nascido no Reino Unido e a trabalhar na Universidade de Harvard.
Jack Szostak
Estes três cientistas "resolveram um dos grandes problemas da biologia: descobriram como os cromossomas conseguem ser completamente copiados durante as divisões celulares e como são protegidos contra a degradação.
(...) Mostraram que a solução reside nas extremidades dos cromossomas - nos telómeros - e na enzima que governa a sua formação, a telomerase."
Os telómeros são pequenas sequências de ADN que se repetem nas ponta dos cromossomas.
Um telómero (satélite) seg. Albino Fonseca,
In. “Biologia”, ed. Ática – São Paulo 1980
Conhecidos desde a década de 30 do século passado, suspeitava-se que os telómeros desempenhassem um papel protector dos cromossomas, mas o mecanismo através do qual exerciam essa função continuaria sem explicação durante mais umas décadas.
Aliás, o problema começou por se adensar antes de ser finalmente resolvido pelos três laureados deste ano.
Representação esquemática de “telómeros” (num cromossoma em divisão)
seg. A.Berkaloff, Bourguet, P.Favard J.-C. Lacroix
In. “Biologie et physiologie cellulaires - Chromosomes”,
ed. Hermann, éditeurs – Paris 1981
Nos anos 1950, com a descoberta da estrutura da molécula de ADN, quando os geneticistas começaram a perceber como é que os genes são copiados - duplicados - antes da divisão celular, descobriram que existia um pequeno "defeito" no mecanismo de cópia, que fazia com que as pontinhas dos cromossomas não pudessem ser copiadas pelas enzimas encarregadas disso (as polimerases).
Ao sequenciar o ADN de um organismo unicelular, a Tetrahymena, Elisabeth Blackburn constatou que uma pequena sequência de nucleotídeos (CCCCAA) se repetia na extremidade dos cromossomas, em estruturas designadas por “telómeros”
Tratava-se nada mais nada menos do que da sequência característica dos telómeros - mas isso ainda estava por demonstrar.
Em 1980, a investigadora apresentou os seus resultados numa conferência e Jack Szostak teve deles conhecimento. Szostak tinha verificado que quando introduzia pequenos troços de cromossoma de levedura, ou microcromossomas, dentro de células de levedura, estes eram rapidamente degradados, e ficou muito interessado pelo trabalho da sua colega.
Os dois cientistas tiveram então a genial ideia de juntar esforços e de fazer a seguinte experiência: pegar na sequência CCCCAA proveniente deTetrahymena, isolada por Blackburn, juntá-la ao microcromossoma de Szostak e introduzir o conjunto nas células de levedura.
"Os resultados", diz o Comité Nobel, "que foram publicados em 1982, eram notáveis: a sequência de ADN dos telómeros protegia os microcromossomas da degradação. E como o ADN do telómero de um organismo (...) protegia os cromossomas de outro organismo, totalmente diferente, a levedura, isso demonstrava a existência de um mecanismo fundamental até lá desconhecido." Essa pequena sequência "está presente na maioria das plantas e dos animais, das amibas aos seres humanos".
A partir daí, com a sua doutoranda Carol Greider, Elizabeth Blackburn começou a investigar se haveria uma enzima, também desconhecida, por trás da formação dos telómeros.
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