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05 agosto 2009

Escrito no vento...

Pareciam mesmo uns ceguinhos a tocar e a pedir esmola…”
Foi esta a sentença que o Paulo Correia Hormigo teceu sobre a Serenata que acabava de ouvir, já madrugada de 15 de Março de 1952…
A figura do Armandinho (Armando Henriques da Conceição) talvez tivesse contribuído para aquele desabafo…
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Na verdade, o nosso Homem da viola não se apresentou “em bom estado” naquela noite da serenata! Mas nada que estivesse relacionado com a patuscada que teria havido antes… O Armando estava mesmo doente e foi com enorme sacrifício que acompanhou com a sua viola os “cantores de serviço”… esses sim, a precisar de um bom raspanete!
Com uma íngua na virilha, que lhe dava dores imensas, o Armandinho não se podia movimentar… De um lado para o outro, ele deslocava-se aos ombros de dois de nós! E durante o “espectáculo”… havia um banquinho de madeira onde ele podia sentar-se… e olhar para os "bordões" do instrumento sem grande sacrifício…
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Teve tamanho êxito esta "sessão cultural" que ainda hoje, cinquenta e seis anos depois ela é ainda recordada!
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A fotografia que se segue foi tirada nessa noite de 14 de Março de 1953.
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O Armando, de boina enterrada até à testa, "luta bravamente com o instrumento", e está devidamente enquadrado pelo Joaquim Martins Batista (viola) e o Américo Mendes (guitarra), os outros dois instrumentistas daquela Serenata (ambos já "retirados", muito novos ainda, do nosso convívio...)

Em frente da casa da Maria Júlia, na rua Rodrigo da Fonseca

Na primeira fila: Amândio Robalo, Paulo Hormigo, Raúl Capelo, José Serrano Raposo, Manuel Nunes Marques e José Castilho Pereira Monteiro.
Na fila de trás: o António Matias Sequeira, o António Tavares, o Joaquim Pires Simão, o Victor Manuel da Conceição (Saludes), o António Vinagre da Silveira, o Joaquim Martins Baptista, com uma guitarra meio encoberta, o Francisco dos Reis Ribeiro, o Armando Lourenço Rodrigues, o Paralta de Figueiredo, o António Ramalho Eanes, o Américo Mendes com a viola e o jjmatos. Là no meio, com a viola e sentado, o Armando da Conceição.
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Anos mais tarde, numa Romagem de Saudade, reencontrámos o Armando da Conceição. Foi em Maio de 1991

Aqui está ele, "muito bem" enquadrado pelo jjmatos e pelo Luís Grilo, durante uma Recepção aos Romeiros realizada na Câmara Municipal Foi na V Romagem de Saudade, em 22 de Maio de 1971

Vinte anos mais tarde, o Armando Henriques regressou a Castelo Branco, por altura de outra Romagem, a de 1991. E foi convidado para participar numa merecida homenagem que fizeram em Honra da Drª Ludovina Barroso, no dia 7 de Junho desse ano, numa noite magnífica, no Parque da Cidade.

O Poeta António Salvado fez um sóbrio, mas brilhante, elogio da Professora de Físico-Químicas com uma música de fundo dedilhada pelo Armando da Conceição.
A DrªLudovina Barroso, um pouco emocionada,
agradeceu àqueles antigos alunos do Liceu o seu contributo para o brilho da homenagem que esteve ao nível do brilho profissional daquela Professora.

Ludovina Barroso agradece. A colega que foi a "mentora" da
homenagem e a Celeste Capelo aguardam...


O Armando com a sua viola que ainda hoje o acompanha...

Só não consigo perceber uma coisa!!... E logo eu que gosto de perceber tudo o que se passa à minha volta...

Oh! Armando... Porque é que nós te chamámos toda a vida "Armandinho das guitarras"????....

Ultimamente, "cavalgando" esta coisa maravilhosa que é a Internet, e por meio de um Outlook facilmente acessível, tenho contactado com "alta frequência" com este nosso Amigo Armando Henriques da Conceição que tem as suas raízes no Estreito, a terra das "Águias do Mouradal", lá no concelho de Oleiros... E foi a propósito do "post", que tenho guardado para amanhã, que me lembrei do Armandinho e aqui lhe deixo este pequeno apontamento e um grande Abraço.

1 comentário:

Unknown disse...

Bem-haja por recordar a minha segunda mãe... A minha "têtê" está no céu mas deixou muito na terra... Recordar é viver. Bem-haja do fundo do coração, Isabel João (a pequena Becas das Romagens de Saudade)