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30 setembro 2009

Ninguém sabe que coisa quere...

Nevoeiro


Fernando Pessoa

Nem Rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço de terra
Que é Portugal a entristecer.
Brilho sem luz e sem arder
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quere.
Ninguém conhece que obra tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ancia distante perto chora)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…
É a Hora!

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in. "Mensagem"
Segunda parte: Mar Portuguez

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