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22 abril 2010

“A lei da escola segundo o eduquês”

Na coluna “Cartas à Directora
Uma opinião abalizada do leitor
João Cerqueira
Viana do Castelo


João Cerqueira
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"A crónica de Guilherme Valente (20.04) é uma denúncia certeira do estado miserável a que a escola portuguesa chegou.
Mergulhada num clima de indisciplina e violência onde os alunos mais fortes impõem a sua vontade pela força e os pais já não se coíbem de fazer esperas punitivas aos professores, a escola portuguesa tornou-se incapaz de transmitir conhecimentos e formar cidadãos. Em vez disso, atirou para a ignorância, a desqualificação e a exclusão várias gerações.
Apesar dos muitos alertas, o discurso do Ministério da Educação continuou a ser mesmo: está tudo bem, estamos a fazer grandes progressos. Este discurso é complementado com as intervenções de esquerda que, perante os apelos ao reforço dos poderes dos professores, logo brada:”Isto não se resolve com autoritarismos…”, para de seguida propor as inevitáveis equipas multidisciplinares, tidas como panaceia universal para todos os problemas do ensino.
Porém, depois, fica tudo na mesma. Ou será que os rankings internacionais que tão mal classificam a escola portuguesa estão todos errados?
Por isso aplaudo a coragem do cronista ao criticar o prof. Daniel Sampaio, tido como o maior especialista em assuntos educativos e detentor das soluções para o problema. Porque, sem por em causa a competência profissional do ilustre psiquiatra, o prof. Daniel Sampaio também acaba por corroborar o discurso que foi retirando a autoridade aos professores e tolerou, quando não legitimou, comportamentos de vandalismo e violência.
Nos Estados Unidos, os adolescentes que há semanas atrás levaram uma colega ao suicídio foram acusados pelo Ministério Público. Em Portugal, o mais importante é não haver sentimentos de culpa, afirmar que “isto não se resolve com autoritarismos” e, sobretudo, criar boas equipas multidisciplinares. Até que a próxima tragédia aconteça.
Quantos mais alunos, ou professores
, terão de morrer para Portugal se comportar como um país civilizado
?"
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No “Público”
em 22. 04-2010
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Nascido em 1964 em Viana do Castelo, João Cerqueira é licenciado e mestre em História da Arte pela Faculdade de Letras da U. P. Prepara um doutoramento sobre a obra do artista plástico José de Guimarães.É autor dos livros Arte e Literatura na Guerra Civil de Espanha (publicado em Portugal e no Brasil), do romance satírico A Culpa é destas Liberdades, e co-autor da biografia Maria Pia: Rainha e Mulher.

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