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Maria Mendes de Matos
22 Fev 1902 - 16 Mar 2000
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É de Miguel Torga o Poema que escolhi
para aqui deixar hoje, neste Dia da Mãe.
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Mãe:
Que desgraça na vida aconteceu,
Que ficaste insensível e gelada?
Que todo o teu perfil se endureceu
Numa linha severa e desenhada?
Como as estátuas, que são gente nossa
Cansada de palavras e ternura,
Assim tu me pareces no teu leito.
Presença cinzelada em pedra dura
Que não tem coração dentro do peito.
Chamo aos gritos por ti -- não me respondes.
Beijo-te as mãos e o rosto -- sinto frio.
Ou és outra, ou me enganas, ou te escondes
Poe detrás do terror deste vazio.
Mãe:
Abre os olhos ao menos, diz que sim!
Diz que me vês ainda, que me queres.
Que és eterna mulher entre as mulheres.
Que nem a morte te afastou de mim.
in.
"A Mãe na Poesia Portuguesa"
Uma antologia da Albano Martins
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