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09 junho 2009

Jorge Zambujo

No final de Maio recebi um e-mail do Jorge Zambujo.
Fez há pouco 50 anos que ele por aqui andou… E andou por pouco tempo, sim… mas foram quase dois anos que lhe deixaram recordações e saudades.
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“Caro Dr. Matos
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Não fui seu aluno. Frequentei o Liceu Nacional de Setúbal no ano lectivo de 1957/58 e parte de 58/59.
Acabava de chegar do Liceu de Nova Lisboa que iniciara a actividade no ano lectivo de 56/57 onde tudo ainda era improvisado…cheguei a ter 2 professores por período para a mesma disciplina.
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Adorei a minha passagem por Setúbal e ainda tenho saudades da passagem pelo seu Liceu, que apesar do pouco tempo que o frequentei, me deixou grandes marcas, muito especialmente do seu Reitor, Dr. Mendonça e Costa que entre outras memórias que poderei partilhar consigo, me lembro da oferta que fez a todos os alunos, num dia de seu aniversário, o IF (Se...) de Rudyard Kipling, numa tradução de Mayer Garção.
. Reitor do Liceu de Setúbal,
Dr.José de Mendonça e Costa

Agradeço a possibilidade que nos dá de partilharmos as suas memórias pois se recordar é viver, sempre vamos vivendo mais um pouco.
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Aquele Abraço reconhecido
Jorge Zambujo"
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Apressei-me a responder escrevendo algumas palavras de circunstância… depois de ter
pesquisado nos meus arquivos, alguma coisa sobre ele. Descobri a turma onde esteve integrado na sua passagem pelo Liceu.
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“Caro Jorge Zambujo
De facto não foi meu aluno mas… podia ter sido se por cá tem ficado mais um ano ou dois.
Acabei por ser professor, em 1959/60, de muitos dos seus colegas que por cá continuaram como alunos e de quem provavelmente terá apenas uma ideia remota.
Envio-lhe o nome de todos os seus colegas de turma que nesse ano, já tão distante, compartilharam consigo as “agruras” do sistema de ensino de então…
Tomara eu que esses tempos pudessem voltar
Também guardo marcas profundas do Reitor Dr. José de Mendonça e Costa, professor da minha área pedagógica e a quem devo muito do que fui como professor.
Envia-lhe um abraço
O professor
jjmatos"
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O Jorge Zambujo voltou a contactar comigo. Uma mensagem deliciosa que não resisto a publicar aqui.
Poucos alunos se devem lembrar dele já que foi diminuto o tempo que passou aqui no Liceu. E, no entanto, o Jorge Zambujo parece ter retido na sua memória muitos dos alunos e muitas das “estórias” vividas por eles naquele já longínquo ano de 1958/59…
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“Caro Professor

Quero agradecer-lhe o envio da pauta daquela turma do 2º ano do Liceu de 58/59. Apesar do tempo, ainda me recordo de alguns dos colegas:

O Belmiro Carvalheda a quem eu, aos Domingos, ajudava a distribuir palha aos cavalos que se destinavam a abastecer o talho que o pai tinha no mercado do Livramento.
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À esquerda, o Belmiro com o Ricardo Jorge
num encontro de antigos alunos, em 6 de Maio de 2006.

O Mário Baltazar com quem joguei à bola numa travessa perpendicular à Praça do Bocage e próxima da CMS. Julgo que eram dele uns versos com o título “Sou Um Rapaz Valente”.

O Mário Sacramento na Reunião das Bodas de Ouro
da sua entrada no Liceu, no ano de 1956.
Foto tirada em 14 de Outubro de 2006.

O Roosevelt que nos espantava a todos com a velocidade da sua corrida, apesar do seu peso. Era um campeão nos primeiros 30 metros, só que precisava de mais 20 para parar.
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Rui Chora que um dia me tirou o exemplar do jornal do Liceu “O Alvorada”. Após grande corrida apanhei-o no campo de Basquete onde iniciámos uma cena de pugilismo que nem nas coboiadas se via igual. Azar o nosso, estávamos sozinhos e como não apareceu ninguém para nos separar, aquilo foi até cair cada um para o seu lado
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A Madalena Serra, morava para os lados da Praça de Touros, para além de ser a “bonequinha” daquela turma, pelo que vi recentemente no seu blogue, teima em continuar a ser bonita…

A Madalena Serra na mesma Reunião das Bodas de Ouro.
Foto tirada em 14 de Outubro de 2006.

E, mais adiante, o Jorge Zambujo acrescentava:
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“Com esta turma passou-se o seguinte:
O saudoso Dr. Calado foi professor desta turma e contrariamente ao que era habitual nele, acabou por ter que alterar a data de um ponto, pois o sector feminino teve acesso aos enunciados do mesmo.
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Após grandes protestos das meninas, o Dr. Calado disse que isso de terem tido acesso aos pontos não era problema e só alterava a data porque não tinha a certeza de que todos nós teríamos tido acesso aos enunciados. Como prova do que estava a dizer, nós iríamos receber na próxima aula os enunciados dos pontos que iríamos fazer oito dias depois.
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Durante uns dias não se falava noutra coisa no Liceu, o Dr. Calado iria distribuir um ponto aos “gajinhos” para levarem para casa
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Na aula seguinte lá estava o Dr. Calado, como prometera, a distribuir o enunciado do novo ponto, só que o mesmo tinha "apenas" 64 problemas
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De novo se ouvia por todo o Liceu que o Dr. Calado tinha dado um ponto aos “gajinhos” com 64 perguntas, era a matéria toda

No dia do ponto lá estávamos nós a protestar que não havia tempo para resolver tantos problemas. O Dr. Calado lá nos acalmou dizendo que apenas podíamos responder a 4 problemas, só que entretanto mandou-nos alterar os valores de cada problema.
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Resultado: ao todo 4 positivas. Lembro-me que eu e o Belmiro fomos contemplados com um 11 cada um, o que foi uma sorte…
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Noutra altura voltou a perguntar-nos se queríamos levar de novo o ponto para casa. Em coro, saiu um NNNÃÃÃO…

O saudoso Dr. Joaquim Calado

Estou certo que nenhum dos meus antigos colegas que aqui referi se deve lembrar de mim, mas deste episódio já será possível.
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Caro Professor Aquele Abraço
Jorge Zambujo"

É divertido ler estas recordações, contadas pelos próprios, ao fim de tantos anos.

1 comentário:

Unknown disse...

Como neta desse grande Homem e mestre de vida que foi José de Mendonça e Costa, venho -lhe agradecer esta pequena partilha de recordações, nomeadamente a memória da paixão que o meu avô tinha por um dos mais belos poemas de sempre. Obrigada! Tenho muitas saudades dele...
Maria João