JMFernandes
(…)
Foi-se instalando o pior dos sentimentos: o de que se fizera sacrifícios para nada ou muito pouco.Esta situação foi acompanhada pela crescente percepção que havia um mundo "deles", cor-de-rosa, protegido, radioso, e um mundo onde a vida se ia tornando mais complexa sem que os diferentes poderes oferecessem perspectivas de saída.
Um dos exemplos mais cristalinos de que há um mundo de ficção e propaganda e um mundo real acaba de ser dado com o "milagre" das notas nos exames de Matemática, um "milagre" que revela antes do mais que há sempre quem seja demasiado zeloso e mais papista do que o Papa: o exagero de "evolução" da sapiência dos estudantes acabou por colocar a nu a grosseria da manipulação.
(…) Ou que o que está a acontecer aos planos de Sócrates não representa qualquer "injustiça" derivada da imprevisibilidade dos mercados financeiros. O mal é e sempre foi mais profundo: nenhum país pode estar bem consigo quando fica para trás, apesar de todos os fingimentos; nenhuma economia familiar resiste quando se chegou a um ponto em que a dívida externa do país já equivale à totalidade do que produzimos num ano. Ora se aqui chegámos não foi nem por causa da subida do petróleo, nem da crise do subprime: foi porque nunca se disse com toda a clareza que não era só ao Estado que faltava dinheiro, era também a um país que não tem deixado de perder competitividade e que não a ganhará com estatísticas forjadas na secretaria.
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