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30 outubro 2010

Um poema de Eugénio de Andrade...


Começou num livro, tal como começam muitas coisas.
Um dia, Hipólito Clemente, da Livraria Opinião (já falecido, tal como a livraria) mostrou a Júlio Pereira um livro que Eugénio de Andrade escrevera a pensar nas crianças: “Aquela nuvem e outras” (1986).
Ele leu-o e parou, extasiado, num dos poemas que recorda agora como “um diálogo entre uma nuvem e um puto”.

Eugénio de Andrade

Vale a pena citá-lo na íntegra:
.
-- É tão bom ser nuvem
ter um corpo leve,
e passar passar.
-- Leva-me contigo, quero ver Granada,
quero ver o mar.
-- Granada é longe, o mar é distante,
não podes voar.
-- Para que te serve
ser nuvem, se não
me podes levar?
-- Serve para te ver.
E passar, passar.

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