12 de Fevereiro de1809 - 19 de Abril de 1882
Nasceu faz hoje 200 anos.
Faleceu com 73 anos
Charles Darwin
IntroduçãoEm 1794 , na obra "Zoonomia", Erasmus Darwin, avô de Charles Darwin, aceitava que "todos os animais de sangue quente se originaram de um único tronco de vida". Era já, portanto, uma ideia clara de evolução.
Apesar disso, os naturalistas não entendiam que a evolução pudesse ser um processo geral, universal.
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Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829) não apenas aceitou a ideia da evolução como foi o primeiro a tentar explicar os factores que a determinam. Ele achava que o aparecimento de um novo órgão num animal, ou o desenvolvimento de um órgão já existente, decorria de uma necessidade e das pressões internas do organismo em adquirir uma capacidade.
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A teoria de Lamarck assentava em dois pontos básicos:
a - A lei do uso e do não uso.
Os órgãos usados desenvolvem-se e os não usados têm tendência a uma atrofia progressiva, podendo até desaparecer.
b - A lei da transmissão dos caracteres adquiridos
Os órgãos adquiridos no decurso da vida são preservados ao longo das gerações, ou seja, são transmitidos à descendência.
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A teoria de Lamarck, que ficou conhecida como Teoria da transmissão dos caracteres adquiridos, não tem qualquer fundamento científico. Tem apenas um valor histórico.
Foi publicada na sua obra “Filosofia Zoológica”, no ano de 1809.
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Foi nesta ano de 1809 que nasceu Charles Darwin que, 50 anos depois, em 1859, publicou a “Origem das espécies”, obra cujos 1250 exemplares foram esgotados no primeiro dia da publicação!...
Charles Darwin
A teoria da evolução proposta por Darwin tem como ideia básica a Selecção Natural, exaustiva e facilmente observada na natureza.
A selecção natural não é o único, mas é um importante factor que explica o mecanismo evolutivo. Resumidamente, as pequenas variações casuais que aparecem nos organismos fazem com que as suas probabilidades de sobrevivência e reprodução sejam diferentes.
Uma determinada característica, quando presente num organismo, pode fazer com que ele seja mais bem sucedido num certo ambiente do que um organismo que não possua essa característica.
Deste modo, o ambiente actua como seleccionador das características mais favoráveis, em detrimento das outras, que ficam em percentagens mais baixas nas populações, podendo até desaparecer.
Um exemplo elucidativo de selecção natural é o caso da substituição de populações de borboletas “Biston betularia” de cor clara, por populações de cor escura, que ocorreu nos arredores de Manchester por alturas por alturas do desenvolvimento industrial, nos finais do século 18. Fenómeno que ficou conhecido por “melanismo industrial”.
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A localização de zonas industriais nos arredores daquela cidade inglesa e a consequente poluição causada pela queima de combustíveis carbonosos, levou a uma transformação da paisagem constituída por imensos bosques de bétulas. De tronco, muito claro, as bétulas foram adquirindo uma tonalidade cada vez mais escura com a deposição, sobre os seus troncos, de detritos fuliginosos…
Antes da explosão industrial, as populações de borboletas, na Inglaterra, eram constituídas por indivíduos de cor branco-acinzentada, com pequenas manchas negras distribuídas irregularmente pelo corpo e asas.
Variedade clara de Biston betularia em caules claros
Raramente apareciam indivíduos, de cor negra. Sabe-se da existência e raridade desses indivíduos escuros ( melânicos, de melanina ) graças aos coleccionadores de borboletas que se empenhavam muito em conseguir um desses raríssimos exemplares.
Variedade melânica de Biston betulária em troncos fuliginosos
A partir do início do século 19, os tipos melânicos tornaram-se comuns em muitos lugares e chegaram, em alguns deles, a constituir cerca de 83% da população. Nas regiões não industrializadas , continuam predominando os indivíduos claros e são extremamente raros os escuros.
Este fenómeno está relacionado com o facto de os troncos das árvores das regiões industriais se tornarem escuros. Estes troncos, antes esbranquiçados devido à presença de líquenes na sua superfície, foram cobertos pela fuligem libertada pelas fábricas, o que causou a morte dos líquenes e os tornou enegrecidos.
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As aves predadoras destas borboletas passaram a ter mais dificuldade em detectar as suas presas melânicas e a vislumbrar com mais facilidade o local onde pousavam as borboletas claras, nos troncos escurecidos pela poluição.
Indivíduo melânico em tronco claro e indivíduo claro em tronco fuliginoso.
Daí resultou uma maior “esperança de vida”, para os indivíduos da variedade melânica e uma eliminação mais eficiente da variedade clara, muito mais visível pelos elementos predadores... ao contrário do que sucedia anteriormente naqueles bosques ou nos locais sem problemas de poluição carbonosa.
A selecção natural e a posterior descoberta das mutações genéticas são os dois factores básicos do mecanismo evolutivo.
A viagem de Darwin, no Beagle
Em 1831, com 22 anos, como biólogo, Darwin embarcou no navio Beagle, ao serviço da Inglaterra, numa viagem de mapeamento e pesquisas ao redor do mundo que durou 5 anos.
Foi durante esta viagem que recolheu muitos dos elementos que o levaram ao enunciado da sua teoria evolutiva. Conheceu terras, povos, faunas e floras. Nesse período leu muito, escreveu o seu diário de viagem e, o mais importante, colectou tudo o que foi possível, em todos os continentes por onde andou.
As inúmeras observações da natureza, especialmente as feitas nas Ilhas de Galápagos, no Oceano Pacífico, onde estudou as variedades das célebres tartarugas e as variedades dos bicos e da alimentação das pequenas aves Fringillidae (tentilhões), e os trabalhos do economista Malthus sobre o crescimento populacional, acenderam a curiosidade de Darwin sobre os possíveis mecanismos da evolução e origem das espécies.
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in. “A Ciência da Biologia - Genética e Evolução”, Editora Moderna;
Joel de Rosnay
in. “As origens da vida”, Livraria Almedina - Coimbra;
Martho, Amabis e Mizuguchi
in. “Biologia, vol.3”, Editora Moderna;
Jean Génermon
in, “Mutations neutres, mutations selectionnees”,
Science & Vie, de Dezembro de 1990.
Um aniversário feliz, Senhor Darwin...
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