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23 julho 2008

..."a glorificação da asneira" !

Num artigo a que deu o título “Os bonzos da estatística e a glorificação da asneira, Santana Castilho apontou de novo os canhões ao Ministério da Educação, a propósito de um relatório da Comissão Europeia.
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Santana Castilho

Diz ele em certa altura:
“A Comissão Europeia tornou público mais um relatório, o quinto, sobre a distância que separa os sistemas educativos europeus do cumprimento das metas para 2010, estabelecidas pela Estratégia de Lisboa, em 2000.
Como Portugal não está bem na fotografia, logo o inefável Valter Lemos se apressou a desvalorizar as constatações de Ján Figel, comissário europeu da Educação, alegando que os números não traduzem a "aceleração" dos últimos tempos. São assim, estes governantes: se os números são bons, loas a eles; se os números são maus, toca a torcê-los.”
Estou farto de relatórios e dos bonzos da estatística, mas socorro-me deste para denunciar a glorificação da asneira promovida pelos pigmeus da política e para clarificar que a "aceleração" de que falam é simples manipulação de números e mistificação de resultados.”
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Mais adiante diz Santana Castilho que:
“… o país não melhora chamando profissional a um ensino de papel e lápis, sem oficinas nem laboratórios, diminuindo exigências ao nível da fraude e diplomando o analfabetismo. Estes cursos, insidiosamente anunciados como o futuro dos nossos filhos e magicamente facilitadores duma entrada na universidade, terminarão com uma desilusão do tamanho da ilusão que vendem.
(…)
Quando os factos lhes caem em cima, julgam que os políticos mudam de ideias e corrigem as políticas? Não! Eles preferem mudar os factos.
(…)
Disse Figel, desvalorizou Valter, que um quarto dos jovens portugueses não sabe ler ou interpretar o que lê. Naturalmente que esse é o resultado da orientação do ensino para a facilidade suprema, para a despromoção do rigor e da exigência que a ministra, secretários de Estado e gurus do eduquês têm promovido. Disse-se que "os chumbos são um mecanismo retrógrado, antigo" e que "facilitismo é chumbar". Disse-se aos adultos que chegou a altura de terem "a escolaridade obrigatória sem frequentar a escola" e aos jovens que podem nem sequer lá pôr os pés que não reprovam por isso. Esperava-se que tais dislates promovessem o saber?
O milagre da Matemática e a farsa dos exames nacionais foram chocantes. A facilidade de muitas provas colheu a unanimidade dos observadores. Mas a ministra diz que são meras opiniões, não sustentadas por factos. Perguntas mal formuladas não são factos. Perguntas a tresandar a ideologia de pacotilha não são factos. Respostas erradas, mandadas considerar como certas, não são factos. Glossários e formulários indigentes fornecidos aos alunos, não são factos. Grelhas paranóicas de classificação, que reduziram a zero a autonomia dos professores, não são factos. Facto é que os 25 por cento de analfabetos funcionais, apontados pelo comissário europeu, são antes os acelerados de Valter Lemos. Luís de Matos não faria melhor!"
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Cfr.”Público”
23.07.2008

Quem anda há muito tempo "nisto" do ensino, este apontamento de Santana Castilho não trás nenhuma novidade...
Bastava darmos conta do número de bons professores que estão a abandonar a carreira antes do tempo devido para descobrirmos a causa deste fenómeno.


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