Páginas

29 julho 2009

Dalila Rocha

A actriz Dalila Rocha, 88 anos, faleceu ontem de manhã, no Hospital da Ordem Terceira, no Porto.

Dalila Rocha

Dalila Rocha estreou-se aos 33 anos, no TEP, onde permaneceu até 1964 quando foi convidada por Amélia Rey-Colaço para integrar o elenco do Teatro Nacional, "no que foi proibida pelas autoridades de então por ser demasiado à esquerda".

No dia 18 de Julho de 1953, integrou o elenco que inaugurou a actividade do TEP, no Teatro Sá da Bandeira, quando a companhia dirigida por António Pedro (1909-1966) levou à cena três peças, tendo Dalila Rocha sido actriz em duas delas: A “Nau Catrineta”, na versão de Egito Gonçalves, e “Um Pedido de Casamento”, de Tchekov.
.
No TEP, a actriz ficaria uma década, durante a qual se tornou na principal intérprete do grupo. "Foi ela que, ao lado de João Guedes, deu rosto e corpo à revolução estética que António Pedro fez no teatro português na década de 50".
.
Dalila foi a “Antígona” na peça recriada pelo próprio encenador a partir do clássico de Sófocles; foi a “Lady Macbeth” de Shakespeare, foi a “Linda Loman” de A Morte de um Caixeiro Viajante, de A. Miller, foi a “Maria do Mar” de A Promessa, de Bernardo Santareno.
.
Em 24 de Novembro de 1957, tive o ensejo de assistir no Teatro da rua de Sá da Bandeira, à estreia da peça de Bernardo Santareno, “A Promessa”, encenada por António Pedro, que na véspera tinha ali sido estreada. Um ou dois dias depois, esta peça foi retirada da cena por imposições políticas…

Teatro Sá da Bandeira - Maria do Mar - Cena IV do Acto II - 23.Nov.1957

Dalila Rocha foi uma "Maria do Mar" soberba, alinhando ao lado de João Guedes, no papel de "José" e de José Pina, um "Labareda" cheio de caracter.
Em papéis de menor impacto, ali vimos ainda um Ruy Furtado a desempenhar o papel do velho "Salvador" e um Vasco de Lima Couto no papel de um "Padre", já batido pelos anos...
.
A sorte que eu tive ao ter arranjado um bilhete para a segunda apresentação da "Maria do Mar", de Santareno...

Sem comentários: