1525 - 1569
A Volta da Caça, Inverno de 1565
A Volta da Caça. Inverno de 1565
"A representação das leis que regulam o Universo, às quais os homens e a Natureza que os circunda estão igualmente sujeitos – objecto de uma meditação que impregnou a filosofia do século XVI – é o tema que preside às criações de Brueghel . Nelas, as leis do Universo aparecem como inelutáveis e não permitem a autonomia da individualidade humana. Brueghel vê o homem como um ser anónimo, parte de um mecanismo a cujo curso ele fielmente se adapta. A actividade humana segue cegamente o fluir das estações e, dessa forma, sob o gélido céu invernoso, têm lugar inúmeras pequenas vicissitudes, movimentos humanos que têm pouco maior importância que o voo de sombrios pássaros. No seu “Inverno” Brueghel não pinta vultos individuais e evita, propositadamente, mostrar-lhes a fisionomia, para não dar relevo à individualidade de cada um. As árvores nuas cujos ramos desfolhados se recortam sobre o fundo de um céu invernoso, seguem a mesma lei das figuras humanas, que se desenham, escuras, na brancura da neve. O sentido de uma lei, impressa como um sinete sobre tudo quanto é visível, realiza a forte impressão da ordem cósmica. Dessa forma, com a imagem da Natureza, também a imagem do homem se eleva à grandeza da expressão directa da criação.
A "série dos Meses", de Brueghel, é a realização mais significativa do conceito das leis do Universo. O conjunto dos aspectos da superfície terrestre, a paisagem do mundo, torna-se um cosmos acabado e completo que conjuga o homem e a sua actividade aos movimentos do planeta Terra.
Desta série, que originariamente pertenciam todos à Casa de Habsburgo, permanecem hoje em Viena somente três pinturas, todas elas datadas de 1565."
Cfr. Günther Heinz
In “Kunsthistorisches”
Ed.Verbo – Dezembro/1973
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