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17 dezembro 2014

Um poema de Lope de Vega...

...in "A Dama Tonta" - 1613

Lope de Vega
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3º acto . Cena 1
Movido pelo interesse, porque Fineia é rica, Laurêncio abandona a discreta  Nise e dedica à pobre tonta os seus cuidados. Fineia enamora-se e fica a dever ao amor a sua cura.
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Fineia:
                                                                                                    
Amor, divina invenção
de conservar a beleza
desta nossa natureza,
acidente ou invenção!
Que estranhos efeitos são
aqueles que de ti nascem:
as densas trevas desfazem,
põem mudos a falar
e discernir e pensar
os rudes mais rudes fazem.
Não há dois meses, vivia,
aos animais tão igual,
que, em mim, alma racional
parece que não havia:
como animal eu sentia
e crescia como planta;
a razão divina e santa
estava eclipsada. Senti,
quando à tua luz a vi,
que és o Sol quando levanta.
Tu desataste e rompeste
o véu do meu desatino!
Tu foste o engenho divino
que me ensinou; tu me deste
a lua com que me puseste
no lugar em que ora estou.
Mil graças, amor, te dou,
pois me ensinaste tão bem,
que todos quantos me vêem
notam quão dif''rente estou!
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"Nasceu Félix Lope de Vega Carpio, filho de Félix de Vega e de Francisca Hernandez ou Francisca de Cárpio, naturais de Valle de Carriedo, na montanha de Santander, em Madrid, no sítio que se chamou Porta de Guadalajara, na Rua Mayor, a poucos passos da Torre de los Lujanes, no dia 25 de Novembro de 1562, dia de São Lope, bispo de Verona. O pai era estabelecido como bordador de ouro, ofício muito rendoso, naqueles tempos" 
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in. "Gigantes da Literatura Universal"
Ed.Verbo - Fev.1972

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